Olimpíada em Pequim multiplica manifestações por direitos humanos na China

Começaram os Jogos Olímpicos de Pequim, ou Beijing como queiram, e a grande potência do Oriente passou a ter todas as atenções do planeta voltadas para si. Na cerimônia de abertura mais bela e cara da história, um desfile impressionante das contribuições chinesas para civilização humana, como a invenção do papel, da bússola e da pólvora, ganharam todas as manchetes.

Mas uma outra China também acaba de ganhar espaço na mídia. É a China das constantes violações aos direitos humanos e da repressão à autonomia do Tibete. E são as manifestações contra essa China o destaque da cidadania planetária para estas semanas de Jogos. Afinal, não pode haver cidadania quando o Estado não é entendido como instrumento do cidadão.

Uma delas foi o manifesto lançado na internet por um grupo de mais de 120 atletas olímpicos, divulgado pouco antes do início da cerimônia de abertura. No site www.sportsforpeace.de, o grupo divulgou uma carta aberta dirigida ao governo chinês, onde pede mais respeito aos direitos humanos e à liberdade religiosa. O manifesto convida o presidente da China, Hu Jintao, a “proteger as liberdades de expressão, religiosa e de opinião no país”. Não podemos nos esquecer que a liberdade religiosa é uma conquista do Iluminismo europeu já desde o século XVII.

Uma outra manifestação também ganhou força nos últimos dias, divulgada pelo site Avaaz.org, dedicado a mobilizar cidadãos do mundo inteiro para campanhas de manifestos pela internet. O Avaaz acaba de lançar uma campanha de adesões para um “aperto de mãos” simbólico entre o governo da China e o Dalai Lama, líder espiritual do Tibete. A entidade conseguiu mobilizar centenas de pessoas em Londres que, de mãos dadas, fizeram uma linha de onde estava o Dalai Lama até a embaixada da China na cidade. E agora convoca a todos para assinar o manifesto deste “aperto de mãos” em seu site, como forma de pressão ao governo chinês para iniciar um diálogo aberto com o líder tibetano. Em pouco tempo o Avaaz já contabiliza mais de 130 mil assinaturas.

Ao se candidatar para sediar um evento que sempre teve um víés político – no sentido maior do termo, que o de cuidar para tornar possível a convivência pacífica entre os homens -, a China decidiu assumir os riscos de abrir suas portas para o mundo. A cidadania planetária espera que este seja de fato um sinal para tempos mais abertos e transparentes. O que se pode esperar, de fato, é que os habitantes de Pequim nunca mais serão os mesmos, depois de um mês inteiro de contato direto – e não através de uma mídia censurada – com outras culturas e valores.

Para que, num futuro próximo, lembremos a grande China como a das enormes contribuições culturais para humanidade, e não pela a expulsão de oito estrangeiros e a detenção de outros cinco após manifestações em favor do Tibete – como neste último final de semana.

Aqui no portal da Voz do Cidadão, vocês tem um link direto para o manifesto “Aperto de mãos”, do Avaaz.org. E também um link para conhecer a íntegra da carta dos atletas olímpicos. A cidadania, agora em sua esfera planetária, também vai avançando!

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