Taking Liberties, o filme

Cerca de duas semanas atrás comentamos a excelente exposição da British Library “Taking Liberties” e que também rendeu um livro de mesmo nome. Como pudemos observar, a exposição mostra em detalhes a conquista das liberdades civis do povo britânico em 900 anos de lutas, com a cobertura de batalhas, revoluções, ganhadores e perdedores do que foi considerado por Kant como o maior entre todos os valores universais da humanidade: a liberdade.

Hoje vamos comentar o outro lado da moeda, exposto pelo documentário que também se chama “Taking Liberties” . Apesar do mesmo nome, o documentário de uma hora e quarenta minutos faz um inventário do triste legado anti-terror deixado pelo governo Tony Blair para a sociedade inglesa. Sob o lema “nothing to hide, nothing to fear, um dos fundamentos dos direitos civis universais, o direito à privacidade, foi sistematicamente violado em dez anos do comando do chamado “novo trabalhismo”.

Lançado em 2007 exatamente no mês de despedida do mandato do líder trabalhista, o filme mostra as estórias de cidadãos comuns vítimas de abuso de poder da polícia, de prisões injustificáveis e de constrangimentos durante o processo legal etc. São cenas que não vemos normalmente nos jornais e nas TVs, o que nos faz levantar suspeitas inclusive de controle dos governos sobre a liberdade de imprensa, na medida mesma em que a cidadania não exerce controle social sobre as ações governamentais e tudo pode ter o pretexto de ser “top secret” , “oficial staff only” ou “prohibited for security reasons” .

Alguns casos são chocantes, como o das avós militantes pacifistas que foram protestar contra uma base militar e foram presas por invadir áres de segurança militar. Ou o caso de Bryan Haw, que manteve um protesto contra a guerra do Iraque em frente ao parlamento britânico, até provocar uma lei (The serious organized crime and Police Act 2005) específica contra protestos nos arredores do parlamento, o que terminou por inflamar manifestações em toda a Inglaterra.

Chocante, hilariante e polêmico, o documentário procura responder por que logo os ingleses, os criadores modernos da sagrada liberdade e dos direitos civis, adotaram o Prevenction of terrorism Act de 2005 sob a alegação de que o terrorismo ameaçava as instituições da democracia e do Estado dito liberal. Por que um país sacrifica um valor universal que lhe foi tão caro conquistar?

Aqui na Voz do Cidadão temos um link direto para a íntegra do documentário “Taking Liberties”, que pode ser assistido na íntegra na própria internet. Um filme obrigatório para a compreensão da cidadania no mundo.

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