Moradores do Rio usam apito para se proteger dos assaltos

Esta semana vimos nos noticiários mais uma iniciativa dos cidadãos para se protegerem, indefesos ante o descaso de um Estado ausente de idéias quando o tema é a segurança pública.

Na esteira do filme “Tropa de Elite”, onde são expostas as deficiências da polícia de uma grande cidade como o Rio de Janeiro, lemos a notícia de que moradores do bairro do Cosme Velho – na zona sul da cidade – se organizaram contra uma crescente onda de assaltos, roubos e moradores baleados ou mesmo assediados.

Após várias denúncias sem sucesso feitas junto às autoridades policiais, os moradores passaram a usar apitos ao chegarem nas suas ruas. Ao se aproximarem, fazem soar um apito curto. Em suas casas, os outros moradores respondem ao apito, dando a deixa de que estão vigiando e velando pelo que está subindo a rua. Se o apito for longo, é sinal de alguma coisa não está normal e que a atenção deve ser redobrada; talvez até se chamar a polícia. Os moradores contam que esse recurso já até salvou uma jovem de ser espancada, pois os criminosos fugiram logo que ouviram os apitos.

O exemplo dessa iniciativa veio de Pernambuco, onde a ong Cidadania Feminina fez distribuir no ano passado mais de mil apitos só na favela Alto José Bonifácio, no Recife. Neste caso, o objetivo era diminuir os altos índices de violência contra a mulher no Estado, mais de 10 mil casos por ano. O lema da ong já diz tudo: “Vamos apitar até as violência acabar”.

O recurso dos próprios moradores vigiarem seus bairros vem desde o final dos anos 60, nos Estados Unidos. Uma mulher havia sido estuprada e morta em Nova York, e perto de trinta testemunhas não fizeram nada para evitar o crime ou chamar as autoridades policiais. Revoltados, moradores de diversas regiões da cidade decidiram criar comitês para vigilância de suas áreas. A experiência acabou incentivando a criação de várias organizações dedicaram à criação deste tipo de grupos e ao seu apoio, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra.

A experiência do Rio e do Recife representam claramente a falta de confiança da cidadania nas autoridades que deveriam prover uma segurança pública firme, eficiente e transparente. E pode realmente ser eficaz num cenário desses.

Este ano, a ong Cidadania Feminina recebeu o prêmio Faz Diferença do jornal O Globo. Quem quiser conhecer melhor o trabalho da ong, o endereço é Rua Córrego do Euclides, 672, Alto José Bonifácio, Recife, e o telefone é o (81)3441-4856.

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