A cultura do consumo “suficiente”

A crise financeira que andava passeando pelo resto do mundo finalmente chegou ao Brasil. E chegou para ficar um bom tempo, segundo especialistas. Segundo dados da Datafolha, em um terço dos lares da cidade de São Paulo, ao menos um trabalhador perdeu o emprego nos últimos seis meses, numa pesquisa realizada agora no início do mês.

O momento, que tem tudo para gerar preocupação, pode se transformar numa excelente oportunidade para que os cidadãos se façam uma questão bem simples: o que eu faço hoje é guiado apenas pelo consumismo ou eu procuro consumir o suficiente para o meu bem-estar e o da minha família?
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Esta é pergunta-desafio que o presidente do Instituto Akatu para o Consumo Consciente, Helio Mattar, faz para a sociedade numa excelente entrevista para o caderno Razão Social e que você pode acessar no site do Akatu.

Helio Mattar observa que esta é uma “crise do sobreconsumo”, gerada pela falência de um sistema onde os cidadãos – como foi o caso da classe média americana – se utilizavam da supervalorização de ativos como imóveis não para gerar poupança a longo prazo, mas para simplesmente consumir mais e mais.

O apelo para que o consumo se torne mais consciente é ainda mais urgente e necessário quando levamos em conta uma outra questão, que se soma à financeira: a crise ambiental. Se hoje consumimos produtos com períodos relativamente curtos de vida útil – a chamada “obsolescência programada” – isto significa que eles rapidamente terão de ser descartados, não só engrossando as estatísticas de poluição mas também fazendo com que mais recursos sejam retirados da natureza para produzir novos modelos para consumo.

No que se refere ao mercado empresarial, neste cenário são as empresas mais comprometidas com uma cultura de sustentabilidade que terão melhores condições de enfrentar as turbulências.

Como pontua Helio Mattar, a crise deve nos fazer refletir “se não deveríamos pensar num processo em que se redistribuísse renda, reduzindo a carga de trabalho e incluindo no mercado mais pessoas. Mas isso só será possível se as pessoas se derem conta de que consumo não é igual a felicidade”. Será a vitória da cultura do consumo suficiente, e não do consumismo de hoje.

E você, já pensou a quantas anda o seu consumo?

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