eleições 2018 – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Mon, 19 Nov 2018 11:04:31 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.8 Artigo – A grande diferença, por Nivaldo Cordeiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-a-grande-diferenca-por-nivaldo-cordeiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-a-grande-diferenca-por-nivaldo-cordeiro/#respond Mon, 19 Nov 2018 11:04:24 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29739 A GRANDE DIFERENÇA

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18/11/2018

Alguns analistas estão tentando compreender o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro como antípoda do PT e das esquerdas em geral, exagerando ao procurar semelhanças com sinal trocado. Estão errados. Os candidatos do PT, do PSDB, PSB e assemelhados chegaram ao poder no passado como resultado de um projeto que, simplifico ao chamar de revolução gramsciana, acumulou forças durante décadas tomando os aparelhos de Estado e lá pondo seus militantes. A cada eleição ampliavam seu poderio. Começaram pela imprensa, pela universidade, o sistema escolar, o sistema de saúde e finalmente chegaram ao centro de poder com a eleição de FHC, de onde nunca mais saíram. Sairão agora com Jair Bolsonaro.

O candidato do PSL, ao contrário, não foi resultado de qualquer planejamento ou conspiração e de nenhum projeto. Foi um movimento espontâneo do eleitor que se aproveitou da única arma de que dispunha – o voto – para mudar tudo isso que está aí. Foi uma reação imprevisível e fulminante, pois de outra forma não pegaria os partidos de esquerda tão desprevenidos. Estavam confiantes de que sua fórmula de manter o poder iria funcionar ainda uma vez. Vimos a arrogância de Lula na prisão comandando sua tropa, certo de que derrotaria facilmente Jair Bolsonaro. Vimos Alckmin, no alto de seus minutos de TV, esperando o horário eleitoral para angariar os votos conservadores, que considerava como seus, embora cultivasse sempre o discurso esquerdista. Alckmin terá sido talvez o maior fracasso eleitoral que tivemos conhecimento. De um golpe vimos fracassar a estratégia das tesouras, que vinha funcionando bem desde os anos noventa. Uma derrota memorável.

A derrocada se deu por muitos fatores. Do lado do PT tivemos a sucessão de escândalos como mensalão e petrolão, a publicidade em torno da operação Lava Jato, a prisão de Lula e muitos outros companheiros petistas. O desgaste desacreditou o PT principalmente das parcelas educadas e informadas da população. Do lado do PSDB também tivemos o reflexo dos escândalos. Ambos os partidos, todavia, tiveram a perda desastrosa da hegemonia que tinham da imprensa, com o advento das redes sociais. Os formadores de opinião esquerdistas perderam eficácia. Tanto a TV como a imprensa escrita foram desacreditados aos olhos do eleitor, que passou a se informar por meio de fontes confiáveis da internet, mais das vezes desmentido o jornal do dia. A fórmula esquerdista de chegar ao poder desabou com o fracasso da estratégia das tesouras.

De repente formou-se uma maioria contra as esquerdas, que tinham feito uma reforma política para dar a si próprias recursos milionários de Tesouro para custear as eleições (o critério de partição beneficiava quem estava no poder), proibindo financiamento privado,  e o máximo tempo de televisão. Não adiantou a esperteza. As redes sociais anularam tudo isso e Jair Bolsonaro, sem partido, sem recursos e desacreditado pelos meios de comunicação esquerdizados passou como um trator por sobre os adversários. O processo foi tão rápido que não foi possível reação. O atentado sofrido, fracassado, pelo candidato apenas selou o destino eleitoral. O decisivo, todavia, foi todo o processo e não apenas o atentado em si, que apenas comprovou ao eleitor conservador como o sistema instalado de poder era hostil aos conservadores.

Até agora os meios de comunicação não sabem como tratar Bolsonaro, o eleito. Continuam no discurso de oposição a ele como se a eleição não tivesse acabado. Uma imprensa que depende fortemente de verbas governamentais ainda não percebeu que um novo patrão se instalou e batem nele como se ele não fosse relevante e ainda pudesse ser derrotado.

E teve o fator religião. Os cristãos e outras denominações que adotam a ética cristã passaram a militar abertamente contra os candidatos de esquerda, que estavam implantando a revolução da Escola de Frankfurt sem nenhum pudor, em clara afronta aos valores coletivos consolidados. Agendas como gaysismo, abortismo, feminismo e coisas do tipo estavam sendo implantadas a toque de caixa no Executivo e no Judiciário e, a duras penas, eram seguradas no Legislativo. A população religiosa percebeu os perigos, queriam inverter a moral coletiva. E aqui está a fonte da derrota: os esquerdistas se julgaram tão fortes que acharam que poderiam levar avante essas reformas, ignorando o sentimento coletivo da população. Aceleram o passo, alertando os conservadores da violência a que estavam submetidos. Isso se juntou aos escândalos de corrupção e o fator redes sociais, que neutralizam as mentiras da mídia politicamente correta. A vitória da direita foi escrita assim

Foi tão fulminante que não deu tempo nem de reagir. A esquerda foi derrotada sem um mugido. Ficou todo mundo perplexo diante do acontecido inesperado. Aí todos os grupos conservadores minoritários descobriram sua força de maioria, das Forças Armadas às igrejas. A vitória, podemos dizer, foi o reencontro da Nação com seu governante. Bolsonaro chega ao poder como portador de grande legitimidade. As estatísticas dos gastos eleitorais mostram que sua campanha custou nada diante da do PT e do PSDB.

Alguém poderia arguir que o grande desemprego vigente poderia ser outra causa. Entendo que não. A chaga do desemprego flagela mais fortemente os mais pobres, que não têm meios intelectuais para ligar seu drama pessoal aos desacertos da política governamental. Não identificam facilmente o opressor depois da lavagem esquerdista secular, atribuindo os males ao “capitalismo” e acreditando na mensagem mentirosa dos esquerdistas, que diziam que estavam combatendo o mal enquanto eram governantes. As classes médias perceberam que a fonte do desacerto era o governo e não o “capitalismo” e pularam rapidinho para a candidatura Bolsonaro. Os mais pobres aderiram depois desses formadores de opinião, basicamente porque também perceberam o absurdo da nova moral imposta pelos esquerdistas. Definitivamente, não é a economia o que moveu os eleitores, mas os valores morais.

Os primeiros nomes que formarão o novo governo anunciados deixou o establishment esquerdista da mídia perplexo, especialmente o ministro do Exterior. Essa gente achava que seus preconceitos eram o conhecimento estabelecido e esperavam mais do mesmo. Enganaram-se. Um novo tempo começará em Primeiro de Janeiro.

Quem viver verá.

 

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Artigo – do site de Percival Puggina: “O Brasil tem povo”, por Maria Lucia Victor Barbosa https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-site-de-percival-puggina-o-brasil-tem-povo-por-maria-lucia-victor-barbosa/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-do-site-de-percival-puggina-o-brasil-tem-povo-por-maria-lucia-victor-barbosa/#respond Tue, 13 Nov 2018 13:03:38 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29719
O BRASIL TEM POVO
por Maria Lucia Victor Barbosa.
Artigo publicado em 

Em 1881, na obra L’esclavage au Brésil, o francês Louis Couty analisou nosso país. Afirmou o autor que:

“O Brasil não tem povo, pois o largo espaço compreendido entre a alta classe dirigente e os escravos não se acha suficientemente preenchida”.

“Em nenhuma parte se encontrarão estas massas fortemente organizadas de produtores livres, agrícolas e industriais, que em nossos povos civilizados são a base de toda riqueza, bem como não se acharão massas de eleitores sabendo pensar e votar, capazes de impor ao governo uma direção definida”.

De lá para cá muita coisa mudou, mas será que o Brasil já tem povo?

Voltemos ao ano de 2002. O PT, na quarta tentativa logrou eleger Luiz Inácio Lula da Silva, que em si é um fake news. Isso porque, o senhor Silva nunca foi o que disseram que ele era, em que pese o culto da personalidade que o PT elaborou para ele.

Na verdade, o senhor Silva nunca foi um estadista, um líder carismático no verdadeiro sentido do termo. Foi, isso sim, um esperto enganador de massas, arte que aprendeu na sua fase pelega quando, segundo testemunhos da época, conseguia desencadear greves em proveito dos patrões e não dos operários.

A eleição do senhor Silva se deu através de outro monumental fake news, pois se dizia que o PT era o único partido ético, imaculadamente puro, capaz de salvar os pobres e oprimidos.

No poder o PT institucionalizou a corrupção, governou na base do mensalão e do petrolão, deu migalhas aos pobres e locupletou-se junto a grupos de ricos. Enquanto isso, a classe dirigente petista, de viés comunista, mostrava por palavras e atitudes sua essência totalitária. Para os que não rezavam por sua cartilha os arrogantes petistas foram e continuam ser agressivos, sectários, intimidadores, patrulheiros.

Resumindo, o PT é a antítese da democracia. Inclusive, o senhor Silva se dedicou a enaltecer e financiar os piores déspotas, não só latino-americanos, como a escória internacional. Além disso, o PT sofre de aristofobia (medo ou horror aos melhores), sendo que nos seus quadros governamentais prevaleceram os piores, os incompetentes, os gananciosos.

Pode-se também dizer que o PT é o partido do ódio, da divisão social, da negação, da amoralidade.

Relembro também a invenção nefasta do senhor Silva: Dilma Rousseff, a atrapalhada e confusa senhora que, juntamente com seu criador conduziu ao Brasil à pior recessão de nossa história.

Desse modo, quando o presidiário Silva pergunta o porquê do antipetismo que ajudou eleger Jair Messias Bolsonaro, há na indagação um misto de ironia e cinismo. Não é possível que ele não saiba sobre os males que seu governo causou ao país.

Não há que negar que o repúdio ao PT ajudou Bolsonaro vencer. Porém, existem fatores que já analisei em outros artigos como: carisma, identificação e confiabilidade, características do candidato, além do que denominei de Quinto Poder e Palanque Digital, me referindo as redes sociais como o Face Book, o Instagram, o WhatsApp, o Twitter, etc. que superaram o palanque eletrônico da TV. Estes fatores levaram Bolsonaro à vitória.

Outra característica petista: Conforme seu modo de ser totalitário, próprio do comunismo, os petistas deturpam palavras, invertem conceitos e estigmatizam pessoas com certos termos. Assim, Bolsonaro, que é amigo de Israel, foi taxado de nazista.

Nada mais parecido com Mussolini do que o presidiário, mas chamar Bolsonaro de fascista tornou-se a repetição dos que falam sobre o que não conhecem.

Conservador é outro xingamento, quando na verdade trata-se da moral no tocante a temas como aborto, ideologia de gênero, etc. coisas que o PT defende. E moral, recorde-se, “é o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo e lugar, quer para um grupo ou pessoa determinada”.

Liberal (não no sentido norte-americano), virou outro estigma, quando na verdade significa liberdade em todos os sentidos, de pensamento, de religião, de reunião e muito mais, sendo que do liberalismo floresceu a democracia.

Bolsonaro venceu com o entusiástico e fiel apoio de 57,7 milhões de eleitores, perfazendo 55% dos votos válidos. Como democrata e afeito a meritocracia ele está constituindo o melhor ministério de nossa história Entre os ministros já indicados está o notável juiz, Sérgio Moro. Este continuará a fazer justiça com poderes ampliados, para o temor dos que têm contas a ajustar com a lei.

Inconformado com a derrota, o PT já faz oposição encarniçada ao eleito que ainda não tomou posse e até já trama seu impeachment. O problema do PT e de outros opositores que se dizem de esquerda é que, com a eleição de Jair Bolsonaro o país já tem povo. E quem tem o povo ao seu lado nada tem a temer. Fiquemos, porém, atentos e não nos deixemos enganar, pois no grito dos derrotados há choro e ranger de dentes.

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga

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Humor – André Guedes chega ao episódio X da série “Zumbis em Brasília” com o fim das eleições https://www.avozdocidadao.com.br/humor-andre-guedes-chega-ao-episodio-x-da-serie-zumbis-em-brasilia-com-o-fim-das-eleicoes/ https://www.avozdocidadao.com.br/humor-andre-guedes-chega-ao-episodio-x-da-serie-zumbis-em-brasilia-com-o-fim-das-eleicoes/#respond Sun, 11 Nov 2018 11:20:51 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29712 Com mais de 50 milhões de visualizações e 800 mil seguidores, o cartunista André Guedes alcança um recorde de audiência para a série “Zumbis em Brasília”. Não perca o último episódio da série. E compartilhe!

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Cultura iluminista – Conheça a biografia e o pensamento de Paulo Guedes que enriquece de iluminismo o novo governo https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-conheca-a-biografia-e-o-pensamento-de-paulo-guedes-que-enriquece-de-iluminismo-o-novo-governo/ https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-iluminista-conheca-a-biografia-e-o-pensamento-de-paulo-guedes-que-enriquece-de-iluminismo-o-novo-governo/#respond Wed, 07 Nov 2018 12:55:30 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29693 Apesar do entretenimento alienante da  TV Globo, a Globo News se transforma no grande espaço de debate público mais sério no Brasil e inaugura a mudança de paradigma cultural brasileiro, cada dia mais largando o barroquismo de que somos cativos há séculos, para, enfim, inaugurarmos uma era iluminista no trato da coisa pública.

Veja aqui uma pequena biografia e o pensamento do futuro ministro da economia do novo governo:

Paulo Guedes

O carioca Paulo Guedes, 69, esteve alijado do centro de poder do país nas últimas quatro décadas e ficou milionário apostando contra ou a favor dos planos econômicos forjados por outros.

A partir de 1º de janeiro, ele finalmente terá a chance de colocar em prática suas ideias liberais de abertura do mercado, redução do tamanho do Estado e privatizações como o “superministro” da Economia de Jair Bolsonaro (PSL).

Quando voltou ao país, em 1978, depois de concluir o doutorado na Universidade de Chicago, Guedes estava ansioso para aplicar o que aprendera. Um dos profissionais mais brilhantes de sua geração, já dominava como poucos os instrumentos da macroeconomia.

Só que, naquela época, o país tinha mentalidade estatizante e havia pouco espaço para suas ideias. Acabou também não seguindo carreira acadêmica em razão de brigas entre os grupos da PUC do Rio e da FGV.

Ao contrário do que ele próprio havia imaginado, seu destino foi o mercado financeiro.

“Paulo saiu de Chicago pronto para ajudar a tocar o governo, mas não teve chance. Só por isso consegui levá-lo para o mercado”, relembra o ex-banqueiro Luiz Cesar Fernandes.

De saída do Banco Garantia, que pertencia ao hoje bilionário Jorge Paulo Lemann, Cesar convidou Guedes para se tornar o economista-chefe de sua nova empreitada —a Pactual DTVM, que depois se transformou no Banco Pactual.

Criada em 1983, a corretora ganhou esse nome por causa dos sócios fundadores: P de Paulo Guedes, A de André Jacurski (que era diretor-executivo do Unibanco) e C de Luiz Cesar Fernandes. Havia também um quarto sócio, Renato Bromfman, que presidia a distribuidora do Credibanco.

Em pouco tempo, Jacurski e Guedes se tornariam lendas do mercado. Pessoas que conviveram com eles utilizam uma metáfora futebolística para descrevê-los. Guedes era o “Zico”, o armador do time, e Jacurski, o “Romário”, o goleador.

A função de Guedes era traçar a estratégia de investimentos da corretora, baseada em palpites certeiros dos rumos da economia. Já Jacurski utilizava aquela base para montar as posições na Bolsa. Juntos, ganhariam muito dinheiro.

A primeira goleada do Pactual foi marcada contra o Plano Cruzado, implementado no governo Sarney e que congelou os preços na tentativa de debelar a hiperinflação.

Guedes dizia que aquela aposta heterodoxa não ia dar certo porque deixava “pontas soltas”. Batia duro nos autores do plano —João Sayad, Edmar Bacha, Persio Arida e André Lara Resende, desafetos desde os tempos da academia.

A oposição era tão ferrenha que Guedes ganhou de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então diretor do BC, o apelido de Beato Salu, personagem da novela “Roque Santeiro” que anunciava o fim do mundo.

Guedes venceria a disputa do Cruzado. Com as prateleiras dos supermercados vazias, o congelamento de preços foi abandonado. A crise foi tamanha que o Brasil declarou moratória da dívida externa em 1987. Já o Pactual, que ainda era um banco pequeno, quadruplicou seu patrimônio.

O próximo alvo foi o Plano Collor. Eleito em 1989, Fernando Collor de Mello escolheu Zélia Cardoso como ministra da Economia e Ibrahim Eris como presidente do Banco Central. Guedes conhecia bem as ideias de Ibrahim e disse aos seus colegas que não se espantaria se ele fizesse um confisco.

Jacurski então aplicou o capital do banco em títulos de empresas exportadoras, que tinham receita em dólar fora do país. Quando Collor confiscou a poupança, em 16 de março de 1990, os investimentos do Pactual estavam protegidos.

Com a expansão do banco, Guedes assumiu a renda fixa e contratou uma turma jovem para ajudá-lo. Saiu de suas asas boa parte da segunda geração do Pactual, como André Esteves, hoje um dos donos do BTG Pactual, e Gilberto Sayão, sócio da Vinci Partners.

“Desde o Pactual, ele sempre formou times de excelência para a execução dos negócios em cima dos bons fundamentos estratégicos”, diz Daniella Marques, que se tornaria sócia de Guedes décadas depois, na Bozano Investimentos.

As relações entre Guedes e Esteves —ambos de temperamento forte— não são as melhores atualmente, mas o banqueiro já disse a amigos que o futuro ministro é “o melhor economista de farol alto” que conhece. Por “farol alto”, Esteves quer dizer aquele que enxerga longe na economia.

Quando chegou a vez do Plano Real, implementado em 1994 sob Itamar Franco, Guedes inverteu a mão e cravou que iria dar certo.

Os autores eram seus antigos rivais —Arida, Lara Resende e Bacha—, mas mesmo assim ele não se fez de rogado. Guedes entendeu que seria necessário elevar os juros e atrair uma montanha de capitais para estabilizar a moeda.

Com esse diagnóstico, Jacurski de novo entrou em cena. Não só vendeu dólares como fez uma imensa aposta que é conhecida no mercado como “carrego”: pegar dinheiro emprestado lá fora pagando 1% a 2% ao ano de juros e comprar títulos do Tesouro no Brasil, que remuneram à taxa Selic.

Guedes e Jacurski não podiam ter acertado mais —assim como outros bancos de investimento que foram na mesma toada. A Selic bateu em estratosféricos 45% e instalou-se a âncora cambial, que mantinha o real em paridade com o dólar. Foi o maior lucro da história do Pactual.

Guedes enriqueceu, mas nunca gostou de ostentar. Até hoje, não faz questão de relógios caros, helicópteros ou iates. O surrado paletó parece o mesmo há anos.

Ele gosta de exibir sua inteligência, inebriando as audiências de suas palestras, e é também um polemista, que quer vencer todas as discussões. Os inimigos o acusam de arrogante, os mais próximos dizem que ele é veemente.

Os sócios do Pactual se separaram em 1998. Cesar queria que o Pactual entrasse no varejo e fez uma frustrada tentativa de comprar o BCN. Guedes e Jacurski foram contra e preferiram sair. Fundaram então a JGP Investimentos.

E começaram acertando. Ainda na campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso naquele mesmo ano, Guedes previu uma maxidesvalorização do real.

Depois das crises asiática (1997) e russa (1998), o economista observava a queda das commodities e a redução do fluxo de capitais e percebeu que não dava para continuar queimando reservas para manter a paridade real e dólar.

Na época, Guedes disse à equipe da JGP: Gustavo Franco vai deixar a presidência do BC (ele pediu demissão em 13 de janeiro de 1999), vai haver uma maxidesvalorização do real (o dólar saltou de R$ 1 para R$ 2 dois dias depois), mas o efeito na economia real não será tão grande assim.

E recorreu a uma de suas metáforas: “Vai ser uma bomba, mas no fundo do mar”.

Jacurski e sua equipe então compraram títulos de empresas exportadoras e papéis atrelados ao dólar e, de novo, ganharam dinheiro.

Mas a trajetória de Guedes como financista não é feita só de vitórias. Foi na época da JGP que se agravou um problema que já vinha desde do Pactual: o economista estava apostando uma fatia de sua fortuna num mercado altamente especulativo —o “day-trade” do índice Bovespa— e perdendo muito dinheiro.

Segundo experientes operadores que o conhecem, esse ramo exige qualidades opostas às de Guedes. Não dá para brigar com o mercado e é preciso frieza e humildade para desmontar posições equivocadas. E o futuro ministro é do tipo que vai até as últimas consequências por suas ideias.

Em 2006, Guedes deixou a JGP e encerrou uma sociedade de 23 anos com Jacurski. Eles brigaram feio e mesmo pessoas próximas não revelam o motivo do entrevero. Ambos se recusaram a dar entrevista para esta reportagem.

Foi um período complicado para Guedes, que se reencontraria na fundação da BR Investimentos dois anos depois, em 2008. Nessa fase, ele voltou a fazer o que sabe melhor: prever tendências e aplicá-las à economia real. Nessa época, repetia outra de suas máximas: “O Brasil é o paraíso dos rentistas e o pesadelo dos empreendedores”.

Guedes tinha experiência com investidor na área de educação. Ao mesmo tempo que atuava no Pactual, havia comprado anos antes, com Claudio Haddad (ex-banco Garantia), a marca Ibmec e todas as atividades de ensino do instituto. Em 1984, o Ibmec foi pioneiro em trazer para o Brasil os cursos de MBA que hoje se transformaram numa febre.

Na BR Investimentos, Guedes decidiu apostar de novo em educação. Ele percebeu que as faculdades privadas viveriam um boom no país, impulsionadas pelo ProUni, programa criado pelo governo Lula para subsidiar ensino superior para pessoas de baixa renda.

A BR Investimentos captou R$ 360 milhões para comprar pedaços de empresas de educação e ajudá-las a acelerar seu crescimento e depois abrirem capital na Bolsa. As estrelas do portfólio foram a Abril Educação, em sociedade com a família Civita, e a Anima Educação. O fundo teve taxa de retorno líquida de 30% ao ano.

Depois, Guedes e sua equipe reuniram mais de R$ 520 milhões, dessa vez para apostar em consumo e serviços. Compraram uma fatia da varejista Hortifruti e da rede de estacionamentos Estapar. A taxa de retorno desse fundo, que ainda não foi totalmente desinvestido, está em 20% ao ano.

Em 2013, a empresa mudou de nome para Bozano Investimentos. Sua meta agora é repetir em saúde o que fez na educação. Captou R$ 1 bilhão para fundir hospitais no interior.

Guedes, porém, não estará mais lá para apurar os resultados. Vai vender sua participação na Bozano para comandar a área econômica do governo Bolsonaro.

Para Guilherme Aché, sócio da Squadra Investimentos, que trabalhou com Guedes por mais de 16 anos, “ele é a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa”, porque agora o país estaria preparado para o liberalismo.

O futuro ministro, porém, nem assumiu e já acumula polêmica. Disse na semana passada que vai “salvar a indústria, apesar dos industriais”, que vivem “entrincheirados” atrás do protecionismo.

Sob anonimato, pessoas próximas dizem que Guedes está acostumado com o jeito direto dos operadores do mercado financeiro e acreditam que a vivência em Brasília, onde o homem público não pode falar tudo que quer, promete ser um grande aprendizado.

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Cultura – Indo mais na raiz de nossa mudança política e o que podemos esperar deste novo governo https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-indo-mais-na-raiz-de-nossa-mudanca-politica-e-o-que-podemos-esperar-deste-novo-governo/ https://www.avozdocidadao.com.br/cultura-indo-mais-na-raiz-de-nossa-mudanca-politica-e-o-que-podemos-esperar-deste-novo-governo/#respond Wed, 07 Nov 2018 01:18:07 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29690 Para quem não viu a transmissão de minha palestra, vale notar que o que está acontecendo no Brasil não é apenas uma mudança de governo, mas uma mudança cultural desde que a cidadania foi às ruas há mais de cinco anos.

https://youtu.be/UNmG_LsNRN8

 

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Política internacional – a visão latino-americana da vitória de Bolsonaro https://www.avozdocidadao.com.br/politica-internacional-a-visao-latino-americana-da-vitoria-de-bolsonaro/ https://www.avozdocidadao.com.br/politica-internacional-a-visao-latino-americana-da-vitoria-de-bolsonaro/#respond Sun, 04 Nov 2018 09:38:26 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29683 Notadamente a visão chilena, primeiro país a ser visitado pelo presidente eleito. Chile que tem experimentado grande desenvolvimento social e econômico desde sua guinada à direita, não apenas tendo eleito o conservador Sebastian Piñera, mas também o líder da Ação Republicana, José Antonio  Kast, o que mais se aproxima da visão política de Bolsonaro no Chile.

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Humor – Uma das melhores imitações de Bolsonaro e Donald Trump, por André Marinho. Impagável! https://www.avozdocidadao.com.br/humor-uma-das-melhores-imitacoes-de-bolsonaro-e-donald-trump-por-andre-marinho-impagavel/ https://www.avozdocidadao.com.br/humor-uma-das-melhores-imitacoes-de-bolsonaro-e-donald-trump-por-andre-marinho-impagavel/#respond Sun, 28 Oct 2018 14:32:01 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29664 Nesse mais novo vídeo, imperdível, André Marinho imagina como seria uma ligação do Presidente dos EUA, Donald Trump, para o futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, enquanto ele ainda estava hospitalizado. Você não pode perder! Conheçam o canal, inscrevam-se, ativem o sininho!! Curtam, comentem, compartilhem sem moderação…

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Educação política – Nada mais oportuno nessas eleições do que compreender como o socialismo se transveste de socialismo democrático https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-politica-nada-mais-oportuno-nessas-eleicoes-do-que-compreender-como-o-socialismo-se-transveste-de-socialismo-democratico/ https://www.avozdocidadao.com.br/educacao-politica-nada-mais-oportuno-nessas-eleicoes-do-que-compreender-como-o-socialismo-se-transveste-de-socialismo-democratico/#respond Sat, 27 Oct 2018 14:56:05 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29660 Assista ao vídeo da Praeger University com apresentador americano Steven Crowder sobre a estratégia argumentativa do socialismo transvestido de socialismo democrático, como a nova farsa dos petistas para ganhar as eleições e jogar uma nuvem de fumaça na sua Orcrim que destruiu a economia do país.

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Eleições 2018 – Continua a polêmica sobre a falta de limites éticos nas campanhas de propaganda política https://www.avozdocidadao.com.br/eleicoes-2018-continua-a-polemica-sobre/ https://www.avozdocidadao.com.br/eleicoes-2018-continua-a-polemica-sobre/#respond Fri, 26 Oct 2018 12:59:50 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29656 Uma atitude imoral numa campanha política reflete necessariamente a imoralidade pública com que o candidato pautará a condução do seu futuro governo.

Jayme Monjardim diretor da Rede Globo detona o Haddad e o PT após vídeo de um filho atirando no pai.

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Eleições 2018 – As eleições em que ficará marcado o fim da marquetagem profissional pelos cidadãos eleitores e fazedores de campanha de graça https://www.avozdocidadao.com.br/eleicoes-2018-as-eleicoes-em-que-ficara-marcado-o-fim-da-marquetagem-profissional-pelos-cidadaos-eleitores-e-fazedores-de-campanha-de-graca/ https://www.avozdocidadao.com.br/eleicoes-2018-as-eleicoes-em-que-ficara-marcado-o-fim-da-marquetagem-profissional-pelos-cidadaos-eleitores-e-fazedores-de-campanha-de-graca/#respond Thu, 25 Oct 2018 12:03:31 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29653 Vejam a impressionante produção e edição de um vídeo que corre nas redes do professor Maciel de Recife.

Como exemplo de nossa tese de que estamos destorcendo, ou desfazendo a torção barroquista de que somos cultores desde o século XVI, quando adoramos pensar por dilogias e paradoxos. Quanto mais o esquerdismo barroquista fazem tudo para torcer e distorcer a realidade, mais ironias se constroem espontaneamente nas redes sociais. Quer ver um exemplo de paroxismo de contradições? Vejam esta lista de atributos de Bolsonaro:

JB17

– O assassino que nunca matou ninguém;

– O primeiro ditador que sempre exerceu cargo eletivo;

– O homofóbico que recebe beijos e abraços de homossexuais;

– O Nazista que empunha a Bandeira de Israel, que defende e dá palestra na comunidade Judaica e é ovacionado;

– O racista que tem um negro como um dos melhores amigos há vários anos (Helio Negão) e o seu sogro, Paulo, é negro também;

– O violento que levou purpurina, ovos, cuspe na cara e por fim, uma facada no abdome… e nunca reagiu nem agrediu ninguém fisicamente;

– O mentiroso que só fala as verdades que doem;

– O louco que defende que Bandido seja tratado como bandido;

– O estuprador que é contra o estupro e aborto;

– O radical que defende que o cidadão tenha o direito de defender sua família e propriedade;

– O burro que, inteligentemente, admite quando não entende de determinado assunto;

– O único corrupto que não tem processo de corrupção nenhum contra si em 27 anos atuando no ambiente mais corrupto do mundo;

– O candidato dos ricos que fez uma das campanhas mais pobres da história;

– O milionário que tem 5 imóveis;

– O político mais burro, pois anuncia seus principais ministros ao povo antes mesmo do fim do primeiro turno, não deixando margem para negociatas no segundo turno;

– O prepotente que ousa dizer que não negocia cargos com partidos em troca de tempo de TV.

Este é Jair Bolsonaro!

 

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