Para a democracia o que vale é o bom funcionamento das instituições

Nos dois casos de maior repercussão política do momento – a quebra do sigilo fiscal de mais de dois mil contribuintes e o suposto envolvimento da ministra da Casa Civil e seu filho em atividades de tráfico de influência – cabe às entidades que se dedicam ao desenvolvimento de uma plena consciência de cidadania fazer um alerta.

É inegável o amadurecimento das instituições de Estado brasileiras nos últimos anos, desde a promulgação da Constituição Cidadã em 1988. De lá para cá, tivemos grandes reestruturações na Polícia Federal, no Ministério Público, na Controladoria-Geral da União, nas agências reguladoras, na Advocacia-Geral da União e mesmo na Receita Federal, centro do atual furacão.

Ante as acusações de que estamos nos “mexicanizando” e sobrepondo às políticas de Estado os interesses partidários, cumpre lembrar que temos nossas instituições funcionando plenamente e que é vital para a democracia que elas sejam valorizadas e respeitadas em sua autonomia e independência.

“Fulanizar” a situação política e achar que esses delitos devem ser explicados pelo viés da mera intriga eleitoreira é desrespeitar os mais básicos princípios e valores expressos na Constituição.

As acusações são sérias e estão sendo devidamente investigadas pela Política Federal. Pois que se investigue e se apure suspeitos. Que sejam indiciados e processados. Que sejam condenados e cumpram a pena a eles atribuída pela lei.

No caso da ministra da Casa Civil, o mais republicano seria que renunciasse ao cargo para que não se lance a dúvida de que queira usar a posição para atrapalhar as investigações.

Num país em que ninguém sabe o que é sigilo, dossiê é confundido com doce e tráfico é só de entorpecentes, é importantes colocarmos as coisas nos seus devidos lugares.

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