Site Rio Body Count demonstra a guerra urbana no Estado do Rio de Janeiro

Como sempre procuramos mostrar, um dos nós culturais que temos em nosso país é uma forte cultura de impunidade e de violência. Esse é um tema que se torna ainda mais oportuno, visto a polêmica causada pelo grandioso aparato de segurança que cercou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em sua passagem pelo Brasil.

Antes mesmo de desembarcar em solo brasileiro, várias ruas e avenidas da capital paulista já estavam interditadas, e forças especiais do exército estavam de prontidão (chegaram até a trazer um canhão da Base de Santos). Nas ruas, o sentimento era de que estavam exagerando.

Pois vamos hoje comentar uma iniciativa que completou agora no final de fevereiro um mês de existência e veio para mostrar o estado de guerra que os moradores do Estado do Rio vivem. A idéia foi tão boa que deveriam existir grupos de cidadãos tentando implantá-la em outros centros, como São Paulo e Salvador.

Estamos falando do site Rio Body Count, dedicado a fazer uma contabilidade em paralelo aos organismos oficiais de segurança sobre a quantidade de cidadãos e cidadãs mortos na autêntica guerra urbana em que se transformou o Estado do Rio. Através das notícias nos veículos de comunicação, jornais e internet na maioria das vezes, 3 jornalistas e seus quase 30 colaboradores fazem um rastreamento diário e colocam no ar o resultado de mortos e feridos, em trocas de tiros, balas perdidas, assaltos, tentativas de homicídio e execuções.

A inspiração para a criação do site é até preocupante: o site Iraq Body Count, dedicado a contar as baixas entre civis na guerra que está devastando o país do oriente médio. Criado após a invasão do país pelos Estados Unidos, o Iraq Body Count vem contabilizando baixas civis desde janeiro de 2003 (data do início das operações de guerra) e até hoje contou 58.268 mortes civis em todo o país. A idéia do site surgiu a partir da declaração do general americano Tommy Franks de que o exército americano não fazia contagem de corpos (“We don´t do body counts”, em inglês). Esta foi sua resposta ao ser perguntado sobre as mortes de civis inocentes nas manobras no Iraque.

Na versão do Rio, fizemos um acompanhamento entre o dia 12 e sexta-feira, dia 09. Foram nada menos que 324 mortos e 195 feridos (especificamente vítimas de violência) em todo o Estado. No mesmo período, no Iraque foram 2.526 mortos. Considerando-se que aqui não vivemos oficialmente em estado de guerra, 12% do total do Iraque é muita coisa. Do ponto de vista da cidadania, é absolutamente necessário que nos manifestemos, que façamos pressão sobre autoridades e políticos, que busquemos exercer o controle social sobre os orçamentos públicos, principalmente os gastos com segurança, justiça, saúde e educação.

Para quem quiser conhecer mais, temos aqui no portal da Voz do Cidadão um link direto para o site do Rio Body Count, que é o www.riobodycount.com.br.
O do Iraque é o www.iraqbodycount.org (em inglês). Participem deste debate!

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