A Busca, de Liszt Vieira
O que se destaca entre tantos relatos sobre os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil é a singularidade de seus autores. Já tivemos narrativas fantasiosas, doutrinárias, ressentidas e de acerto de contas, presunçosas e até científicas. Mas poucas, pra não dizer raras, são feitas da matéria imperfeita do humano.
A começar pelo gênero, meio memorialista, meio ficcional, a narrativa de Liszt Vieira – em seu mais recente livro “A Busca – Memórias da Resistência” da Editora Hucitec – nos toca pela autenticidade, quando logo de cara confessa que estava com muito medo na cena inicial do seqüestro do cônsul japonês. Daí para frente, não há nenhum trecho sequer que não seja entrecortado por sentimentos humanos como amor, paixão, ciúmes, ódio, covardia ou orgulho, o que torna a narrativa a de maior credibilidade que já lemos. Não fosse Liszt Vieira um dos grandes atores e realizadores dos novos caminhos percorridos pela nossa história recente, seja nos campos social como político, seja na trincheira dos movimentos ambientalistas, seja nas frentes da representação política ou mesmo da vida acadêmica ou da mídia. Mas sobretudo na participação das lutas da cidadania campo em que é autor de pelo menos duas obras fundamentais para a compreensão do correto conceito de cidadania: “Os argonautas da cidadania” e “Cidadania e Globalização”.
Liszt foi um dos pioneiros a oxigenar os movimentos de esquerda no Brasil com os novos ares dos movimentos da cidadania planetária. E isto já fica evidente logo no capítulo sobre seu exílio em Cuba, quando confessa sua decepção com a falta de democracia, a precariedade dos serviços de infra-estrutura, a liberdade tutelada, a arte engajada, os preconceitos morais e os excessos da burocracia socialista. Será que democracias liberais pagam preço tão alto por uma saúde e educação exemplares?
Mais informações sobre este grande livro de um dos intelectuais mais sensíveis no campo do desenvolvimento de uma verdadeira cultura de cidadania no Brasil visite o link para o site de Liszt Vieira na nossa pagina de abertura, o http://www.lisztvieira.pro.br.