Mostra “O Soutien” resgata uma luta de um século dos direitos da mulher

Desde sexta-feira passada, São Paulo está recebendo uma exposição das mais interessantes sob a ótica da cidadania feminina.

Até o dia 2 março, a mostra “O Soutién” poderá ser visitada gratuitamente no Teatro da Universidade Católica, o Tuca, no bairro de Perdizes, sempre a partir das 10 da manhã.

Composta por 28 peças criadas por artistas plásticos da ABAPC (Associação Brasileira dos Artistas Plásticos de Colagem), a exposição tem a curadoria de Robert Richard, fundador da Associação. Além disso, a Associação Brasileira do Câncer apóia o evento e vai utilizar o espaço para um trabalho de conscientização para a prevenção do câncer de mama.

Do ponto de vista da cidadania, é de especial interesse notar a dimensão essencialmente política do feminismo e não apenas de liberdades civis, dentro de nossa triste tradição de despolitizar tudo. Afinal, bem antes do feminismo dos anos 60, de cunho eminentemente social, outro grupo de mulheres, desta vez na Inglaterra do início do século XX, lutou com firmeza pelos seus direitos políticos: foi o esforço pioneiro das chamadas “Suffragettes”.

Lideradas pela cidadã Mrs Emmeline Pankhurst, que havia fundado a entidade União Social e Política das Mulheres em 1903, as militantes, que atuaram até o início da Primeira Guerra Mundial, ficaram conhecidas como “suffragettes”. Seus protestos eram veementes e também eram rechaçados com brutalidade pela polícia. A própria Mrs Emmeline foi presa várias vezes. Na prisão, elas faziam greve de fome a fim de chamar a tenção para a discriminação da mulher pela legislação eleitoral inglesa. A luta não foi em vão e, em 1928, a Inglaterra concede enfim plenos direitos políticos às suas cidadãs. Logo depois, em 1934, viria o Brasil a reconhecer a igualdade civil e política entre os gêneros.

A mostra “O Soutién” vem em boa hora comemorar estes 105 anos de luta da cidadania feminina, e nos fazer lembrar que, antes das dimensões econômica e social, é sobretudo através da dimensão e da atuação política da cidadania que conseguiremos construir uma consciência, não apenas de direitos sociais, mas de deveres de participação política.

Depois do teatro Tuca, a exposição seguirá para Centro da Cidadania da Mulher e, a partir do mês de abril, estará em várias estações do Metrô da capital paulista. Vale a pena conferir!

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