Politica – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Sat, 24 Apr 2021 22:36:31 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.8 Do DCSP: “O país visto das redes”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-dcsp-o-pais-visto-das-redes-por-jorge-maranhao/#respond Sat, 24 Apr 2021 22:36:27 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39929 O país visto das redes

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que, lamentavelmente, não existe esta opção 


  Por Jorge Maranhão23 de Abril de 2021 às 15:07

  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: [email protected]


A terceira via

Diante da crescente campanha de uma “terceira via”, depois que nossos supremos torceram e contorceram as leis para transformar um presidiário em presidenciável, se avizinha a maior farsa de nossa pestilenta política esquerdista: regressar à cultura barroquista de todo poder ao establishment das bancadas de corruptos políticos fisiológicos, aliados às privilegiaturas da alta burocracia e da burritziaesquerdopata de artistas, jornalistas e acadêmicos parasitas do Estado.

Será que acham que é mesmo viável tertius do naipe de humoristas, animadores de auditório, governadores investigados e operadores de retroescavadeiras? Acham mesmo que somos imbecis?

O pior é a enorme massa de manobra, que acredita piamente nos aparelhos ideológicos do barroquismo esquerdista nacional contra a chamada “extrema direita”. Pois simplesmente está equivocada quando acha que existe a tal da terceira via, que não existe só dois lados, mas algo além da verdade e da falsidade. Chama-se a isto “relativismo moral”, arma canalha do gramscismo torcendo e distorcendo a tradição barroca da farsa.

Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que lamentavelmente não existe esta opção na verdade, mas apenas na enganação da estratégia das tesouras da hegemonia de esquerdas, ditas carnívoras e veganas, se alternando no poder para tentar impedir a direita de chegar ao governo. E, se chegar, usar de todos os meios para impedi-la de governar.

Pois a cultura política dominante no país e a da obstrução de pauta!

Exatamente a intolerância das esquerdas em seus vários matizes tenta se passar por tolerante, ao falsear o debate dito democrático, desde que excluída a direita – a que chamam sempre de extrema e reacionária.

Toda a tradição dos valores morais judaico-cristãos, veio da crença, da fé, e não da razão cientificista. As fake news que tanto denunciam nada mais são do que uma retórica eufemística do velho boato, ou rumor da tradição política ocidental. Pois o problema não é o rumor, o boato ou a farsa, mas o uso político que se faz dos mesmos.

O problema é que a retórica barroquista, que pode ser de sentido extremamente moral no campo das letras (a moral da história das fábulas, contos de fadas, das farsas e burlas do teatro), não pode ser transposta para o campo da política e da justiça, sob pena de virar simplesmente engodo e trapaça.

A maior parte do que os profetas afirmaram desde o Velho Testamento jamais foi provada pelo cientificismo. No entanto, têm um sentido paradigmático para o legado moral do Ocidente. Se as esquerdas querem se travestir de modernas e progressistas e não reconhecem isto, é porque na verdade não têm consciência da maior virulência que se abateu na modernidade, que é legado barroco do esquerdismo.

A música barroca, por exemplo, não deixa de ser a catedral estética da beleza musical pelo fato de servir à reforma protestante. Pois pode servir também à contrarreforma católica! Se não tem este discernimento, é por que os ditos ponderados da esquerda light são na verdade os piores esquerdistas, que juram que não são, apenas porque não apresentam os sintomas explícitos.

Isentolândia

Nestes tempos de troca de generais isentões e de culhões, vale refrescar os que questionam o “golpe” de 64 que fez aniversário neste mês. Estão fartamente documentadas em fotos e filmes “as marchas da família por Deus e pela liberdade”. Negar isto ou questionar sobre percentuais de aprovação da população ao movimento militar não é absolutamente um debate honesto.

Por favor! Sobretudo aqueles que foram lobotomizados pela propaganda socialista da imprensa, universidades e artistas ativistas a partir da nefasta barganha da “lei da anistia” de 79, e a entrega do aparelho ideológico da sociedade à esquerda contra a desmobilização das guerrilhas revolucionárias. Vejam vídeo insuspeito da própria USP, que até hoje é um antro de esquerdistas.

Sobre o quadro do processo de subversão socialista: o que não avisaram aos russos foi a retorção barroquista da Justiça brasileira. O Brasil estava no auge da fase de implantação socialista do início da década de 2010, com a hegemonia petista aliada ao centrão, quando começaram as sucessivas megamanifestações contra o mensalão. O que resultou na operação Lava-Jato, e no desmonte da corrupção esquerdista com o petrolão.

O que falta neste quadro é exatamente o papel da justiça, de um novo judiciário, e a mudança de posição da quadrilha do Supremo diante da ameaça da Lava-toga. Este é o ponto de inflexão que acabou por extinguir a Lava-jato: a trincheira decisiva da quebra da hegemonia esquerdista e da consolidação, ou não, da união da centro-direita que ascendeu com Bolsonaro – o que eu chamo da retorção de nossa tradição cultural barroquista, de quatro séculos de corrupção dos valores morais.

Para os que insistem em chamar de golpe militar e ditadura o movimento de 64, fica a questão: ditadura como, se houve eleições indiretas e sucessivas para 5 presidentes militares? Ditadura teria havido se fosse apenas um ditador por período superior a um mandato presidencial, e sem congresso aberto que validasse – como no caso de Pinochet, Videla etc.

Democracia é um conceito discutidíssimo na história das ideias políticas desde Platão. Uma vez que, não raramente, descamba para demagogia e oclocracia. Liberdade dos grupos esquerdistas que tramavam revoluções, guerrilhas, atos e atentados terroristas realmente não houve, mas a repressão/distensão foi equivocadamente “negociada” em troca do aparelhamento esquerdista dos meios de reprodução ideológicos, como academia, imprensa e justiça.

Gerações inteiras a partir das décadas de 60 até 90 sofreram lavagem cerebral. Não reconhecer isto é falsear o debate desonestamente, e permanecer no obscuro e tortuoso túnel barroquista sem vislumbrar a razão iluminista que estávamos a perseguir desde o golpe da república.

República do blefe

Senadores blefam contra ministros do supremo de frango quanto à eventualidade de botar para tramitar os vários pedidos de impeachment protocolados na casa. Por sua vez, os sinistros do supremo tirano federal blefam contra suas excrescências quanto à pauta de julgamento de crimes senatoriais de corrupção e lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros mimosos tipos penais.

E se desenha o Oroboro barroquista da serpente abocanhando o próprio rabo, instituições que cuidam apenas de promover ações umas contra as outras e não cumprem mais sua missão constitucional em prol dos cidadãos que lhe pagam as mordomias. Como já se levantou e denunciou: mais de 2/3 da ação estatal cuida da própria ação estatal, e não dos interesses dos cidadãos. A república do blefe de se fazer passar exatamente pelo que se não é, ou do que se não é pelo que de fato é!

Jogos nas redes

Por que será que as pessoas postam tantas fotos de si nas redes sociais? Ou citações de outros, para disfarçar que não são de “auto-ajuda”? E continuam sozinhas na vã expectativa de um mísero like? Pois, nas redes, não se encontram amigos de fato. Apenas a farsa de amigos, a ironia, o paradoxo, os eufemismos e hipérboles: o barroquismo do jeu de mots, jeux d’images, jeux d’idées das artes e letras.

Das artimanhas da pobreza de espírito humana de transformar palavras em trocadilhos que, por sua vez, remetem à jogos de imagens ilusórias. Mas que, quando no campo do pensamento, se tornam ideias enganosas da realidade.

Como diria o grande T. S. Eliot, estamos diante de homens ocos, a enganarem-se uns aos outros nesta Terra desolada de ideias, valores e princípios. Uma modernidade que, na ânsia do novo pelo novo, inspira na verdade o Barroco que, em priscas eras, já foi rico quando se curvava ante divinas imagens. E hoje nada mais é do que o barroquismo da soberba esquerdista que quer que os homens se curvem diante de outros homens.

Educação da ‘psico-política’

A fábrica de antifas em massa da educação pública brasileira, depois de mais de 20 anos de governos esquerdistas, consiste na introdução na base curricular dos temas transversos da ideologia de gênero, do ambientalismo, do globalismo, do abortismo, do relativismo moral, do novo paganismo contra as religiões tradicionais, do imanentismo, da anti-arte, da transgressão da norma gramatical, do ativismo judicial, desarmamentismo, liberação das drogas etc. Em suma, pura militância cultural gramsciana!

Persisto na tese de que o esquerdismo é a última expressão da resiliência barroquista desde que Cervantes prenunciou Gramsci, quando denunciou a intoxicação de Don Quixote pelos romances de cavalaria – da mesma forma como fazem hoje nas escolas públicas os militantes esquerdistas, antifas travestidos de professores, com os temas transversos e tóxicos acima descritos.

Rock ’n’ roll

Um amigo me envia vídeos nostálgicos dos primórdios do rock’n’roll dos anos 50, antes da escalada das revoluções de costumes a partir dos anos 60, entre os quais o famoso “Rock around the world” com Elvis Presley, numa sugestiva coreografia de um bando de jovens revoltados numa prisão.

Lembro a ele que já nos anos 70/80, reagíamos contra os “anos rebeldes” com a onda de canções líricas de B. J. Thomas e até mesmo os maiores sucessos dos Beatles, como “Yesterday”, “Hey Jude”, “Imagine” e outros.

Participávamos da desconstrução dos valores da tradição ocidental judaico-cristã, sem nos darmos conta do tamanho do estrago da “contracultura”. Em “Rock’n’roll lullaby”, B.J. Thomas nos dá um comovente exemplo de como ainda “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, no incondicionado amor de uma mãe pelo seu filho. Reveja o clipe na internet e me contem depois.

Culture de merde

A que nível chegou a torção barroquista de nossa baixa cultura com a decisão esdrúxula do militante Faquinha, acompanhada depois pelo pleno de equívocos… Que decepção esta Carmem Lúcifer, lamentam os incontáveis memes! Viva o resiliente barroquismo da cultura brasileira!

Trocar o mérito de uma sentença pelo detalhe do processo, e conspurcá-lo com falsas provas. Trocar a pintura pela moldura. Trocar a essência pelo efeito. A substância pelo adereço. O mote pela glosa. O efêmero pelo duradouro. O fato pela versão. Torção, retorção, contorção, distorção. Trocar a realidade pela ficção! Culture de merde, comme on diraient les français, resistente a qualquer tentativa de Iluminismo, e já se vão mais de dois séculos atrasados no Brasil!

A ironia

A ironia é um dos mais frequentes recursos para miríades de memes satíricas que viralizam nas redes sociais. No entanto, seus autores talvez desconheçam de que se trata de uma das mais antigas e perversas figuras retóricas barroquistas, pois tomam o que é pelo que não é, e vice-versa, abandonando a alma humana à sua total perdição!

Se nas fábulas e contos de fadas infantis, como bem observou o grande crítico inglês Chesterton, ensejam a educação moral dos jovens, no aprendizado do discernimento e do juízo, nas relações jurídico-políticas da sociedade, são a expressão da própria desordem moral.

Enquanto não entendermos isto, sobretudo os formadores de opinião como os produtores de conteúdo das redes sociais, estaremos retardando nossa entrada na cultura iluminista do bom senso e da plena razoabilidade. 

Basílica de Santa Maria della Salute

Nestes tempos de pandemônio, estamos todos saudosos de nossas viagens de férias. Angustiados mesmo se e quando poderemos retomá-las, sobretudo para os países do primeiro mundo e de alta cultura. E eis que alguém me envia fotos de suas férias passadas em Veneza.

Por trás da pose sorridente de turista feliz, está a Basilica de Santa Maria della Salute, que tem as maiores volutas barrocas entre todas as igrejas e catedrais da Renascença. Estas volutas, e não o alegado chiaroscuro, é que demonstram a maior característica do Barroco e marco da “grande confusão”, como diria Eric Voegelin, que se seguiu à modernidade.

Comecei a estudar este símbolo maior da retórica barroca e seu transbordamento por todas as áreas da expressão cultural ocidental no meu livro “Destorcer o Brasil”. Mas será que a face-amiga quer mesmo saber o que foi fazer em Veneza, para além de passear nas gôndolas?

Creia, amiga, que nunca achei nenhuma reflexão consistente, mesmo entre os conservadores da mais alta estirpe sobre a influência da cultura barroca no pensamento progressista. Por isso, escrevi este livro e estudo o fenômeno da resiliência barroquista em nosso imaginário ocidental. O que cheguei a pensar que se tratasse de fenômeno exclusivo da cultura latina, mas hoje vejo que penetrou também na modelar cultura da anglosfera.

CNM e o tratamento preventivo da covid

Diante da sensatez das declarações positivas do presidente do Conselho Federal de Medicina, temos de dar nomes aos bois e não generalizar a responsabilidade para toda a sociedade. Trata-se de típica artimanha retórica barroquista, herdada pelos esquerdopatas fratricidas da extrema imprensa que perderam gordas verbas de publicidade estatal, acadêmicos ociosos parasitas de universidades públicas, magistrados ativistas judiciais, alta burocracia da privilegiatura nacional, partidecos esquerdistas sem eleitores.

Buscam culpados no governo para se isentarem de qualquer responsabilidade cívica, culpam os outros antes de que possam vir a ser culpados. O fenômeno é antigo, vem da inquisição. Diante da inescapável condenação à fogueira, generalize a culpa, dilua a responsabilidade de suas escolhas para a comunidade, renegue valores da tradição, promova a farsa, finja arrependimento, mude de confissão. Resiliente barroquismo que nos retarda há dois séculos aceder ao Iluminismo!

Nelson Freitas

Respondendo ao vídeo viralizado nas redes do ator Nelson Freitas: – Nosso problema não é o povo nem as riquezas naturais que são abundantes! Mas, exatamente por este transbordamento natural, o desleixo para com os valores da tradição ocidental que nos legou uma orfandade cívica de verdadeiras elites.

Pois não existem elites desprovidas de alta cultura, sem ideal de nação, sequer de pátria; apenas saqueadoras de riquezas desde sempre. Incapazes de enxergar a luz do Iluminismo no fim do obscuro e retorcido túnel do barroquismo, onde empacamos desde o golpe da República.

Faz parte substancial e frequente da retórica barroquista a ironia que, se nas letras é notável, no debate público é imoral! O esquerdismo não tem apreço pelos valores morais da tradição, sobretudo pela vida. Basta ver o genocídio comunista russo, chinês e cubano.

E ainda têm a desfaçatez de chamar de genocida o atual presidente, numa descabida figura de hipérbole que só evidencia a falta de razoabilidade e honestidade argumentativa. Aliás, a hipérbole é outra arma retórica da farsa barroquista que, se nas letras é inigualável, transbordada para o debate público é simplesmente desprezível e estéril.

– O problema, Janaína, da Lava-jato sem a Lava-toga!

Todavia podemos acreditar que evoluímos muito desde 2013 para cá, com as grandes manifestações e a exposição da Lava-Jato. O que antes acontecia sem transparência, hoje é notório. O ponto de inflexão foi a ameaça que não se concretizou da Lava-Toga, onde reinou e reina a corrupção mais perversa.

Mas estamos caminhando. Precisamos de mais uma década da direita iluminista nos governos, e na chegada de uma maioria conservadora e liberal nos legislativos para tirar de nosso caminho a grande pedra que entrava o país, e para vislumbrarmos a luz da sensatez no final deste longo e tortuoso túnel barroquista de nossa história, Pois, como não avançamos na Lava-toga, eis que a Lava-toga avançou sobre a Lava-jato.

O comentarista Rodrigo Constantino reclama de falta de coragem moral, e pergunta até quando deixaremos o Supremo rasgar a Constituição.

Simples. Sabemos muito bem que, até quando não ocuparmos o Senado para exigir a tramitação dos pedidos de impeachment da quadrilha suprema, ao mesmo tempo em que devemos ocupar o Supremo para exigir a pauta de julgamento da quadrilha do senado. Com ou sem apoio das FFAA. Apenas com coragem moral, virtude iluminista.

Enquanto isto não ocorre, nosso SSTF, que não pode se meter em demanda política de hipótese alguma, sob pena de abuso de poder e desvio de função, infelicita toda uma nação. Quando deveria rejeitar tão simplesmente qualquer demanda de procedência e inspiração política para a real independência dos poderes e felicidade geral da nação.

Chega de barroquismos! Janaína Paschoal, que vive denunciando manobras processualísticas dos supremos desmandos, precisa ler minha tese e entender que o buraco é mais embaixo, a questão é cultural, da artimanha barroquista de trocar a pintura pela moldura, o mote pela glosa, a essência pelo acessório, o juízo, enfim, pelo processo.

E volta a circular o vídeo do general Mourão avisando que o exército não vai bater continência ao Lularápio. Foi dada a senha? Enquanto isso, nossos sinistros “executam” o plano de combate à covid. E o Brasil regride mais uma vez ao barroquismo anterior ao século 17, quando o estado tutelava a liberdade religiosa. Porque, de nada adianta as esquerdas serem minoritárias nos executivos e legislativos nacionais se, tendo aparelhado os judiciários, sobretudo as cortes superiores, acabam por impor sua vontade por sucessivos e indevidos recursos aos tribunais superiores. E este tem sido o nó que temos de desatar urgentemente, senão nada vai andar.

o nó do borogodó.

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Artigo do DCSP – “O Brasil que nos querem fazer acreditar”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-o-brasil-que-nos-querem-fazer-acreditar-por-jorge-maranhao/#respond Wed, 03 Feb 2021 20:49:24 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39915 O Brasil se encontra há mais de um século numa encruzilhada cultural entre avançar para o iluminismo ou permanecer no barroquismo. Para ser preciso, com o golpe da República, passamos a achar que golpes valiam a pena, e nos persuadimos por décadas seguidas em seus correlatos jeitinhos, manobras, pastiches, puxadinhos e acochambramentos que caracterizam a retórica barroquista.

Entre seguir no caminho do discernimento, último fim do iluminismo que marcou a Monarquia Constitucional brasileira, e permanecer no registro cultural dominante da farsa e do fingimento, último fim do barroquismo, escolhemos chafurdar nesse lodo!

Infeliz escolha entre as excludentes opções da razão e do bom senso iluministas, contra a paixão e insensatez barroquistas!

Passamos a confundir arte com ciência, ideologia com filosofia. Conservadorismo com reacionarismo. Progressismo com voluntarismo. Temperança com soberba!

Três décadas depois do golpe da República, sob a vil desculpa do nacionalismo, da busca pela identidade nacional, começamos a inventar e cultuar várias jabuticabas no âmbito da vida política, judicial e moral do país, como federalismo centrífugo, moeda sem lastro, milagres econômicos, democracia racial, cunhadismo e bacharelismo burocráticos, sincretismo religioso, teologia da libertação e antropofagia cultural, entre outros fenômenos.

Assim como nossas narrativas históricas e literárias começaram a se povoar de místicos religiosos, coronéis de engenhos, barões de café, heróis da jagunçagem, juízes de fora e de paz, altos burocratas servidores de si mesmos, engenheiros de obras feitas, médicos de mezinhas, curandeiros de espíritos, santos de pau-oco, moças meio-virgens, santos milagreiros, pescadores de almas, mulas sem cabeça, bois de piranha, vacas de brejo, e tantas e mais tantas fantasias e lusco-fuscos semânticos. Mas nada como a mítica figura do Curupira de pés invertidos, nossa legenda maior, a nos desviar nos caminhos da razão e do bom senso.

E nos lançamos, enfim, na Semana de Arte Moderna em 1922, que no ano que vem completa mais outro século de confusão entre arte e ciência, paixão e sensatez, conchavo e política. Pois as artes podem tudo, sobretudo transbordar de sua competência imaginária para a distorção da realidade. De torções, retorções, contorções e distorções da realidade.

Sobretudo o modernismo que, no Brasil, nunca foi tão barroquista exatamente por querer escamotear o seu solene desprezo pela nossa origem barroca, sua arrogante ignorância esquerdista porque progressista e de raiz romântica. Pois, se o modernismo europeu é o último grito de estertor romântico, o modernismo brasileiro é o chafurdar na pocilga retórica barroquista pesando a mão nas hipérboles, nas metáforas, nas ironias e, sobretudo, nos paradoxos, nossa mania visceral e nacional de ver o mundo.

Salvo algumas exceções de sempre que me veem de memória, e que vieram mais para sublimar nosso barroquismo do que propriamente para superá-lo, como os grandes Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Mario Ferreira dos Santos, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Portinari, Burle Marx, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Glauber Rocha, e tantos outros, que nos fizeram acreditar na transcendência de nossa miserável condição barroquista, e resgataram a alta cultura promovida durante o Império.

Mais trinta anos depois do surto modernista, vivemos uma verdadeira renascença cultural com os movimentos da Bossanova, Cinema Novo, arquitetura e literatura Modernas, quando Brasília esqueceu-se de sua missão política e virou uma Versailles distante do povo, museu a céu aberto.

Mas, desde a década de sessenta, perdemos outra vez o rumo do iluminismo brasileiro. Por viés esquerdista, a doença senil do barroquismo retornou, e achamos que, depois da transição do regime militar para a democracia, viveríamos um outro apogeu cultural.

Ledo engano barroquista, mais uma senda equivocada indicada por Curupira para a perda da razão iluminista. Meio a trinta anos de governos socialdemocratas e socialistas, eis que chegamos a uma vexaminosa estagnação cultural – para não falar mesmo em baixa cultura marginal de massa e de barbárie, especialidade da demagogia esquerdista.

A alta cultura que nos inseria na cadeia da tradição clássica do Ocidente se reduziu a arte de rua, pichação, funk music, batidão e demais acrobacias.

Porque digo isto? Por que falta a mínima união, o mínimo consenso entre brilhantes conservadores e egocêntricos liberais, sobre a melhor estratégia de argumentação para enfrentar o dragão de mil faces do esquerdismo mundial, e os estragos que deixou no Brasil carente de resistência cultural em suas elites. Malgrado as evidências históricas do fracasso socialista, na distribuição de pobreza e na crueldade ímpar na condução dos governos de inúmeras nações, estamos sempre confundindo, pelas manhas e diatribes de Curupira, a democracia com demagogia, a vilania com cidadania, a justiça plena com a justiça social, a vida com condições de vida, a liberdade como libertinagem.

Porque atacar a esquerda com argumentos racionais singulares não adianta! É mero barroquismo. Somente no atacado, no seu fundamento ético, como provou o fracasso recente da retórica trumpista. Somente em suas raízes culturais barroquistas podemos quebrar a hipocrisia e denunciar que o rei está nu! Retórica feita de farsa, paradoxo, hipérbole e transbordamento das artes para o campo da política, da justiça e da moral! Não adianta argumentar com a razão e o bom senso, pois o esquerdismo irá sempre invocar a beleza das artes!

Paulo Guedes, por exemplo, embora a razão maior entre os ministros, não soube ganhar o dispositivo militar que, por sua vez, anda sempre às turras com a ala ideológica do primeiro governo eleito por uma aliança entre conservadores e liberais. Só formando uma nova mentalidade na oficialidade podemos equilibrar as forças de doutrinação esquerdista largamente disseminadas na academia, na justiça, na imprensa, na política e nas artes e espetáculos! O professor Olavo tem razão. Mas não adianta xingar. Temos de incluir a academia militar na argumentação conservadora-liberal! Levar a sério o programa de educação cívico-militar.

Os ativistas pró-vida, anti-desarmamentistas, pró-família, da ortodoxia católica de um Bernardo Kunster, Pe. Paulo Ricardo e Bene Barbosa, os comentaristas do bom senso, ímpares destruidores de mitos, como Percival Puggina, Leandro Ruschel, Rodrigo Constantino, Caio Coppola, Ana Paula Henkel, os juristas contra a corrupção e o ativismo judicial esquerdista como Modesto Carvalhosa, Evandro Pontes, Felipe Gimenez, Ives Gandra Martins, Janaína Pascoal, Ludmila Grillo, etc.

Sobretudo os jornalistas demolidores de farsas dos poucos veículos imparciais e canais noticiosos mais influentes, como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza, Claudio Lessa, Luis Ernesto Lacombe, José Luiz Datena, JR Guzzo, José Nêumane Pinto, Diego Casagrande, Diogo Mainardi, Felipe Moura Brasil, Silvio Grimaldo, Alan dos Santos, Leda Nagle, Karina Michelin, Fabiana Barbosa, Paula Marisa etc.

Os humoristas Danilo Gentili, os Hipócritas, Porta dos Fundos, Te Atualizei, Embrulha para Levar. Os canais conservadores de educação e cultura como Brasil Paralelo, Instituto Mises, Instituto Borborema, Instituto Burke, Rodrigo Gurgel, Senso Incomum, Mauro Ventura, e das editoras Vide, É Realizações, LVM, Resistência Cultural, Ecclesia e outras.

Todos unidos ainda serão poucos diante das mentalidades tomadas pela retórica esquerdista! Que joga em peso pelo #foraBolsonaro, mesmo quando quer aparentar bom senso, isenção e imparcialidade.

Veja a CNN que se diz “campeã de imparcialidade”! Evidente que não é uma #Globolixo que resolveu jogar no lixo décadas de jornalismo dito imparcial na sua campanha suicida pelo impeachment do presidente, o qual não perde uma chance em desmascará-la!

Basta ligar em qualquer telejornal, em qualquer hora do dia, e logo-logo constataremos sua rendição à retórica esquerdista. Noutro dia, e a título de mero exemplo, presenciei a âncora da CNN, Monaliza Perrone, disparar que o ministro Lewandovsky acabara de determinar que o ministro Pazuello seria “totalmente” investigado pela Polícia Federal, e ele seria “mais um dos generais investigados” no governo Bolsonaro. Fica no ar a dúvida se alguém pode ser parcialmente investigado, se na verdade é ou não é simplesmente investigado – o que deixa em aberto a parcialidade de crença da própria jornalista.

Fora o uso indiscriminado do advérbio de lugar “ali” a cada frase enunciada, como se pudesse ser “aqui” ou em qualquer outro lugar o relato, não importa do que está sendo relatado.

Aliás, esta mania de “ali” virou uma febre viral no jornalismo tupiniquim. Um verdadeiro cacoete narrativo. Repare você mesmo que, qualquer repórter ou mesmo cidadão das redes sociais, na função de narrar um acontecimento, relatar um evento qualquer, acaba lançando mão desta irritante bengala do “ali” no meio da fala. O que demonstra, como manda o bom modelo barroquista, a repetição ad nauseam e a sobrevalorização de advérbios e adjetivos sobre quaisquer substantivos, e até mesmo sobre as ações verbais.

Poderia dar mais outros infindáveis exemplos, mas nossos agentes de reprodução da cultura, repórteres da suposta realidade em cruzada mitológica contra os dragões das fake news, não demonstram sequer apreço pelo idioma, sequer dedicação à verdade dos fatos, ao menos pela reputação dos veículos de mídia através dos quais desfiam suas retrógadas retóricas.

Como disse, a Globolixo não tem mais jeito por que se trata de uma ação deliberada de campanha difamatória para além da parcialidade jornalística. Mas a CNN, soi disant “líder em imparcialidade”, precisava ter mais juízo e recorrer a alguém de fora para exercer a função de contrarregra e dar retorno aos seus jornalistas de seus atos falhos narrativos. Fica a sugestão.


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Artigo – Do Estadão: “O naufrágio”, por J. R. Guzzo https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estadao-o-naufragio-por-j-r-guzzo/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-estadao-o-naufragio-por-j-r-guzzo/#respond Sun, 06 Dec 2020 16:42:31 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39906
DECEMBER 06, 2020
Diante da comédia de circo montada em torno da “reeleição” do senador Davi Alcolumbre e do deputado Rodrigo Maia para os cargos que ocupam como presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, vale a pena sair um pouco da neura cultivada pelo noticiário político e pelas mesas-redondas na televisão e fazer algumas perguntas bem fáceis de responder. A primeira é: “Existe uma única pessoa, no Brasil e no mundo, que esteja pedindo a reeleição de qualquer dos dois – salvo eles próprios, suas famílias e seus amigos?” A resposta – não, não há ninguém pedindo nada – já resolve 90% da questão, não é mesmo? Se toda essa novela de terceira categoria se resume a atender aos interesses pessoais dos envolvidos, não faz o menor nexo violar abertamente a Constituição, em parceria com o STF, só para deixar contentes o senador e o deputado.

As outras perguntas possíveis são igualmente elementares. O que a população brasileira teria a ganhar na prática com a permanência, até o momento ilegal, de Alcolumbre e de Maia nos seus empregos atuais? Nada, outra vez. Qual a grande emergência nacional que poderia recomendar uma mudança na Constituição para legalizar os desejos desses dois cidadãos? Nenhuma. Enfim: qual seria o motivo de interesse público, mesmo teórico, para justificar essa “reeleição”? Nenhum. Conclusão: a história toda deveria ser encaminhada para o arquivo morto, e não sair mais de lá. Só que não: os presidentes atuais do Senado e Câmara continuam sendo tratados pela mídia, pelo mundo político e pelas elites como dois imensos estadistas empenhados no melhor desfecho de uma grave questão nacional. Não há questão nacional nenhuma. Há apenas uma tentativa de atender a interesses individuais.

Nenhum dos dois, pelo que está escrito na lei, tem o direito de continuar no cargo. Alcolumbre, pelo menos, teve a sinceridade de admitir que está interessado no que é melhor para ele. Maia tem feito de conta que é apenas um patriota à espera de decisões superiores; tudo o que deseja é “cumprir a lei”, na condição de defensor número um do “estado de direito” que atribui a si mesmo. Assim sendo, o presidente do Senado pediu que o STF tomasse essa extraordinária decisão que frequentou as manchetes nos últimos dias: declarar que um artigo da Constituição é inconstitucional. O artigo em causa proíbe a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso, nas condições em que estão os mandatos de ambos.

Mesmo deixando de lado a questão central – a absoluta falta de sentido da reeleição –, deveria estar claro, de qualquer forma, que uma mudança na Constituição só poderia ser feita por emenda constitucional, e só os 513 deputados federais e 81 senadores têm o direito de aprovar emendas constitucionais. Mas não é desse jeito que as coisas funcionam no Brasil de hoje. O Poder Legislativo aceita, com perfeita passividade, a sua submissão ao Poder Judiciário; em consequência, faz o que o STF manda.

Os atuais presidentes do Senado e da Câmara, quando se esquece a conversa fiada, estão em busca de uma coisa só: a manutenção dos poderes, dos privilégios e da vida de sultão à custa de dinheiro público que a Constituição Cidadã lhes garante – vantagens turbinadas pelas constantes “releituras” da lei que os membros do Congresso vivem fazendo em seu próprio favor. O STF, naturalmente, não vai decretar a reeleição dos dois – ou pelo menos não se sugeriu essa saída até agora. Mas é um atestado do naufrágio do Congresso brasileiro que seus comandantes peçam que a lei seja violada – e entreguem o futuro do Poder Legislativo a onze cidadãos que nunca tiveram um voto na vida.

*JORNALISTA

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Artigo do DCSP: “Pior a emenda do que o soneto”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-pior-a-emenda-do-que-o-soneto-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-pior-a-emenda-do-que-o-soneto-por-jorge-maranhao/#respond Fri, 27 Nov 2020 18:05:38 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39903 O grande problema do Brasil é que as soluções para os problemas criados pela alta burocracia estatal são sempre parte desse problema, e jamais uma solução.

E antes que algum de nossos supremos togados resolva me processar por ataque à “honra institucional” do Supremo Jeitinho, vou logo adiantando que minha livre expressão de opinião é garantida na Constituição que eles dizem defender e lhes é integralmente negativa. 

Lamento, mas se dirige às pessoas de seus atuais ministros, mais conhecidos como ‘sinistros’ no território livre das redes sociais, e ocupantes temporários do Egrégio Pretório, e não contra a instituição em si que, de resto, estou para saber se pode mesmo merecer os atributos de alguma forma de honorabilidade, salvo por via de barrocas metonímias, figuras retóricas de duvidoso gosto e cabimento. 

Pois o que define o capítulo V do Código Penal são os crimes contra a honra da pessoa tout court e, não por metonímico puxadinho, para entes inanimados e abstratos como quer o barroquista vício de transbordamento hiperbólico da retórica coletivista. 

Pois coletivistas e socialistas, sejam carnívoros petistas ou vegetarianos peessedebistas, são a maioria dos supremos togados, indicados por escusos interesses politiqueiros de nossos últimos governantes esquerdopatas, passando longe de quaisquer resquícios de reputação ilibada ou notório saber jurídico. 

Nomearam apenas os compadres de confiança. E aí, deu no que deu. A atual composição de nosso Supremo de Frango tem sido a mais desmoralizada da história em miríades de posts das redes sociais. Não fosse também o plenário de composição o mais medíocre da história da instituição, desde o Império. 

Vide, a título de mero exemplo, a composição dos ministros da Casa de Suplicação, antecessora do atual Supremo, no período imperial de nossa história – para não falar do Senado Federal ou do Conselho de Ministros, com estadistas do porte de um José Bonifácio de Andrada e Silva, cientista-membro das academias de ciências da Alemanha, Inglaterra e Áustria. 

Ou Joaquim Nabuco, fundador da Academia Brasileira de Letras, correspondente na Inglaterra e embaixador dos Estados Unidos. Ou mesmo José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, economista introdutor do pensamento de Adam Smith no Brasil e, como jurista, primeiro tradutor da obra de Edmund Burke para o português. 

Um dos mais evidentes sinais da decadência cultural que trinta anos de ocupação de poder nos legou às hostes governantes esquerdistas brasileiras é a tentativa de explicação do atual encarregado das eleições municipais sobre ataques cibernéticos, justificando mais um inquérito aberto pela Policia Federal – uma vez que a explicação para a lambança da totalização centralizada e travada das eleições municipais deste ano não convenceu ninguém, provocando apenas memes de chacotas das mais risíveis nas redes sociais. 

Uma das mais sagazes explica a diferença entre a fraude eleitoral americana e a fraude eleitoral brasileira. A primeira, termina na Suprema Corte americana, enquanto a daqui do Brasil começa na Suprema Corte. Assinado, o cidadão curitibano Roberto Legey, conhecido ativista com milhares de seguidores nas redes sociais. 

O que nos leva ao senso comum de que o grande problema do Brasil é que as soluções para os problemas criados pela obesa alta burocracia estatal são sempre parte do problema, e jamais uma solução. Ou, como no dito popular, pior a emenda que o soneto.

E o circo deve continuar mais animado ainda para este segundo turno no que tange a acirrada disputa, sobretudo nas capitais do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pernambuco.

A esquerda prometendo mundos e fundos na maior cara de pau, apostando na memória curta do eleitorado e na falta de cobrança de promessas ocas no decorrer dos mandatos por uma criminosa parcialidade da grande mídia profissional, e dos deformadores de opinião da academia infiltrada de ativistas progressistas. 

Segundo a economista Zeina Latif, no Estadão, as promessas de Guilherme Boulos, por exemplo, são inexequíveis. O jovem demagogo, tido como o novo Lula da atual geração, reproduz o discurso da velha esquerda que não acredita em restrição orçamentária e acha que tudo se resolve com mais recursos caídos dos céus.

 A lista de promessas de campanha é inexequível, pela escassez dos orçamentos públicos e, acima de tudo, por contemplar medidas tecnicamente equivocadas. Para cobrar a dívida ativa, em boa medida irrecuperável neste país de crises frequentes, Boulos promete contratar mais procuradores.

Para reduzir a população de rua, propõe usar a rede hoteleira e contratar mais agentes de assistência social. Para a segurança pública, mais policiais. Para a saúde, mais médicos. E por aí vai. Soluções de aparelhamento da máquina pública, jamais inovadoras.

UQuando a direita não cumpre com seu dever de explicitar a verdade dos números, a esquerda vence com a farsa retórica barroquista! Ou aprendemos esta amarga lição da história das democracias, ou continuaremos a marchar um passo à frente e dois outros atrás. 

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Artigo – Sobre o Populismo, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-sobre-o-populismo-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-sobre-o-populismo-por-mario-guerreiro/#respond Thu, 29 Oct 2020 22:52:50 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39891                     Que o populismo seja algo atribuído a líderes políticos, disto não há a menor dúvida. Mas como se caracteriza uma liderança populista? Líderes bastante diferentes já foram rotulados de “populistas”. Por exemplo: demagogos gregos, Hitler, Vargas, Perón, Mussolini, Stalin, Chávez, Lula.

Disto se conclui que (1) o termo tem sido usado abusivamente ou (2) trata-se de algo bastante elástico, que independe da ideologia professada pelo líder. Dizer que há um populismo de direita ou de esquerda, pode ser até razoável, mas não resolve nada, a menos que definamos o que devemos entender precisamente por “populismo”.

Antes de tentar equacionar essa questão, resta ainda outra: devemos entender que populista é o mesmo que demagogo? Caso seja, populismo seria o mesmo que demagogia.

Como ponto de partida, tomemos o que, em Filosofia, costumamos chamar de definições de dicionário. Segundo a Wikipedia, populismo= df.  práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente contrapondo um conjunto este grupo a uma “elite”. Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então. Poucos atores políticos descrevem a si mesmos como “populistas”, e no discurso político o termo geralmente é aplicado a outros pejorativamente.

Em primeiro lugar, a Wikipedia assinala um traço já assinalado por nós: “Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então. Em segundo, a Wikipedia fornece uma noção vaga, ainda que não inadequada e/ou errônea: práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente contrapondo um conjunto este grupo a uma “elite”.

É bastante comum, em uma liderança populista, a contraposição de “populismo” e “elitismo”, considerando este último termo algo ruim devendo ser combatido, embora nem sempre o populismo seja explicitamente considerado bom. Creio que a maioria dos líderes populistas não gostem de ser assim chamados, mas outros há que não se importam, desde que seja aceita a definição positiva dada por eles ao termo como “populista”= df. “aquele que ama o povo e tem horror das elites inimigas do povo”

Leonel Brizola, lembro-me bem, disse algo mais ou menos assim: “Algumas pessoas acham que populismo é uma coisa ruim, mas eu não penso assim. Populista é  aquele que está preocupado com o povo, que se importa com o povo”. Cito de memória e não posso garantir que o ex-Governador do Rio Grande do Sul e, posteriormente, do Rio de Janeiro tenha proferido exatamente essas palavras, mas estou certo de que são a expressão correta de seu pensamento.

Apenas uma advertência: no jargão brizolista, assim como no jargão esquerdista, a palavra “povo” não quer dizer “todos os indivíduos de todas as classes sociais de uma nação”, mas sim a classe pobre, popularmente: “o povão”.

Um exemplo de uso semelhante pode ser encontrado no filme o Dr. Jhivago, baseado no romance do mesmo nome, de Bóris Pasternak (Prêmio Nobel). O Dr. Jhivago é um médico de alta classe média russa quando ocorre a Revolução de 1917. Ele é imediatamente recrutado pelo Exército Vermelho do general Trotsky. Ele passa meses cuidando dos feridos em batalhas, mas quando tem uma folga, ele volta para sua casa em Moscou.

Percebe que sua casa foi requisitada pela Revolução Comunista e tem várias famílias morando nela. Embora não possa estar satisfeito, porque não era comunista, não emite uma só palavra de insatisfação ou crítica à Revolução, mas uma sargentona do Partido vai logo lhe dizendo: “Agora tudo mudou. A Rússia agora é o país dos trabalhadores !”

Ao que Jhivago observa: “Mas eu também sou um trabalhador, sempre trabalhei como médico” (só não disse que tinha trabalhado de graça para a Revolução). No contexto acima, “os trabalhadores” são apenas a classe proletária, da qual acham-se excluídos profissionais de classe média como médicos, advogados, engenheiros, etc. Pra todos os efeitos, “os trabalhadores”  são “o povo”.

Vejamos agora a definição de dicionário de “demagogo” da Wikipedia. Demagogo=df.”é um termo de origem grega que significa “arte ou poder de conduzir o povo”. É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Considero esta definição de dicionário bastante fiel ao uso da palavra e de acordo com um conceito da Ciência Política. Só devemos entender que o verbo grego agogein, relacionado com “gogo” tem, neste contexto, uma conotação pejorativa, que é bem expressa por “manipular”.

Isto se torna bastante claro na sequência da definição: É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Desse modo, o demagogo é um falso moedeiro, alguém que faz promessas que não pode cumprir e/ou pode mas não tem a mínima intenção de cumprir. E suas promessas visam a uma finalidade única: apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Parece que chegamos a uma compreensão razoável dos termos “populista” e/ou “demagogo”, mas resta ainda examinar duas expressões com as quais esses termos estão intimamente relacionados: “culto da personalidade” e “carisma”.

Pela primeira expressão, entendemos o endeusamento da figura do líder, em parte promovido pela propaganda e em parte promovido pelos seus liderados. Uma raposa política das mais felpudas certa vez disse – cito de memória e não poso garantir que tenham sido estas suas próprias palavras, mas garanto que é a expressão correta de seu pensamento – “Ninguém pode se dizer líder, líder é quem os outros dizem que é”. Correto! De que adiantaria alguém autoproclamar-se líder, mas os outros não reconhecerem?!

Do mesmo modo, que seria de um profeta se ele fizesse profecias, estas sempre se realizassem, mas ninguém lhe desse crédito? Seria como Cassandra, que recebeu uma terrível maldição do deus dos oráculos, Apolo. Cassandra ergueu sua voz e vaticinou: “Se vocês, troianos, abrirem as portas de Tróia e acolherem este grande cavalo de madeira, será o fim de Tróia!” E ninguém acreditou nela!

Decorre daí que a liderança é um fenômeno somente compreensível dentro da interação de líder e liderados. Assim como o fenômeno da representação política decorre da relação entre representantes e representados.

Ora, sendo o populismo/demagogia uma forma espúria de liderança, ele também é um caso de interação, de interação entre quem está enganando seus liderados e seus liderados que se deixam enganar. Caindo na popular: que seria do malandro, se não existisse o otário? Ou do masoquista, se não existisse o sádico?

Carisma era um termo da linguagem religiosa transformado num termo da linguagem da ciência política por Max Weber, para caracterizar um tipo de liderança autêntica ou demagógica, veiculadora desta ou daquele ideologia, possuidora do inexplicável poder de gerar forte influência sobre os outros, que são tomados por uma espécie de fascínio, tornando-se capazes de fazer “tudo aquilo que seu mestre mandar”.

Se o leitor pensou em Adolf Hitler, acertou na mosca, mas se o leitor pensou em Mahatma Gandhi, acertou também.  Mas como pode o carisma ser atribuído tanto a um tirano sanguinário como a um grande líder pacifista?

Só seremos capazes de desfazer essa incongruência, se considerarmos que “carisma” é uma expressão axiologicamente neutra, como queria Weber, ou seja: é em si mesma desprovida de valor e só adquirirá valor dependendo dos fins atrelados a ela. Simplificando: assim como a astúcia e o conhecimento, o carisma não é bom nem mau, tudo dependendo do fim para o qual está voltada a ação de um líder carismático.

Se Gandhi empregou seu carisma para uma finalidade pacífica e libertadora, Hitler empregou o seu para uma atividade belicosa e escravizante.

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Artigo – do DCSP: “Babau! Na terra das fake news ninguém investe!”, por Jorge Maranhão https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-babau-na-terra-das-fake-news-ninguem-investe-por-jorge-maranhao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-dcsp-babau-na-terra-das-fake-news-ninguem-investe-por-jorge-maranhao/#respond Thu, 17 Sep 2020 13:52:17 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39880 Como um empreendedor pode tomar alguma decisão sobre investimento, ou mera alocação de recursos, em meio à guerra de narrativas das mídias de massa, do judiciário cativo de ativismo e de uma academia de intelectuais militantes? 



Diante do brain drain nacional, pensei em criar Associação Internacional dos Brasileiros Autoexpatriados, cuja sugestiva sigla poderia ser Babau Brasil. Estando longe, e talvez por isso mesmo, ela possa fazer mais pelo país, antes que os esquerdistas e seus inocentes úteis acabem de vez com nossas parcas esperanças.

Pois a visão de fora deve ser mais fidedigna do que a visão de dentro, dos que permanecem cativos das grandes redes de desinformação da extrema imprensa.

Mesmo os autoexilados do Brasil profundo, o rico agrobusiness que do interior sustenta a vagabundagem urbana, alheios à bolha progressista dos grandes centros urbanos, se informam pela mídia internacional setorizada e na realidade concreta dos maiores importadores de alimentos do mundo!

E não caem na bavardage estéril dos comentaristas de bastidores dos podres poderes de Brasília.

Apesar da vergonha internacional de nosso Supremo Jeitinho, que persegue com censura, mandados de busca e apreensão e até mesmo de prisão inúmeros cidadãos comentaristas de nossa miséria política e cultural, ainda não conseguiu calar a boca de nossos comentaristas que falam do exterior.

Acompanho algumas dezenas deles e é impressionante a diferença do Brasil que narram, do Brasil que nos apresentam os jornalistas “profissionais” da grande imprensa extrema, corporativista e esquerdalhada. E a cada dia que passa, mais e mais cidadãos cancelam suas assinaturas da grande mídia e passam a seguir e assinar nossos comentaristas espontâneos de centenas de blogs e canais que já não tenho tempo de acompanhar tantos.

Todavia, há exceções numa pequena trincheira de grandes nomes do jornalismo profissional independente com colunas em alguns veículos de porte médio como Alexandre Garcia, Augusto Nunes, Guilherme Fiúza, J. R. Guzzo, Caio Coppolla, Diogo Mainardi, Felipe Moura Brasil, José Nêumane Pinto, Luiz Ernesto Lacombe e alguns outros.

Mas o fenômeno impressionante mesmo é dos próprios cidadãos dos mais variados setores profissionais botando a cara nas redes sociais para opinar sobre a cena política: além de jornalistas independentes, advogados, promotores, juristas de renome, economistas, historiadores, filósofos, cientistas sociais, pesquisadores, cientistas, médicos e até mesmo alguns empresários comprometidos em monitorar e vigiar os desmandos e desvarios de Brasília.

Proponho apenas que nos reunamos todos na Babau Brasil para nos manifestar em coro e em torno de uma pauta estratégica de consolidação das conquistas da aliança entre conservadores e liberais, desde 2013 a 2018, sobretudo para impedir que a esquerdalha retorne em 2022 com seu populismo e enganação geral. E o país, que já foi de cem milhões de técnicos de futebol, passe a ser agora uma barreira de cem milhões de cidadãos políticos.

Evidentemente que uma pauta estratégica deve priorizar não apenas uma desratização das instituições de estado, do executivo, legislativo e judiciário, tomadas por mistificadores e contorcionistas nos últimos 30 anos de governos esquerdistas, como também as instituições da sociedade civil de educação, representação empresarial, imprensa, entretenimento, sindicatos e igrejas. 

Sobretudo na imprensa que reverbera, não apenas a “barulhenta e vibrante democracia brasileira”, no dizer de Paulo Guedes, como a guerra maior da desinformação maliciosa de jornalistas que permanecem nos bunkers da grande mídia para solapar o governo com a maior torção que já tivemos notícia em nossa história: o sentido mesmo das alegadas fake news.

Pois é bom lembrar que não se trata de um fenômeno novo nem sequer brasileiro, pois boatos sempre existiram desde que se disputa poder político na história da humanidade. Na sua versão contemporânea, todavia, o uso do termo foi um alerta da campanha de Donald Trump contra a mídia convencional que sustentou até o último minuto que ele não ganharia as eleições americanas.

Caso semelhante ocorreu no Brasil no embate de Bolsonaro contra poderosas organizações de mídia como Rede Globo e Folha de São Paulo. E nem por isso, seus jornaleiros botam a mão na consciência, como a petralhada bandida, para se retratar com a opinião pública.

Ao contrário, com a campanha do “Fato ou fake”, a Rede Globo sequestrou o sentido e inverteu a acusação que, se
originalmente era de políticos conservadores contra a infiltração esquerdista da grande mídia, passou a ser o combate contra os cidadãos conservadores e liberais que dão sustentação ao presidente eleito – o que acabou arrastando membros do legislativo e do Pretório Excelso do Supremo Corte para a aventura desmoralizante do “Inquérito do fim do mundo”.

E esse é o ponto que temos todos de entrar em consenso. Pois a fake news surgiu exatamente como uma denúncia de uma voz vitoriosa conservadora do mundo contra uma hegemonia progressista da imprensa que fica distorcendo a realidade.

Quando a própria tentativa de progressistas em eliminar os conservadores se torna uma contradição em termos, uma vez que não se pode verificar progresso sem o ponto de partida conservador. Quando, hoje se sabe, conservadores não são contra o progresso, se não quando às custas de valores da tradição humanista, o que na verdade é regresso.

Sobretudo para nós, desprovidos de alta cultura e senso de discernimento, imersos em nossa mentalidade barroquista miserável: o que era uma denúncia de um conservador contra os progressistas, que sempre colocaram a farsa acima do fato, se contorciona numa arma dos progressistas contra os conservadores com o novo rótulo de fake news. O máximo da torção que pode existir e que é típica da cultura barroquista brasileira.

A partir de agora, se trata de consolidar o que promete ser o início de uma era iluminista, enfim, cuja oportunidade e responsabilidade só cabe a nós. Pois o iluminismo, desde a Renascença europeia, que não nos alcançou devido o assalto barroquista, não se iludam, não foi feito apenas de grandes ideias de grandes artistas, filósofos e cientistas. Mas sobretudo de empresários que as financiaram na prática.

Por isso proponho que tenhamos uma pauta mínima comum de pensamento e ação diante desta guerra de narrativas por que passa a cultura política, jurídica e social brasileira, iniciada a partir das megamanifestações de 2013, com vistas a se consolidar ou dispersar em 2022.

Quando da passagem de dois séculos de barroquismo mental brasileiro teremos a oportunidade histórica de completar a primeira década de relativo e impúbere iluminismo, com a resistência do mestre de todos nós, o filósofo Olavo de Carvalho, ele próprio um autoexilado e sem nenhuma dúvida nosso maior exemplo de brain drain.

Como lema da associação, lanço a sugestão: “antes de cuspir na terra que te pariu, pergunte o que ganhas com isto e o que tens feito para ajudar o Brasil a superar seu impasse civilizatório”?

Por que está cada dia mais claro que, ou saímos desta, juntos, ou estaremos todos condenados a mais algumas décadas de crescimento do tipo marcha-soldado e, pior, com as esquerdas tendo “tomado o poder”, no dizer de seu guru ideológico, para perpetuar a cultura da barbárie do “quanto pior, melhor”, típica retórica do paradoxo barroco-esquerdista.

E conclamo sobretudo nossos empreendedores para o enfrentamento dos dez segmentos boicotadores do crescimento nacional como já me referi aqui em artigo anterior. Através de grupos de discussão mais aprofundada das causas do impasse brasileiro e suas possíveis saídas.

Pois, como um empreendedor ou investidor pode tomar alguma decisão sobre investimento, ou mera alocação de recursos, meio à guerra de narrativas das mídias de massa, o dito jornalismo profissional progressista, um judiciário também cativo de ativismo judicial, uma academia de intelectuais militantes de ideologias esquerdistas hegemônica?

Este é o impasse brasileiro, em conluio com a privilegiatura da alta burocracia, dos políticos fisiológicos, artistas e onguistas mamadores das tetas do Tesouro: impasse cultural, de uma resiliente cultura barroquista que habita nosso imaginário! Que tudo falseia, escamoteia, torce e distorce, retorce e contorce, como na tese de meu livro que você pode conhecer aqui. E que servirá de roteiro para nossos grupos de cidadania corporativa. 

Exemplo? Quando o presidente nos questiona e diz para nos compararmos a Israel, tudo que eles não têm e o que tanto fazem de tão pouco, e tudo o que nós temos de riqueza natural e o tão pouco que somos, e não dá a resposta, eu ouso dá-la: somos cativos de uma narrativa hegemônica de três séculos quando achamos “que Deus provê”, “em se plantando tudo dá” (nosso sucesso real, por sinal), não desfazemos as narrativas imaginárias, fantasiosas, da “segunda realidade quixotesca”, da mentalidade revolucionária denunciada por Olavo de Carvalho, da paralaxe cognitiva, quando queremos crer que a realidade se constitui de nossas crenças.

A ideologia esquerdista materialista é a nossa maior desgraça cultural pois filha dileta e expressão da resiliência secular de nosso barroquismo mental. E para superar este impasse temos de nos conscientizar minimamente da guerra de narrativas e estabelecer o consenso sobre algumas poucas prioridades estratégicas, uma única pauta viável para o país superar a armadilha do baixo desenvolvimento. Como tenho dito:

1. Influenciando de todos os meios possíveis para que os dirigentes e editores das grandes redes de mídia passem a contratar jornalistas e produtores de conteúdo liberais e conservadores para compensar a hegemonia esquerdista das últimas décadas e restabelecer a qualidade do debate público, consolidando a virada iluminista iniciada em 2013, o que já tem ocorrido em algumas poucas redes, como Jovem Pan, Gazeta do Povo, O Antagonista e centenas de canais das redes sociais;

2. Exigindo dos parlamentares o compromisso de mudança do atual sistema de indicação política de ministros das cortes superiores, com o fim de despolitizar a justiça – pois o Supremo Jeitinho hoje nada mais é do que o puxadinho de nanicos partidos de oposição esquerdistas incompetentes eleitorais e legislativos. Além de pressionar pela retomada da tramitação dos processos de impeachment de alguns sinistros do atual Supremo;

3. Exigindo dos políticos a retomada da reforma política com voto distrital puro, voto facultativo, impresso e cláusula de barreira e de desempenho (recall);

4. Exigindo a mudança do sistema de indicação de reitores para as universidades públicas, restabelecendo gestão por desempenho, o critério de mérito e garantindo a pluralidade de ideias;

5. Exigindo a abertura do sistema de produção, gestão e de incentivo cultural para a participação equânime de agentes produtores de conteúdo conservadores e liberais ao lado de progressistas, e só eleger congressistas com compromisso firmado com essa e as quatro medidas anteriores.

Não há nada mais estratégico. Mas se você discorda, nos escreva para o nosso e-mail: [email protected]. E participe de nossos grupos de agentes de cidadania, do curso de cidadania corporativa cujo programa você pode acessar aqui, e nos convença de uma outra agenda mais estratégica. O tempo urge e o que está em jogo é você poder legar no Brasil o patrimônio que construiu aqui para seus filhos e netos, sem ter de engrossar o quadro da Babau Brasil.  


Jorge Maranhão  | Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”.
Email: [email protected]

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Artigo: “Ética: Meios e Fins”, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-etica-meios-e-fins-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-etica-meios-e-fins-por-mario-guerreiro/#respond Wed, 16 Sep 2020 23:07:19 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39878 Suponhamos que, em plena guerra, um soldado recebe uma ordem absurda, podendo resultar na morte de muitos companheiros e sem nenhum ganho militar. Que faria ele? Se ele não cumprir ordem de um superior hierárquico, irá para uma corte marcial. Se ele cumprir será condenado por sua consciência moral.

Caso ele tenha optado pela primeira alternativa, ir para uma corte marcial não implica necessariamente que ele será condenado. Pode ser absolvido se seus juízes entenderem que se tratava de fato de uma ordem absurda e inconsequente e, neste caso, não há a obrigação de cumpri-la. Todavia, a corte é soberana e se ela decidir que a ordem, apesar de altamente arriscada, podendo mesmo acarretar muitas mortes, o soldado será condenado.

Mas caso ele tenha optado pela segunda alternativa, ele não terá nenhuma responsabilidade sobre perdas de vida e perdas materiais. E isto porque a responsabilidade por uma ordem cabe única e exclusivamente a quem a deu.

Desse modo, as duas opções são: não cumprir a ordem, para não contrariar a sua consciência e ir a uma corte marcial, onde corre o risco de ser condenado ou cumprir a ordem e contrariar sua consciência moral, apesar de estar isento de culpa!

Se estiver em jogo uma ética do tipo deontológico [deontos em grego é “dever”] como é, por excelência, a moral kantiana, em toda ação o agente deve ouvir o imperativo categórico, uma voz vinda da mais íntima consciência, dizendo: “Tu deves fazer isso”, ele tomará sua decisão sem levar em consideração quaisquer outros fatores, tais como o contexto da ação, as previsíveis consequências da ação, etc.

Se o soldado estiver imbuído de uma orientação deontológica, que decisão tomará ele? Ora, a que estiver de acordo com o imperativo categórico, só para não o contrariar, ou seja: ele se recusará a cumprir toda e qualquer ordem que não obedeça a voz do  imperativo categórico.

Para que se tenha uma ideia do caráter radical da ética do tipo deontológico, como é o caso típico da moral kantiana, vejamos a posição de Kant em relação à mentira. O que diz o imperativo categórico? “Não mentir jamais”.

Nem que seja uma mentira para salvar a vida de alguém? Nem que seja uma mentira para  não parecer grosseiro?  Nem que seja uma mentira de um governante, para evitar grande pânico na população do país?

Suponhamos que Kant fosse convidado para jantar na casa de uma elegante anfitriã de Königsberg. No meio da refeição, ela perguntasse educadamente: “Gostou do assado, Her Kant?”. O assado estava delicioso e, neste caso, Kant diria: “Oh sim, madame, uma delícia!”. Mas como sói ocorrer, para o desagrado da dona de casa, o assado tivesse salgado e queimado…?

Difícil decisão kantiana: Se ele fosse sincero e dissesse a verdade, não estaria mentindo. Se ele se permitisse dizer uma mentira, ainda que fosse uma “mentirinha branca”, teria rejeitado o imperativo categórico, princípio básico de sua moral. 

Para ser coerente, Kant não devia mentir: diria algo mais ou menos assim: “Está salgado e queimado. Uma gororoba intragável!”. Seria inevitável que a atenciosa anfitriã o considerasse um grosseirão, sem educação. 

Contudo, as éticas do tipo deontológico, que não levam em consideração (1) intenções do agente que se materializam na ação, (2) contexto em que ele age, (3) consequências previsíveis da sua ação, que podem acarretar sérios problemas. Por não levarem em consideração (1), o Direito não estaria autorizado a fazer distinção entre um homicídio culposo e um doloso, (2) Por não levar em consideração  os diferentes atores que estão envolvidos com a ação em diferentes situações e (3) As consequências pretendidas da ação.  

Por outro lado, as éticas do tipo teleológico (do grego telos, finalidadedão mais ênfase às previsíveis consequências, finalidade última da ação humana. É claro que as imprevisíveis, assim como as não-pretendidas estão fora de questão. Ninguém pode ser responsabilizado por ter feito algo cujas consequências não podiam ser previstas por ele, não eram possuidoras de um mínimo de probabilidade. 

Teleológica por excelência é a ética de Aristóteles, para a qual todos os homens procuram um bem e o bem supremo é a felicidade (eudaimonia). Segundo o filósofo, os bens se dividem em bens instrumentais e bens intrínsecos.

Bens instrumentais são os bens que funcionam em função de outros bens. Bens intrínsecos são os bens em si mesmos. Cabe perguntar: “Para que você quer x?”, como por exemplo: “Para que você quer dinheiro?” Algumas respostas cabíveis: “Ora, quero dinheiro para comer, me vestir e pagar minhas contas”; “Quero dinheiro para ter muitas mulheres”. “Quero dinheiro para ser feliz”.etc.

Estas e outras são cabíveis, porque dinheiro é um bem instrumental, é um instrumento de troca, que substituiu o sistema de escambo em que se trocavam coisas por outras coisas. No entanto, é inteiramente descabido perguntar :”Para que você quer ser feliz?” 

Aristóteles diria que é descabido, porque a felicidade não é um bem instrumental, mas sim um bem intrínseco e derradeiro. Ninguém quer ser feliz para alcançar outra coisa. A felicidade é o último fim da ação humana. 

Para que uma ação seja considerada boa no sentido ético, temos que levar em consideração os meios e os fins. Os fins não justificam os meios, ainda que sejam muito boas as finalidades. Por exemplo: não resta dúvida que ajudar os necessitados é bom, mas assaltar um banco e distribuir o dinheiro entre os que necessitam dele, é uma má ação. Não há nada que justifique alguém se apoderar do que não é seu, mesmo que seja para distribuir entre quem realmente precise. Atentemos para o seguinte argumento: 

Dinheiro é uma finalidade muito boa.

Prostituição bem administrada dá muito dinheiro. 

Logo: Transforme sua casa em um rendez-vous(puteiro de primeira classe), 

Ponha sua mulher como cafetina, suas três filhas atendendo aos clientes e 

Controle a entrada da grana.

Garanto que o argumento acima é impecavelmente lógico. A conclusão decorre das duas premissas. O fim está adequado aos meios. Se você não concordar com a conclusão, não fará isto por nenhuma razão lógica, mas sim por questões legais e morais. Legais ,porque a prostituição não é crime, mas a exploração da mesma é crime de lenocínio. Moral, porque se é uma canalhice explorar uma profissional autônoma, maior canalhice ainda fazer isto com sua esposa e filhas.

E decorre do argumento acima que, caso ele seja rejeitado por questões de ordem moral, você terá que rejeitar a sentença que caracteriza o pensamento de Maquiavel, embora o próprio nunca tenha se expressado nestes termos: Os fins justificam os meios.

Até o surgimento de Nicolau Maquiavel, era predominante na civilização ocidental a ideia aristotélica de que a política é uma extensão da ética, mas graças a Maquiavel a teoria e prática da política foram separadas da ética.

Desse modo, da ética na política chegamos à titica na política.

Mario Guerreiro é doutor em filosofia pela UFRJ

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Do Convergências: “O STF é uma entidade de poder supremo e atividade paraestatal”, Evandro Pontes https://www.avozdocidadao.com.br/do-convergencias-o-stf-e-uma-entidade-de-poder-supremo-e-atividade-paraestatal-evandro-pontes/ https://www.avozdocidadao.com.br/do-convergencias-o-stf-e-uma-entidade-de-poder-supremo-e-atividade-paraestatal-evandro-pontes/#respond Thu, 20 Aug 2020 10:07:26 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39866 AFIRMAÇÃO DO JURISTA EVANDRO PONTES EM ENTREVISTA À UMA JORNALISTA, CUJO TEXTO DIVULGAMOS NA ÍNTEGRA.

(Texto integralmente compilado, sem revisão, de publicação em whatsapp)
O jurista Evandro Pontes foi entrevistado pela colunista Ana Paula Henkel, para falar sobre os recentes fatos envolvendo o Supremo Tribunal Federal e os atos de seus ministros que levaram a uma enxurrada de pedidos de impeachment. Mestre e doutor em Direito Societário pela USP, Evandro Pontes defendeu que há um golpe de Estado em curso. De fato, Pontes defende que o golpe já ocorreu.

Pontes iniciou a entrevista afirmando que “estamos assistindo a uma quebra constitucional irreversível. O STF já cruzou linhas que constituem verdadeira atividade paraestatal”. Após uma explicação de como se define um golpe de Estado, ele afirmou: “Ora – para mim é claro e mais do que óbvio que esse golpe já ocorreu. Na medida em que o STF age ad latere do sistema, age de forma a violar a própria constituição, o próprio STF já consolidou um verdadeiro golpe de estado em que todos os poderes foram criminosamente usurpados pela Corte: ela julga, ela investiga, ela legisla, ela manda abastecer navios, ela atua como executivo e impede a extinção de conselhos, ela impede o executivo de enxugar a máquina – enfim, o golpe de estado já foi dado diante de nossos olhos e ninguém simplesmente não fez nada para restaurar a ordem”.

Em resposta à surpresa da entrevistadora, que questionou se não se trataria de atos isolados de alguns ministros, com crimes isolados de responsabilidade, Evandro Pontes respondeu:

Jurista Evandro Pontes

Adoro o professor Carvalhosa, a quem tenho como Mestre muito querido, mas neste ponto eu discordo de meu Mestre sob o ponto de vista estratégico. Veja: quando uma ordem do STF é emanada por um Ministro usando papel timbrado da corte e todos os demais se calam, não há dúvida que esse silêncio integra a decisão ilegal dada pelo colega. O silêncio da corte quando um sistema paraestatal é montado e levado a plena operação, significa exatamente que a ilegalidade contaminou irremediavelmente a atuação dos demais ministros. Exemplo contrário disso foi o do Desembargador Favretto: ao tentar lançar mão de um expediente ilegal, a Corte como um todo se insurgiu e impediu que a ordem ilegal saísse com o timbre do TRF4. Os demais colegas preservaram a integridade institucional da Corte. Se o STF não faz o mesmo e aceita que ordens sejam emanadas em nome da Corte, a responsabilidade é sim colegiada e recai sobre aqueles que preferem reclamar na imprensa (que não é função de um juiz) e deixam de agir como juízes impedindo que um sistema paraestatal seja colocado em operação.

O STF é hoje, sem a menor sombra de dúvida (por isso não falo das pessoas, falo da corte mesmo, pois no caso da decisão da transferência do Lula, em que houve supressão de instância, a Corte integrou a decisão com 10 votos favoráveis; pense-se também no caso do Inquérito de Censura à Crusoé: foi claramente um ato institucional da própria Corte e não de ministros isoladamente), uma entidade de poder supremo e de atuação paraestatal. Suas decisões sequer são respaldadas em seus próprios precedentes (um indício de que o seu histórico foi completamente abandonado), nem mesmo na Constituição: basta ler as decisões que citei e procurar o dispositivo constitucional que serve de base para a decisão – não há, simplesmente não há. São atos de puro totalitarismo gestados a latere. Desta forma, Ana, o golpe já foi dado. Tudo o que decorrer dele é mera conseqüência de um golpe, jamais será uma resposta em ato isolado ou um golpe a parte ou contragolpe. Já estamos na marcha da história para recobrar o sistema que já foi rompido por iniciativa clara e desabrida do STF (e, repito, a responsável por isso é a corte sim e não os ministros isoladamente) ou simplesmente aceitá-lo.
“A escolha agora cabe ao povo brasileiro”.

Comentário do Editorial Convergências:
Toda a pressão deve ser feita junto ao Senado Federal, em especial aos senadores, para que exijam que o presidente da Casa paute os pedidos de impeachment contra os ministros da Corte. Dentro da “normalidade” republicana e constitucional, o Senado é o único ente com poder para julgar e afastar ministros da Suprema Corte.
Com o claro e “escrachado” conluio entre David Alcolumbre, presidente do Senado com os ministros do STF, nenhum processo de impeachment vai prosperar. Somente a pressão popular de milhões de brasileiros, quem sabe até mesmo, no limite da paciência, cercar o prédio do Senado e de lá não sair mais até que Alcolumbre e o Senado cumpram a sua função constitucional, poderá ter chances de êxito.
Brasília foi bem pensada quanto a sua localização, longe de todos.

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Artigo – do Diário de Comércio de São Paulo: “A omissão de Mourão” https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-a-omissao-de-mourao/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-diario-de-comercio-de-sao-paulo-a-omissao-de-mourao/#respond Fri, 29 May 2020 12:02:54 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39849 Não queria comentar o artigo do nosso vice Mourão, saído no Estadão na semana passada, uma vez que já teve sua merecida repercussão, embora a maioria reclamando de um possível recado autoritário do general. Mas, como minha leitura é exatamente o contrário, reclamando de sua omissão, talvez por excesso de zelo, resolvi me manifestar, dado o papel decisivo do vice num eventual impasse institucional de nossa história.
Tem total razão o general quando afirma que atingimos as raias da insensatez com esta ameaça de mais um impasse em nossa torcionista, contorcionista e distorcionista república. Tenho defendido a tese de que a sensatez não faz parte mesmo de nossa cultura política de resistente legado barroquista, onde a emoção, a retórica e a farsa são características hegemônicas, pois não vivemos historicamente o iluminismo da prudência e da razão soberana.
Mas quando o general analisa os responsáveis pelo impasse, comete algumas omissões que gostaria de registrar a título de contribuição para a sua reflexão e a de todos.
Se a crise é de todos, é significativo que o articulista comece logo com “a grande instituição da opinião”, a imprensa, uma vez que ela não abre o mesmo espaço para apoiadores e opositores das políticas e estratégias de enfrentamento da crise da saúde pública, por exemplo, propostas pelo governo federal.
Mas, e aí? Os maiores grupos de mídia continuam fazendo da saúde pública uma arma política de oposição ao governo e o que o nosso bravo general tem a propor para evitar este mal? Sentar numa mesa para conversar? Certo. Mas com que trunfos?
O segundo ponto de sua crítica é a “degradação do conhecimento político” quando governadores, magistrados e legisladores “se esquecem de que o Brasil é uma federação”. Mais uma vez me permita o general discordar de que não se esquecem, não. Usam marotamente a sua parcela de poder para boicotar quaisquer das iniciativas do executivo federal e em que campo for.
Até por que, aqui entre nós, o Brasil nunca foi de fato uma federação quando por exemplo constatamos o sistema de redistribuição tributária entre os entes da União. Mais uma farsa barroquista de nossos federalistas de meia tigela.
O terceiro ponto, sobre a usurpação das prerrogativas do poder executivo federal por parte do legislativo e do judiciário, já não é de hoje que estamos atolados no maior dos paradoxos barroquistas, onde o judiciário legisla para além de julgar e o legislativo judicializa para além de legislar.
Sobra para o executivo, sem poder para executar o cipoal de leis enviadas pelo legislativo e os mandados cada dia mais insensatos do judiciário, ficar cativo da apelação ao povo que o elegeu, à reclamação aos bispos que o apoiam e as próprias FFAA que comanda.
O problema é que, se o povo e os bispos apoiam o presidente sem titubeios, as FFAA, acuadas pela histeria das esquerdas que elas próprias deixaram crescer e fazer barulho durante o período militar de 64 a 85, passaram a ser barrocamente ambíguas na sustentação constitucional dos governos civis e, particularmente, o atual.
O quarto ponto sobre a conduta da oposição para degradar a imagem do país no exterior, em que pese a razão do general sobre as barroquíssimas hipérboles no trato das questões da Amazônia e do meio ambiente, considero menos importante diante dos pontos anteriores e em face da atual ameaça de crise institucional.
O artigo se conclui exortando a se entenderem “nos limites e responsabilidades das autoridades legalmente constituídas”, sem em nenhum momento apontar as responsabilidades do próprio presidente, não apenas enquanto chefe de poder, mas sobretudo como chefe de Estado e comandante supremo das FFAA, sobre as quais sintomaticamente o general não se manifesta.
E com esta omissão, mesmo que por excesso de zelo, cabe lembrá-lo que, identificados os inimigos da pátria por ele mesmo nomeados, como os esquerdistas que querem o poder de volta, associados a empresários oportunistas que querem de volta a corrupção, é de se perguntar quais as propostas das FFAA para cumprir o seu dever de defender a pátria.
Pois ninguém está aqui a lhes pedir que cumpram os dispositivos do Art. 142 da Constituição intempestivamente, assim como a ultrapassar a sua competência constitucional, como a mídia esquerdopata histericamente alardeia. Para não dizer que mente, despudorada mente, pois de nenhum de seus comandantes ouviu qualquer sugestão, quanto mais declaração de intenção, de fechar o STF ou o Congresso.
E, como diz o ditado, quem não bate, acaba levando, como no insano despacho do ministro ameaçando generais debaixo de vara. Pois, reitero que não se trata de retaliar com fechamento do Supremo ou do Congresso, mas de tomar a iniciativa de sentar numa mesa para que cheguem a um pacto mínimo de governabilidade os três poderes, acrescidos da imprensa, do MPF e das próprias FFAA, como testemunhas coadjuvantes.
E afirmo que esta omissão do general demonstra que as FFAA não estão cumprindo o seu papel histórico de poder moderador da República, sua principal conquista sobre a grande prerrogativa da Monarquia Constitucional brasileira a partir do golpe de 1889.
E assim tem sido em todas as nossas crises institucionais: de 1891, de 1930, de 1945, 1954 e 1964. Mas não nas crises de 1992 e 2016. Seja por excesso de zelo, seja por zelosa omissão, uma vez que foi oficializada na redação da Constituição “cidadã” a intervenção militar por convocação de um dos poderes em casos de ameaça à ordem e as instituições.
A pergunta que se deve fazer numa possível reunião dos três poderes é sobre qual o critério de legitimidade maior para a convocação das FFAA, se não pela anuência de seu comandante-em-chefe, e dada a representatividade de cada poder em face da cláusula pétria de que todo poder emana dos eleitores.
E esta, mesmo que por zelo, é a mais grave omissão de nosso vice general: se não cita as FFAA, e seu trunfo histórico e constitucional, uma vez que o chefe do poder executivo foi eleito por quase 60 milhões de cidadãos para cumprir uma agenda de governo e é também chefe de Estado.
Grave e zelosa omissão por não explicitar o trunfo eleitoral do chefe de Estado brasileiro e permitir que a mídia esquerdizóide viva a trocar barrocamente as funções de estado por governo e vice-versa, quando politicamente lhe interessa, é claro.
Pois se o chefe de Estado é o chefe das FFAA, é por consequência o poder moderador entre os demais poderes e, portanto, acima hierarquicamente dos chefes dos poderes judiciários, que não tem, aliás, um único voto, uma vez que juiz não é eleito no Brasil, a exemplo de países mais avançados como os EUA.
Ao contrário, vivem em crise de credibilidade, uma vez que alguns foram nomeados por presidentes acusados de corrupção ou simplesmente depostos. O que moralmente os obrigaria de abstenção ao julgar causas de interesse de seus ex-patronos.
Assim como os chefes de poder legislativo que, nenhum deles, mesmo se considerados os votos somados de todos os parlamentares das mesas diretoras de ambas as casas, não chegaria perto do total de votos do presidente da República.
Ao contrário de sua omissão, nosso honrado general deveria enfatizar o trunfo constitucional do chefe de governo brasileiro que acumula o cargo de chefe de Estado. E e não permitir a farsa barroquista dos inimigos da pátria, fabricadores de diuturnas e falsas crises, de trocar alhos por bugalhos. Na cara dura, caraca!

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