Ministro pede punição mais severa para juízes

Em nossa conversa de terça-feira passada, comentamos sobre as três maiores forças de criação e transmissão de valores de uma determinada sociedade, que são a educação, a justiça e a mídia. Pois hoje vamos comentar um pouco sobre esta instituição que ainda tem muito a que se revelar aos cidadãos.

A crescente mobilização da sociedade organizada por mais transparência e eficiência do poder público também pressiona cada vez mais o nosso judiciário por reformas que o tragam mais para perto dos cidadãos. Algumas entidades ligadas ao próprio judiciário vêm lutando há algum tempo por isso, como a Associação dos Magistrados Brasileiros-AMB e a Conamp – Associação Nacional dos Membros do Ministério Público.

Neste recente episódio da suspeita de envolvimento de juízes no esquema de venda de sentenças à máfia dos caças-níqueis, esta necessidade por reformas fica evidente. Pois agora, o próprio ministro Vantuil Abdala, relator da sindicância aberta pelo Conselho Nacional de Justica-CNJ para apurar as irregularidades, vem a público defender penas mais severas para os condenados. O ministro César Rocha do Superior Tribunal de Justiça foi mais além e comparou ontem esse tipo de delito a crime hediondo.

A preocupação do ministro se deve à fragilidade da pena para esse tipo de delito. De acordo com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, um juiz considerado culpado em procedimentos disciplinares pode, no máximo, ser submetido à aposentadoria compulsória. Para que ele perca o cargo e seus vencimentos, é necessário que ele seja condenado pela justiça em processo criminal. Segundo o ministro “há uma incompreensão da sociedade quando o magistrado comete uma irregularidade grave e a punição é quase um prêmio: aposentadoria integral ou licença remunerada”.

O ministro acertou em cheio. Só que a “incompreensão” que ele menciona poderia muito bem ser traduzida por “indignação” ou mesmo “revolta” de uma sociedade que, depois de perder a confiança no legislativo e no executivo, vê o poder judiciário revelar membros comprometidos com a cultura de impunidade tão distante dos cidadãos. Ainda mais agora, quando o Supremo Tribunal Federal decide atrasar ainda mais o processo, ao reabrir o prazo de 15 dias para a apresentação da defesa dos acusados.

Como dissemos na terça passada, depois do sucateamento da educação e dessa devassa no judiciário, a esperança da sociedade é o apoio da mídia, que se torna cada vez mais fundamental para a necessária construção de novos valores na sociedade contra a cultura de impunidade, improbidade e informalidade que temos. São os “3 Is” que levam nosso Brasil a um “empacamento“ histórico nas suas tentativas de crescimento.

Aqui na Voz do Cidadão, vocês podem ler o artigo sobre a quebra do direito de propriedade, de Gustavo Leonardos, presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), que mostra como a insegurança em relação ao direito de propriedade (principalmente a impunidade e a informalidade) afeta a continuidade do crescimento econômico.

Acessem e participem deste debate!

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