Campanha publicitária contra a violência deve mobilizar a cidadania contra o Estado

Lançada na terça-feira de carnaval, a campanha “E aí? Nós não vamos fazer nada?” espalhou cartazes em muros e prédios do Rio de Janeiro. Segundo seus criadores, a idéia é motivar os cidadãos para que se manifestem pelo fim da violência urbana, a partir do trágico assassinato do menino João Hélio, que comentamos duas semanas atrás.

À primeira vista, é isso mesmo. Sob a ótica da cidadania, é preciso nos manifestarmos, dar nossa opinião sempre conclamando outros a fazer o mesmo e a influenciar amigos e familiares. Mas, não se trata apenas disso e, quando um dos principais articuladores da campanha diz que “o problema é da sociedade, e não do governo”, ficamos bastante preocupados.

A plena cidadania só pode se desenvolver através do controle social dos cidadãos pagadores de impostos e eleitores sobre os mandatos dos políticos e o destino dos orçamentos públicos; ou seja, o problema é, sim do Estado, e não apenas da sociedade. E já que a máquina do Estado não funciona, então é um ato de plena cidadania responsabilizar os gestores públicos por sua ineficiência. Mais do que manifestar publicamente a nossa indignação, é necessário que se responsabilize a incompetência objetiva do Estado brasileiro em cumprir sua missão essencial de nos servir de segurança e justiça eficiente em troca dos altos impostos que nos cobra!

Vemos ainda que algumas variantes da campanha estão aparecendo, não só no Rio mas em vários outros Estados, lembrando a morte do menino João Hélio e cobrando mais demonstrações de indignação dos cidadãos. E até com alguma repercussão na mídia, com matérias em jornais e TV.

Pois então, com o apoio dessa mídia responsável e interessada em monitorar e divulgar os apelos da opinião pública, é que teremos a grande virada da cidadania neste país. Afinal, se os sistemas de educação e das instituições jurídico-políticas estão sucateados no Brasil, temos a mídia para iniciar este processo e salvar o país da barbárie.

A cada dia que passa, os cidadãos contam com mais ferramentas para exercer sua pressão. O Ministério Público, ouvidorias e corregedorias dos mais variados setores do poder público e entidades da sociedade civil organizada estão mais e mais atuantes, inclusive na internet, o espaço mais democrático de informação e opinião. Mais que manifestar, vamos agir e cobrar.

Aqui na Voz do Cidadão vocês podem conhecer as peças publicitárias da campanha “E aí? Não vamos fazer nada?”, direto do Portal da Propaganda. Para conhecer e discutir.

Vamos participar deste debate!

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