Artigo – Atentado cometido por um louco?, por Mario Guerreiro

Há alguns dias o candidato a Presidente Jair Bolsonaro sofreu um atentado em Juiz de Fora (MG), a capital nacional dos gays. Um desequilibrado desferiu uma facada no abdômen do político e foi detido logo em seguida pelos seguranças.

Como disse o Ministro Raul Jungman no dia mesmo do atentado, tratava-se de um ato isolado cometido por um lobo solitário.

A Polícia Federal, apenas tinha começado o interrogatório visando à apuração do crime, mas Jungman já havia desvendado o mesmo.

Sherlock Holmes que se cuide! Muita gente pensou logo isso, entendendo que o Ministro tinha dado um pitaco visando a persuadir a opinião pública de que o executante e o mandante do ato criminoso eram o mesmo.

Ou melhor: o mandante era Deus, segundo declarou o tresloucado autor. Em outro contexto, ele diria que estava possuído por Exu. O my dog!

Nada disso! Jungman quando era homem jovem ficou fascinado com o estudo da Fisiognomia  de Lombroso em que este psiquiatra e criminologista descreve as feições do criminoso nato. Para ele e para Jungman, o caráter está na cara. Só não vê quem é cego ou não quer ver!

Embora o lombrosionismo seja alvo de candentes críticas, por carecer de embasamento científico, o fato é que a fisionomia do delinquente se enquadra nos tipos fartamente mostrados e analisados pelo tratado de Lombroso.

Se não é possível demonstrar que sua obra seja científica, também não é possível demostrar que não seja, e isto pela impossibilidade de refutá-la cientificamente. Na realidade, Lombroso está no limbo.

Quem sabe, se com o notável avanço da Genética, Lombroso descerá ao inferno ou subirá ao céu?!

E a razão por estar nesta condição epistemológica é porque a teoria lombrosiana carece de falsificadores potenciais, fator primordial de cientificidade, segundo Karl Popper em Conjecturas e Refutações.

Mas o que é um lobo solitário? Diz a Wikipedia: “Um lobo solitário ou terrorista lobo solitário é alguém que prepara e comete atos violentos sozinho, fora de qualquer estrutura de comando e sem assistência material de qualquer grupo”.

“No entanto, ele ou ela podem ser influenciados ou motivados pela ideologia e crenças de um grupo externo, e podem agir em apoio a um grupo”.

A definição da Wikipedia me parece correta e está de acordo com o uso feito pelo Ministro Jungman, só não parece se encaixar com os fatos até agora conhecidos.

Pouco tempo após sua prisão apareceram quatro advogados na audiência de custódia. So far so good: todo réu confesso, como é o caso do praticante de uma tentativa de homicídio, tem direito a um advogado para defendê-lo.

Se ele não possuir recursos para pagar um profissional, cabe ao Estado apontar um defensor público. So far so good. Porém quem tem pode contratar até quatro advogados destes que atendem seus clientes a jato, tanto sentido no figurado como no literal.

Adélio, este é o nome do facínora, estava desempregado e não era possuidor de recursos como Luladrão, Zé Dirceu et caterva. Mistério profundo! Como arranjou grana para pagar seus defensores, de um dos escritórios mais caros de Minas Gerais?

Nada impede que eles trabalhassem de graça movidos tão-somente por piedade cristã e solidariedade para com um pobre coitado. Nada impede que não fosse este o motivo, mas sim um bilionário que assumisse a despesa em nome dos direitos dos manos.

Ainda que fosse uma ou outra dessas alternativas, permanece um mistério profundo: é sabido que Adélio morava em Montes Claros no norte de Minas, viajou para Juiz de Fora onde ficou hospedado numa pensão por dez dias, coisa que parece fora do orçamento de um desempregado matando cachorro a grito.

Ora, pode ocorrer que o meliante fosse velho amigão da dona da pensão, que não cobrou nem um centavo pela estada incluindo o rango.  Mas ainda consta que Adélio teria feito várias viagens pelo Brasil afora e tivesse frequentado um desses locais de treinamento de tiro.

Ora, ele pode ter viajado de carona em caminhões, apesar de nestes tempos bicudos os caminhoneiros não costumem dar carona nem para uma freira, pois pode ser uma fake hitchhiker com um três oitão debaixo da saia.

Quanto ao treinamento de tiro, nada tem a ver com a arma do crime que era uma afiada faca de churrasco. E além disso, Adélio poderia estar aprimorando sua pontaria, assíduo praticante da caça de macucos, pacas e tatus, muito mais por precariedade alimentar do que por mero esporte antiecológico destruidor de nossa riquíssima fauna.

Com base nesses fatos, há quem tenha levantado a hipótese de que ele pode até ter praticado a tentativa de homicídio sem ajuda de outro(s), mas não sem patrocinadores na sua retaguarda. Os mesmos que pagaram todas as despesas incompatíveis com a renda do meliante.

Há mesmo quem tenha levantado a hipótese de uma ação orquestrada, onde seu(s) maestro(s), diferentemente de Al Capone, Lucky Luciano, etc. nem se preocuparam em contratar um assassino de aluguel para fazer uma queima de arquivo in loco, porque estavam seguros de que os “fanáticos” prosélitos e acólitos de Bolsonaro trucidariam o agressor de seu “Führer”.

Felizmente para uns e infelizmente para outros, a facada não obteve sua finalidade última e membros da Polícia Federal agiram prontamente.

Não só protegendo o facínora de alguns seguidores de Bolsonaro mais exaltados e desejosos de aplicar nele uns petelecos e  cachações, como também conduzindo a vítima ao hospital mais próximo onde foi muito bem atendido.

Resta saber uma coisa: tratava-se de fato de um louco? Bem, de médico e de louco, todos nós temos um pouco. Em sua fala na audiência de custódia, ele pareceu muito bem articulado, muito mais fluente do que a disléxica Dilmandona.

No entanto, isso não elimina a possibilidade de se tratar de um psicopata. Como sabemos, um possuidor de psicopatia não só costuma ser bem articulado como também ser frio como um peixe. Ele está além do bem e do mal, sem nenhuma alusão ao título de uma famosa obra de Friedrich Nietzsche, o Bufão dos Deuses do Valhala.

Contudo, quer se trate de um psicótico ou de apenas um ser humano “mentalmente perturbado”, isto não quer dizer que ele não estivesse plenamente consciente de ter praticado um crime premeditado. Ninguém vai a um comício político portando uma faca para descascar laranjas nem para cortar as unhas, como o supermacho analista de Bagé.

Mas se é assim, como podemos dizer que um indivíduo mentalmente perturbado não tivesse nutrido um forte ódio por Bolsonaro e agido por conta própria?

Certamente, ele não morria de amores por Jair se acostumando, mas isto apenas o enquadra na esquerda radical e/ou na bandidagem, talvez por diferentes motivos compartilhando a mesma ojeriza.

Todavia, não é suficiente para excluir a hipótese de que estivesse a mando de outro(s), que pode(m) muito bem tê-lo usado como idiota útil a ser deletado após a possível execução do crime por partidários de Bolsonaro, aos quais imputariam logo o “discurso de ódio”.

É sabido que Adélio passou sete anos como militante do PSOL, mas não há nenhum nexo causal ligando essa militância política de esquerda à prática de crimes, especialmente a uma tentativa de homicídio do candidato da direita em primeiro lugar mesmo nas pesquisas mais maquiadas.

Algum tempo anteriormente, o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro, RJ) pegou fogo. Das duas uma: o incêndio foi criminoso ou decorrente de negligência (Tertium non datur), uma vez que nenhum raio caiu sobre ele, nem foi torrado pelas chamas do Senhor como Sodoma e Gomorra.

A Polícia Federal está fazendo a perícia e ainda não sabemos qual das duas alternativas. Pode ter sido um torpe ato criminoso, mas há muito tempo que o museu estava entregue às baratas e cupins, com fios carcomidos, goteiras pingando nas múmias, etc. Parece mais provável que tenha sido mesmo negligência, um delito menos grave, embora passível de punição legal.

Sabemos que o museu é uma das unidades da UFRJ a quem cabe a responsabilidade de sua manutenção. Por sua vez, o reitor poderá alegar falta de verbas federais necessárias para cumprir essa finalidade. E isto é algo que não podemos afirmar ser verdade ou não passar de mera desculpa esfarrapada.

Contudo, não é um acontecimento inédito na referida universidade, uma vez que duas outras unidades da mesma já foram consumidas pelas chamas.

Mas esta repetição do mesmo sinistro não comporta nenhuma generalização atribuindo negligência aos responsáveis pela manutenção das unidades em questão. Pode muito bem ser o caso do acaso, não do descaso. Como dizia David Hume, não podemos ter certeza de que o futuro será como o passado.

Mas sabemos que o reitor, assim como todas as sub-reitorias são do PSOL e de outros partidos de esquerda. No entanto,   ligar o atentado de Bolsonaro ao incêndio do museu e pôr a culpa no PSOL tem um cheirinho de teoria conspiracionista!

 

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