Presidente da AMB defende apuração rigorosa no caso do desembargador corregedor e o empresário

A denúncia apresentada pela mídia neste final de semana, dando conta de que um empresário lobista no Rio de Janeiro mantém relações suspeitas de tráfico de influência com magistrados, políticos e advogados, merece a atenção da cidadania pelo fato de que envolve justamente o corregedor-geral de um Tribunal de Justiça, exatamente aquele encarregado de zelar pela boa conduta e transparência das ações de seus pares.

Isto é grave, e nos mostra a importância de um órgão fiscalizador como o Conselho Nacional de Justiça, o CNJ. O próprio corregedor-geral do CNJ, ministro Gilson Dipp, já declarou a disposição de abrir procedimento administrativo para investigar as relações do desembargador corregedor com o empresário lobista. Segundo Dipp, o foco será investigar se houve tráfico de influência junto a magistrados para negociar sentenças judiciais.

Mais importante ainda neste episódio foi a rápida resposta da sociedade civil organizada, representada pela própria associação dos juízes. Mozart Valadares, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, a AMB defendeu publicamente uma apuração rigorosa do caso, e sem corporativismo. Como ele mesmo disse à imprensa: “O Poder Judiciário não pode conviver com atos de corrupção”.

No momento em que outros poderes não se auto-punem, como o Senado Federal, que praticamente extinguiu o seu Conselho de Ética, temos um Judiciário reconhecendo seus problemas e disposto a investigar e punir aqueles que erram. Tanto pelo lado institucional, representado pelo CNJ, quanto pelo lado dos servidores.

Afinal, somente crescerá a consciência de cidadania no Brasil quando crescer uma atuação não corporativa das instituições do estado democrático, que devem servir mais ao interesse público do cidadão que lhe paga do que a governantes, ou a cúpula dos poderes, que se acham acima das leis.

O CNJ, assim como os demais conselhos, é a garantia de que a cidadania se mantenha mobilizada no Brasil.

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