STF sob os holofotes da sociedade no julgamento do mensalão
STF sob os holofotes da sociedade no julgamento do mensalão
A partir da próxima quinta-feira, dia 2 de agosto, todo Brasil estará de olho no Supremo Tribunal Federal, quando terá início o chamado “Julgamento do Mensalão”. Será uma prova de fogo para a maior instituição de um poder Judiciário que tem andado sub judice aos olhos da opinião pública.
Não será fácil para o Supremo. Afinal, no momento crucial da República, com que moral o Supremo julgará um crime eminentemente político que teve início exatamente no Executivo? Justamente uma semana depois de o chefe do Judiciário ter ido ao presidente da República “de pires na mão” cobrando reajustes salariais devidos, num claro desrespeito do Executivo a uma determinação constitucional.
Mas a situação não para por aí. Um dos mais novos membros da casa, o ministro Dias Toffoli, vive o dilema de se declarar ou não impedido, devido às suas inquestionáveis ligações com vários dos réus da Ação Penal 470, o popular “Julgamento do Mensalão”. Apesar da pressão da opinião pública, da mídia e de vários dos seus pares, Toffoli ainda não bateu o martelo, deixando brecha para ser questionado pelo Procurador-Geral da República logo no início do julgamento.
Fora isso, o Supremo vive também a expectativa de três aposentadorias. Duas compulsórias: Ayres Brito e Cesar Peluso. E uma antecipada: Celso de Melo. No caso de Cesar Peluso, existe até a chance de seu voto ser declarado por antecipação, o que certamente provocará reações dos advogados de defesa dos réus. Além disso, outro ministro, Joaquim Barbosa, tem graves problemas de saúde, o que obrigou a várias alterações no calendário do processo.
A pouca experiência de alguns ministros nos trabalhos da mais alta corte do país também pode atrapalhar. Dos onze ministros, dois têm menos de dois anos na casa: Rosa Weber, a mais nova, e Luiz Fux. Já o ministro Dias Toffoli ainda não fechou três anos no Supremo.
Está na hora do poder Judiciário, o menos visível dos poderes e o menos compreendido pela opinião pública, dar uma sonora e firme resposta à cidadania. A sociedade está cada vez mais fazendo a sua parte e demonstrando que não tolera mais a cultura do jeitinho, do baixo nível da representação política, dos recursos protelatórios nos processos dos colarinhos brancos, ou mesmo de uma reforma política que parece nunca sair do papel.
Senhores ministros do Supremo Tribunal Federal, a sociedade está apostando todas as suas fichas nos senhores. Como disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “O julgamento do mensalão pode marcar a história. Julgar com isenção: o que for correto, absolve, o que for crime, castiga. Isso pode mudar a cultura política brasileira.”
Aqui na Voz do Cidadão preparamos um calendário especial com as datas da fase inicial do julgamento do mensalão. Vamos acompanhar!