Pesquisa do Senado mostra que brasileiros querem voto livre

Agora no final de agosto foram divulgados na imprensa os resultados da pesquisa “O eleitor e a reforma política”, realizada pelo DataSenado, o departamento de pesquisa do Senado Federal.

Foram 1094 cidadãos eleitores ouvidos por telefone entre 21 e 28 de maio, em 27 capitais do país, e as conclusões foram bastante animadoras para a luta da cidadania. Por exemplo, 61% dos cidadãos consultados, consideram que o voto obrigatório como o que temos hoje, por si só, não gera maior compromisso dos cidadãos com o processo político. E essa opinião fica mais forte de acordo com a escolaridade do eleitor, sendo que 70% das pessoas que concluíram o ensino superior rejeitam o voto obrigatório. E é praticamente a mesma faixa de cidadãos que acredita que as eleições devam ser unificadas, acontecendo a cada quatro anos.

A questão do voto livre – também chamado de “facultativo” – é importante por dois aspectos. Primeiro, porque quem se dispõe a votar sabe o que é a cultura de plena cidadania e sabe que o processo político é mais complexo e importante do que votar em candidatos de protesto (como antes da urna eletrônica se votava em “Cacarecos”, Macacos Tião” e similares). Segundo, porque o ato de votar, para estes eleitores, significa um compromisso real com o candidato, que não se extinguirá após o período eleitoral. São cidadãos que estarão dispostos a acompanhar o mandato do seu político e a cobrar realizações e conduta para as quais ele foi investido em seu cargo. E que têm consciência de que o voto é um direito, e nunca um dever do cidadão. Eles sabem que votar e acompanhar o mandato é uma coisa; outra é dar um cheque em branco e deixar pra lá.

Mas a principal virtude da pesquisa do Senado é a de tornar claro um movimento que temos observado já há algum tempo na sociedade civil. Os cidadãos sabem que o sistema não tem funcionado como deveria, e que devem ocorrem mudanças. Algumas, como o fim do voto obrigatório, são praticamente unanimidades. Outras, como o financiamento de campanhas, ainda precisam de mais debates. Para se ter uma idéia, 49% dos brasileiros acham que o financiamento deve ser privado, contra 31% que acreditam que deva ser exclusivamente público e 13% que seja do tipo misto.

A pesquisa foi bem abrangente em seus temas, que ainda incluíram questões sobre fidelidade partidária, quebra de sigilo bancário de políticos, sistema de governo, suplentes de senador, reeleição e tempo de mandato, dentre outros.

A reforma política, abrangente e não apenas eleitoral e partidária, é a mais urgente que a cidadania precisa fazer no Brasil. E cabe às nossas chamadas elites educacionais tomarem para si a tarefa de mobilizar e orientar a mudança de mentalidade de outras camadas da sociedade.

Aqui na Voz do Cidadão colocamos à disposição a íntegra da pesquisa “O eleitor e a reforma política”, realizada pelo Senado Federal. Para baixar e debater esse tema essencial à cidadania.

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.