Cidadão exemplar desafia a corrupção no poder público

Erotildes Alves de Moura, encarregado de almoxarifado de uma fundação pública na cidade do Rio de Janeiro, ganha pouco mais de mil reais por mês. E virou destaque da mídia pelo simples fato de ser honesto.

Nosso país, mergulhado em mais de 500 anos de corrupção, jeitinho e bandalhas, corre o risco de virar um país de céticos e desiludidos. Um lugar onde o correto é anormal e a bandalha encarada como comportamento padrão. Cidadãos indignados? Sim. Atuantes? Raramente. E é por isso que o seu Erotildes, com sua consciência cidadã e padrões morais firmes, virou destaque de primeira página dos jornais. E tudo o que ele fez foi dizer a verdade. Foi ser um cidadão consciente de seus deveres para com o coletivo.

Chamado pela mídia de “supercidadão”, o encarregado do almoxarifado central da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec), Erotildes denunciou ao Ministério Público a instituição onde trabalha após perceber o que parecia ser a compra superfaturada que chegou às suas mãos. Esperando um carregamento de materiais no valor de 64 mil reais, seu Erotildes recebeu cerca de 100 chapas de alumínio, que custariam no máximo 500 reais. Ou seja, a suspeita de um superfaturamento de 12.000%. Seu Erotildes não teve dúvidas. Comprou o produto idêntico no comércio comum pelo preço de mercado, gastando quase um terço do seu salário apenas para documentar e provar sua denúncia. Como não obteve resposta dos diretores da fundação, recorreu ao Ministério Público e causou um frisson nacional.

Para a cidadania, é triste perceber que os Erotildes, destemidos e corretos, são a exceção onde deveriam ser a regra, a obrigação. Essa é uma realidade que só pode ser mudada através de exemplos como esse e da divulgação para outros cidadãos. Quanto mais, melhor. Para que cada vez menos a sociedade permaneça passiva diante de desmandos, falcatruas, enganações e principalmente a impunidade.

Como já fizemos questão de observar aqui no Quintal, o que é público é de todos, e não de ninguém. Ou “deles”, os que acham que estão acima da lei e da ética. Exemplos como o do seu Erotildes devem ser divulgados ao máximo, para que sejam exatamente isso: exemplos, modelos de como devemos ser, de como deve ser a conduta verdadeiramente cidadã.

Pois vamos incentivar para que apareçam muitos e muitos Erotildes por todos os cantos do país. Somente assim a luta da cidadania estará completa!

Marco Aurélio, é com você!

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