100 milhões de brasileiros dependem de dinheiro público
Estudo divulgado esta semana nos meios de comunicação, produzido pelo economista especialista em contas públicas Raul Velloso, mostra que nada menos que 100 milhões de cidadãos brasileiros dependem de dinheiro público. Em sua maioria, cidadãos que recebem seus justos salários, benefícios ou aposentadorias.
Para além do debate sobre a função do Estado e do seu tamanho, o que cabe aqui analisar sob a ótica da cidadania é a questão fundamental da geração de riqueza de um país. Se somos quase 200 milhões de cidadãos, esse número de 100 milhões obtido com o estudo quer dizer que mais da metade da população vive desse dinheiro, e a outra metade acaba arcando com essa conta sem saber direito o que está pagando.
Mas, principalmente, cabe aqui uma análise sobre o Estado na mão dos governantes. Não se pode admitir um governo ciclotímico, que ora se acha melhor que o empreendedor privado ora se acha caridoso – ou pior, demagogo – e que deve assistir os desvalidos. Quando a cidadania não uma coisa nem outra. É preciso aprender o equilíbrio entre essas coisas com o controle social dos cidadãos e a participação fundamental das instituições típicas de Estado que possuem o dever constitucional de salvaguardar a República para os cidadãos.
Afinal, um dos pontos mais caros à cidadania é a exemplaridade. Ser um cidadão consciente de seu papel é não só dar o exemplo mas também incentivar que outros cidadãos façam o mesmo. Que tipo de recado o poder público está dando aos seus cidadãos, aos empresários ou mesmo ao resto do mundo?
O que nenhum especialista nega é que não há programa de incentivo social que se sustente indefinidamente sem ações de geração de empregos e de desenvolvimento da educação. A conta simplesmente não fecha, assim como tem sido com a Previdência Social, que trata de maneira diferente os trabalhadores do setor privado e os do setor público, além de fazer distinção de gênero (mulheres se aposentam com menor idade do que homens mas possuem expectativa de vida maior).
Esta é uma questão que deveria ser debatida não só com os atuais candidatos à presidência, mas também com os postulantes a cargos legislativos e ao poder público municipal. E, acima de tudo, com a sociedade.