Duas pesquisas mostram que a consciência de cidadania cresceu no Brasil
Duas pesquisas mostram que a consciência de cidadania cresceu no Brasil
Esta semana, duas pesquisas realizadas pelo Ibope não chegaram a surpreender quem já vinha observando de perto os movimentos vindos da sociedade. Especialmente porque foram em sua maior parte feitas durante ou após as manifestações de junho.
A primeira, realizada a pedido do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE e a OAB, versou sobre a opinião dos cidadãos sobre o tema da reforma política. Praticamente um em cada dez brasileiros quer uma reforma política: 85%. E já para as eleições do ano que vem, com 84% das respostas.
Sobre a doação de dinheiro a partidos e candidatos por empresas privadas, 78% são contra. E 90% querem punição mais rigorosa para a prática de caixa 2, que ficou famosa como uma das desculpas esfarrapadas dos mensaleiros.
O detalhe interessante é que quase a totalidade dos participantes da pesquisa não quer o Congresso Nacional cuidando sozinho dessa reforma. Um firme percentual de 92% quer reforma política por meio de projeto de lei de iniciativa popular, e não lei originária dos nossos parlamentares, como até havíamos comentado aqui na semana passada. Ou seja, estamos mais conscientes do nosso papel de verdadeiros donos dos mandatos políticos e da nossa responsabilidade política de fiscalizar e cobrar do poder público e dos governantes a correta aplicação dor orçamentos.
E a resposta para esse comportamento pode estar na outra pesquisa divulgada esta semana. O Ibope divulgou também o seu Índice de Confiança Social 2013, que avalia o quanto os cidadãos confiam nas instituições do país.
Como de hábito, o Congresso Nacional e os partidos políticos ocupam as piores posições da pesquisa. O Corpo de Bombeiros, Igrejas e Forças Armadas continuam com boa imagem junto aos brasileiros. Mas a novidade este ano é que todas as instituições avaliadas caíram em suas pontuações, numa média de 7 a 10 pontos. Um claro fruto das manifestações. Quem mais caiu no ranking foi a Presidência da República, seguida pelo Governo Federal: para menos de 50 pontos nos dois casos.
Essa falta de confiança – ou confiança cada vez menor – nas instituições é perigosa e deve merecer uma reflexão mais atenta por parte de organizações da sociedade, poder público e até do setor privado. Sabemos que os cidadãos estão mais dispostos a agir, mas essa ação se deve dar através das instituições, com especial participação das instituições de Estado, que devem ser independentes e autônomas, ocupadas por servidores concursados e compromissados com o bem comum, e nunca aparelhadas pelos amigos e asseclas do manda-chuva do momento. Não foi à toa que a instituição Justiça aparece com melhor reconhecimento do que Governo Federal, Congresso Nacional e Partidos Políticos. E que o grupo Empresas tem melhor imagem do que Bancos e Sindicatos.
Aqui na Voz do Cidadão vocês encontram links para as novas pesquisas sobre os cidadãos brasileiros. É para conhecer e pensar muito bem sobre o papel – e o valor – que queremos para as nossas instituições.