Candidatos dão um show anti-cidadania nas eleições

Terminado o primeiro turno das eleições municipais, temos um saldo bastante animador para a cidadania. Pelo menos no que se refere aos cidadãos eleitores e o seu entendimento da importância de um processo eleitoral. Por todo o país tivemos um índice relativamente pequeno de problemas causados pelos eleitores.

Infelizmente o mesmo não pode ser dito dos nossos candidatos. Crimes eleitorais e outros delitos fizeram parte da campanha de vários políticos e a conclusão é a de que a cidadania que sobrou nos eleitores, faltou aos candidatos.

Segundo levantamento do TSE ao final de domingo, foram registradas nada menos que 4.656 ocorrências de irregularidades ao longo do primeiro turno. Para se ter uma idéia, em todo o país 208 candidatos foram presos e outros 416 tiveram registro de ocorrência, mas sem detenção. Desse grupo, 121 candidatos foram presos por boca-de-urna e 20 foram detidos por compra de votos. Os estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro foram os que mais tiveram irregularidades, principalmente boca-de-urna e arregimentação de eleitores.

São dados como estes que demonstram o cinismo de alguns políticos ao afirmarem que nossa representação política é um espelho do sociedade. Nada mais enganoso, visto que a classe política até hoje não consolidou o princípio básico de qualquer democracia: o da moralidade. Vale lembrar que o próprio Supremo Tribunal Federal, o STF, liberou candidatos ficha-suja sob a alegação “torta” da presunção de inocência. Como bem comentou na época o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Roberto Wider, “Triste do país que precisa de uma lei para dizer que a moralidade é exigível no âmbito de toda a vida pública”.

Para que todos reflitam sobre essa situação, temos aqui na Voz do Cidadão a íntegra da cartilha da AMB sobre a reforma política profunda e abrangente que precisamos, que contemple pontos importantes como a restrição aos fichas sujas, o voto facultativo, o financiamento público de campanhas e a cláusula de barreira, dentre outros.

E, para os municípios em que a eleição se decidiu no primeiro turno, lembramos que agora começa a segunda fase do processo, que é a de fiscalizar as ações dos políticos eleitos e cobrar as promessas de campanha.

Para quem ainda tem um segundo turno pela frente, lembramos que um processo eleitoral transparente, justo e organizado é a base de uma democracia sólida. Vamos participar!

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.