A reforma política que os políticos eleitos não querem mas que os cidadãos eleitores exigem
A reforma política visa melhorar a qualidade da representação política para que os candidatos a mandatos eletivos não sejam o que de pior existe na sociedade brasileira, não sejam os foragidos da justiça que buscam por foro privilegiado. Hoje a nossa representação política é tida pelos cínicos como o espelho da sociedade brasileira, o que precisa ser questionado pelos cidadãos conscientes, de conduta exemplar, pagadores de impostos, geradores de riqueza econômica, trabalhadores, empreendedores e cidadãos em geral que somos a grande maioria e ganhamos a vida com o suor do nosso rosto.
Como sabemos que a degradação da vida política brasileira virou de fato um caso de polícia, não podemos ter mais a ingênua esperança de que este congresso que está aí moverá uma palha sequer para promover a reforma política necessária. O que delongará mais ainda a crise de representação, as injustiças sociais que levam a violência social e a renitente violação legal, fomentando a cultura de impunidade generalizada em detrimento da cultura de plena cidadania.
Se não há punição para os delinqüentes que cometem crimes contra o patrimônio público, todos vivemos num estado de insegurança jurídica generalizado, o que provoca estagnação de investimentos no setor produtivo, queda da taxa de empregos e o ciclo vicioso de mais e mais injustiça. Como o atual Congresso já começa a falar de uma pseudo-reforma política com consenso entre os vários partidos que contempla apenas o financiamento público de campanhas e a votação em listas elaboradas pelos partidos, temos o dever de denunciar que esta reforma é uma farsa pois não é abrangente e não contempla os tópicos mais essenciais e de interesse direto dos cidadãos eleitores:
- Cláusula de barreira, que permite reduzir para cerca de 10 os mais de 30 partidos com representação no Congresso Nacional, dificultando as negociatas de partidos nanicos, de aluguel e titulares de fundos públicos.
- Inegibilidade para candidatos que tenham sido condenados na primeira instância do judiciário, evitando que a política seja um refúgio para malfeitores e delinqüentes sociais.
- Fidelidade partidária, que obriga os candidatos a terem pelo menos 3 anos de filiação, evitando a troca de partidos por barganhas com governos.
- Voto facultativo, que retoma o princípio de que o voto é o maior direito de participação na vida política de um cidadão e não pode ser moeda de troca de demagogos e cidadãos mais necessitados.
- Rechamada, conhecido nos estatutos eleitorais mais avançados como “recall”, quando os eleitores, passada a metade dos mandatos, podem destituir dos mandatos os eleitos que não cumprem com suas promessas de campanha.
- Voto distrital, que permite que o deputado seja eleito por um único distrito eleitoral, permanecendo próximo das cobranças dos cidadãos eleitores moradores deste mesmo distrito.
- Fim de suplentes de senadores, que não devem ser escolhidos segundo interesses exclusivos do titular do mandato, mas segundo a vontade dos eleitores.
- Fim do voto secreto no Congresso, o que permite que os cidadãos eleitores julguem a coerência entre o voto de seus representantes e suas posições assumidas nas campanhas.
- Financiamento público das campanhas, evitando que os candidatos financiados por grupos privados se sintam constrangidos a retribuição uma vez eleitos.
- Fim das coligações partidárias, o que evita que legendas nanicas e sem representatividade elegessem candidatos oportunistas e caronas da votação de partidos maiores.
Esta é a pauta completa com os principais itens de uma verdadeira reforma política de interesse dos cidadãos eleitores. Brigue por ela, procure conhecê-la mais profundamente, promova discussões em seus grupos de convivências, avalie prós e contras e forme a sua opinião independente e livre da demagogia de nossos lamentáveis políticos profissionais. Política não é emprego. É ideal.