Futebol e cidadania – com a vitória do Flamengo começa a cair a ficha sobre a importância da gestão para a política. Veja artigo da Folha de SP de Francisco Soares Brandão!

Paz política e boa gestão

Francisco Soares Brandão

Depois que o Flamengo conquistou a Libertadores da América, elogiar não chega a ser tão difícil ou arriscado, não é? Mas nenhuma das ações que culminaram na conquista era óbvia por si. A contratação do treinador foi polêmica. Cada um dos jogadores arregimentados carregava uma ou mais de uma dúvida no currículo recente. Decidir na gestão é correr riscos. No fim deu certo, mas e se não tivesse dado?

O importante é que o clube escolheu um caminho e perseverou nele. A caminhada começou lá atrás, quando finalmente a direção rubronegra tomou a decisão de dar um jeito nas finanças. Isso implicava não apenas reduzir despesas, mas encontrar fontes de renda permanentes e crescentes. Só cortar não resolve, sabe-se desde a piada do cavalo que estava quase aprendendo a sobreviver sem comer quando, infelizmente, morreu.

Hoje o Flamengo reduziu e estruturou sua dívida, e em consequência ela deixou de estrangular o clube, e principalmente o futebol. Que enfim pôde respirar e vem dando retornos à altura, a começar do Maracanã lotado em todos os jogos, além da exploração maciça e competente da marca. E a nave vai, com despesas controladas e mecanismos saudáveis de crescimento da receita, sem precisar vender a janta para garantir o almoço. 

Pensei estes dias na trajetória do Flamengo nos anos recentes e matutei comigo mesmo: será que o Brasil não está precisando exatamente disso? De uma gestão que saiba controlar a despesa mas que também consiga fazer crescer a receita de maneira saudável? E como fazer? Espelhando-nos no Flamengo, é preciso escolher uma linha de trabalho e escalar gente que acredite no plano e seja capaz de tirar as boas ideias do papel.

Outro aspecto essencial é a união. Disputas políticas são normais, mas o limite delas deveria ser o bem comum. Sei que poder parecer, e ser, meio ingênuo, mas paciência. Sem um mínimo de coesão política não há organização, instituição, município, estado, empresa ou país que consiga atingir os objetivos. Sei que as últimas administrações do Flamengo vêm conseguindo um grau importante de paz política. Os resultados estão aí.

E o momento é favorável. Depois de muito tempo, o Brasil parece ter compreendido que o crescimento do emprego e da renda só virá pelas mãos da iniciativa privada. Entendeu também que sem controlar despesa o país não sai do buraco. E a equipe foi muito bem escalada pelo presidente. Trata-se agora de acreditar no plano e trabalhar pelos resultados. E não se deixar desanimar pelos obstáculos. Fazer como vem fazendo o meu Flamengo.

Paz política e boa gestão, conduzida por gente competente e compromissada. E orientada a resultados. Eis a receita. Os céticos dirão que no caso do Brasil é difícil, talvez inviável. Mas aqui vale a velha história do sujeito a quem não disseram que determinada meta era impossível de alcançar, e por não saber da impossibilidade ele foi lá e conseguiu fazer. 

Francisco Soares Brandão é empresário e sócio-fundador da FSB Comunicação

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