Combater tráfico sem guardar fronteiras é “enxugar gelo”

Combater tráfico sem guardar fronteiras é “enxugar gelo”

Em virtude dos trágicos acontecimentos vividos pelos cidadãos cariocas desde o último domingo, não poderíamos nos furtar a fazer uma reflexão acerca desta quase guerra civil que se trata na Cidade Maravilhosa. A onda de ataques de traficantes supostamente desesperados pela perda de território para as Unidades de Polícia Pacificadora acabou levando a uma reação em igual nível pelas forças de segurança, numa escalada de violência que vem tendo até repercussão internacional.

Mas gostaríamos aqui de chamar a atenção para um fato que tem tido pouca repercussão por autoridades e pela mídia em geral. O Brasil continua com os seus 15.700 quilômetros de fronteiras terrestres com pouca ou nenhuma vigilância, seja pelas Forças Armadas, por agentes da Polícia Federal ou por auditores da Receita Federal. E isso sem falar nos mais de 7.000 quilômetros de fronteira marítima.

Mês passado, comentamos um estudo divulgado pelo Sindicato do Auditores da Receita Federal, o Sindireceita, e que vem mostrar de forma inequívoca o estado de abandono de grande parte dos postos de fronteira no Brasil. Durante 10 meses, uma equipe do Sindireceita percorreu mais de 15 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais, estradas vicinais e rios que marcam a fronteira do Brasil com o Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Voltamos hoje a este tema porque agora o resultado completo dessa aventura poderá ser conhecido por todos: cidadãos interessados, autoridades de segurança, membros do Ministério Público e políticos. Quarta-feira que vem, dia 1º de dezembro, o Sindireceita convida para o lançamento do livro “Fronteiras Abertas: um retrato do abandono da aduana brasileira” , de Rafael Godoi e Sergio de Castro. Será na Câmara dos Deputados, no Anexo III, a partir das quatro da tarde.

E aqui na Voz do Cidadão vocês já podem conferir com exclusividade a introdução do livro “Fronteiras Abertas” e também conhecer um gráfico especial que mostra a deficiência de efetivo que hoje patrulha nossas fronteiras.

O livro contém um recado claro: é por nossas fronteiras que entram no país as drogas, as armas e o contrabando que alimentam os grupos de bandidos nos grandes centros urbanos brasileiros. Enquanto esse grave erro não for revertido, nossa força policial, por mais bem intencionada que seja, continuará apenas “enxugando gelo”.

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