Tropa de Elite 2
Sucesso ainda maior que o primeiro filme, a sequência de Tropa de Elite traz a reboque a oportunidade de uma reflexão mais profunda sobre o estado de nossas instituições públicas, a conduta de políticos e autoridades e, principalmente, sobre como os cidadãos vêem esse processo.
Desde o fim da ditadura militar, especialmente a partir da promulgação da nossa Constituição Cidadã, temos visto e comentado aqui o desenvolvimento de instituições de Estado fundamentais para a democracia. Estão nessa lista as principais instituições de controle público e defesa dos interesses dos cidadãos como a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União, a Advocacia-Geral da União, o Ministério Público, a Defensoria-Geral da União e o Conselho Nacional de Justiça.
Todo esse “caldo” de cultura de maus costumes políticos – devidamente repercutido na mídia – vem tendo o grande mérito de conscientizar as pessoas sobre as implicações do mau uso do dinheiro público, da corrupção público/privada, da impunidade de autoridades e políticos, da perversão do “jeitinho” e por aí vai. A transformação de um policial honesto – fictício – em um herói de grande apelo ao imaginário nacional veio apenas trazer à tona um processo que vem se construindo faz tempo. Lento mas inexorável, como o próprio Capitão Nascimento, agora Tenente-Coronel.
A aprovação da Lei Ficha Limpa foi uma demonstração avassaladora dessa consciência na sociedade. Seu processo de participação dos cidadãos, a aprovação em tempo recorde nas duas casas legislativas e agora no Supremo Tribunal Federal não deixa dúvidas disso. Mérito de 5 milhões de cidadãos consciente em conjunto com centenas de entidades da sociedade civil.
Ainda mais recente que a Ficha Limpa, a expressiva votação na candidata Marina mês passado também teve o mérito de revelar aos dois principais candidatos – e à classe política em geral – que valores como ética, compromisso com a palavra empenhada e espírito público estão cada vez mais em alta na sociedade.
O grande mérito de Tropa de Elite 2 foi trazer à realidade do público questões que antes pareciam abstratas demais. Principalmente de explicitar o nexo de causalidade entre a violência urbana e a violação legal, sobretudo a de governantes e políticos que deveriam ao contrário ser os primeiros a dar o exemplo, como agentes da lei.