Time elege “Manifestantes” como Personalidade do Ano 2011
Time elege “Manifestantes” como Personalidade do Ano 2011
Ontem foi divulgada pela revista americana Time a sua lista anual de Personalidade do Ano. Para surpresa de muitos, em 2011 a revista escolheu “Manifestantes” como a “pessoa” mais importante. Assim mesmo, “Manifestantes”, como homenagem aos milhões de cidadãos insatisfeitos com os rumos que seus países estão tomando e decidiram ir às ruas para protestarem. Alguns de forma pacífica, outros, nem tanto.
O fenômeno vem chamando a atenção desde o início do ano quando, na Tunísia, começaram as primeiras manifestações do que depois seria chamado de “Primavera Árabe”. A revista também cita os protestos pela crise e contra o sistema econômico em cidades dos Estados Unidos, Madri, Atenas, Londres e Tel Aviv; contra as eleições fraudulentas na Rússia; por democracia e pela saída de ditadores nos países árabes; pela educação no Chile; e contra o crime e a corrupção no México e na Índia.
Aqui mesmo neste espaço dedicamos alguns comentários ao movimento “Ocupe Wall Street”, que veio provar que a insatisfação não era unicamente contra tradicionais ditadores e usurpadores de plantão. Era também contra um sistema financeiro e econômico injusto, contra governos negligentes na conduções de suas políticas de regulação dos mercados, contra a relação espúria entre poder público e corporações privadas. No lema do movimento americano, a dica: “Somos os 99% do mundo e queremos ter voz”.
Como bem observou o fotógrafo Yuri Kozyrev, contratado pela Time para cobrir as revoltas árabes, “uma coisa em comum em todas essas manifestações é a quantidade de jovens que desejam realmente fazer mudanças em seus países. Isso é o mais incrível. Temos uma nova geração de cidadãos que estão cansados do que está acontecendo. Seja, a Revolução do Jasmim, Primavera Árabe ou revolução Facebook, existe um vento poderoso soprando em todo o planeta e os jovens começam a perceber que existe uma outra vida ,e eles desejam vivê-la.”
Para a Time, 2011 foi um ano para ficar na história. E os cidadãos atuantes que querem mudar a má qualidade de sua representação política são o ponto de partida para algo ainda desconhecido, mas, com certeza, novo.
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Vale observar que não cabe exigir uma agenda de propostas de políticas públicas dos movimentos sociais, como querem alguns cínicos, mas devem os cidadãos mais conscientes acompanhar esses movimentos como fenômeno político rico, polissêmico e de consequências ainda imprevisíveis para a mudança da governança mundial.
Quem diria que as redes de relacionamento, criadas por uma motivação unicamente social, estão de fato redesenhando as relações entre cidadãos eleitores/pagadores de impostos e seus representantes, no que está se chamando de “Revolução Facebook”?
Parabéns a todos por esse feliz reconhecimento da cidadania planetária pela revista Time!