Programa Eleitor Alfabetizado

Como comentamos semana passada sobre o excelente projeto “Expedição da Cidadania” da Associação dos Juízes Federais – e na linha de aproximação das carreiras de Estado com as organizações da sociedade civil para o desenvolvimento de um cultura de plena cidadania – vamos hoje falar de mais outra iniciativa cidadã, desta vez vinda de dentro do próprio poder Judiciário.

O Tribunal Regional Eleitoral do Pará e a organização Alfabetização Solidária, a AlfaSol, fecharam uma parceria para promover o “Programa Eleitor Alfabetizado – Formando cidadãos, transformando a sociedade”, com objetivo de desenvolver a formação política de eleitores analfabetos, numa iniciativa inédita no país.

Segundo a diretora de Departamento de Desenvolvimento Institucional da Alfasol, Cláudia Marques, “O programa irá valorizar a auto-estima, a confiança e a autonomia de cidadãos, resgatando consciências e desenvolvendo habilidades e reflexão crítica”.

Somente no estado do Pará, segundo o presidente do TRE paraense, João José da Silva Maroja, “quase 383 mil eleitores habilitados a votar em 2008 não sabiam ler nem escrever”. São 8,5 porcento do eleitorado, um número bem acima da média nacional de 6,5 porcento e que só faz favorecer currais eleitorais e coronéis de ocasião.

Pois essa iniciativa é especial para a cidadania, na medida em que, em paralelo às aulas de alfabetização, os alunos participarão de palestras, oficinas e atividades planejadas para promover a conscientização e a formação político-eleitoral dos alunos. Ainda que temas importantes como voto livre, reforma política, sistema representativo e outros não estejam em pauta, um grande passo será dado, já que os grupos também serão conscientizados sobre a importância de um maior controle social das políticas públicas desenvolvidas, um dos temas-chave para a causa da cidadania.

Fica aqui a sugestão para que outros TREs pelo país sigam a iniciativa do TRE paraense e também desenvolvam projetos como o do “Eleitor Alfabetizado”. Para que possamos superar a miséria de nossa representação política, que insiste em confundir democracia com demagogia, governo com Estado, e lei com impunidade.

E assim tentam transformar o público em privado, enquanto a urgente e tão necessária reforma política continua sem andar…

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