Artigo Mario Guerreiro – A Voz do Cidadão https://www.avozdocidadao.com.br Instituto de Cultura de Cidadania Tue, 24 Nov 2020 16:47:03 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.2.5 163895923 Artigo – O que é o conservadorismo, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-que-e-o-conservadorismo-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-o-que-e-o-conservadorismo-por-mario-guerreiro/#respond Tue, 24 Nov 2020 16:46:58 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39901

                                                         

Apesar este termo ter entrado na teoria e na prática política há três séculos, ainda hoje tem gerado uma série de mal-entendidos. Tentaremos fazer um breve esclarecimento e chegar a um conceito de conservadorismo o mais preciso possível.

Na sua acepção popular, um conservador é um sujeito antiquado, apegado ao passado, avesso às mudanças sociais e políticas, aos novos costumes, etc. Em resumo: um sujeito, na melhor das hipóteses, “quadrado” e na pior, “reacionário”.

No jargão esquerdista, conservador é pejorativamente chamado de “conserva”, contrastando com “progressista”. E o conservadorismo visto como um “retrocesso” em relação às “grandes conquistas sociais” das esquerdas “progressistas”.

Conservador e conservadorismo são termos que tiveram sua origem na linguagem política e não devem ser usados inapropriadamente fora da mesma, a menos que se queira gerar uma grande confusão conceitual.

Tenho razões para pensar que esses termos surgiram na segunda metade do século XVIII, por volta da ebulição de ideias que resultaram na Revolução Francesa (1789).

Isto não subentende que o conservadorismo tenha sido uma dessas ideias fomentadoras dessa Revolução. Ao contrário, geralmente o conservadorismo é contrário a toda e qualquer revolução e, por conseguinte, um crítico acerbo de duas grandes delas: a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Russa (1917).

Mas por que é contrário a essas “grandes transformações sociais pelas armas”? Primeiro, porque há outra forma de grande transformação social pacífica levada a cabo por meio de reformas, e esta se mostra mais oportuna. Ser um “reformista” só é motivo de forte reprovação na linguagem dos revolucionários marxistas-leninistas-stalinistas.

Em segundo lugar, porque reformas são coisas planejadas cujas finalidades são conhecidas e aprovadas democraticamente por um Parlamento. Podem cometer erros, mas nada impede que estes sejam corrigidos por outras reformas melhores.

 Já foi dito por alguém, cujo nome não me lembro, que todo mundo sabe como começa uma revolução, mas ninguém sabe como acaba. Daí ela ser considerada um investimento de alto risco, coisa historicamente comprovada pelo fracasso da maioria delas.

Isto não significa dizer que os líderes das revoluções não tenham finalidades a serem alcançadas, mas sim que no curso de uma revolução podem ocorrer fatores imprevistos e mesmo indesejados capazes de desviar a revolução das suas metas.

A Revolução Francesa, por exemplo, tinha em seu lema três ideais:  Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Seus líderes tinham como finalidade instaurar essas três coisas valiosas e admiráveis. Na realidade, um lema maçônico.

Ocorre, no entanto, que determinados fatores imprevistos pelos seus líderes modificaram inteiramente seus propósitos iniciais. Veio a contrarrevolução dos jacobinos e foi implantado O Reino do Terror de Robespierre – o “Rousseau com a guilhotina”, segundo o oportuno epíteto do saudoso embaixador J.O. de Meira Penna.

Apesar de ser muito difícil prever os rumos e o desfecho de uma revolução, um filósofo e político da Casa dos Comuns, Edmund Burke (1729-1797) foi capaz de prever as mazelas e os horrores da Revolução Francesa.

Um ano após a Revolução, quando ela ainda estava na sua primeira fase, Burke publicou um valioso livro: Reflexões sobre A Revolução na França (1790). Nesta obra, ele fez um trabalho semelhante ao de Alvin Toffler em O Choque do Futuro, e de outros analistas de tendências contemporâneos.

Não se trata de dispor de uma bola de cristal, nem de arriscar ousadas previsões históricas, mas sim de avaliar cuidadosamente os fatores mais relevantes de uma particular conjuntura e lançar hipóteses sobre seus prováveis desdobramentos.

E foi exatamente isto que E. Burke fez, como podemos surpreender numa das melhores passagens da referida obra:

 “Posso felicitar esta mesma nação pela sua liberdade? Pelo fato de a liberdade, no seu sentido abstrato, dever ser incluída entre os bens do gênero humano, deverei seriamente cumprimentar um louco furioso, que tivesse escapado da protetora e salutar obscuridade do seu cárcere, pelo fato de ele ter recuperado  a luz e a liberdade? Deverei cumprimentar   um salteador ou um assassino, que tivessem rompido seus grilhões, pelo fato de um ou outro ter recuperado seu direito natural? Isto seria renovar a cena dos remadores das galés e do seu heroico libertador: o metafísico cavaleiro da triste figura. (Reflexões sobre A Revolução na França).

“O cavaleiro da triste figura” é Dom Quixote de La Mancha, tal como ele se autodenominou. Após ter libertado os remadores prisioneiros de uma galé, eles não o agradeceram como ele esperava: queriam comer seu fígado!

E. Burke tem sido considerado o pai do conservadorismo e, por isso mesmo, não podia aprovar uma revolução desejosa de virar o mundo de ponta à cabeça. Como todo bom conservador, ele preconizava reformas mediante uma ação gradualista.

Como membro da Casa dos Comuns e do Partido Whig, ele seria incoerente se fosse contra o regime monárquico constitucional vigente na Inglaterra desde 1690, um ano após a Revolução Gloriosa.

Mas ele não foi incoerente colocando-se contra uma revolução que queria derrubar uma monarquia absolutista, a da Luís XVI, em nome de um regime que não se sabia exatamente qual, e que após infindáveis atritos entre seus líderes, acabou gerando o contragolpe dos jacobinos, o Reino do Terror de Robespierre cujo lamentável desfecho foi o Diretório e em seguida a tirania de Napoleão Bonaparte.

Burke não podia ser a favor da Revolução Americana de 1776, como foi de fato seu compatriota Tomas Paine (1737-1809), que participou ativamente da mesma. Como membro da Casa dos Comuns, isto seria considerado um crime de traição, mas Burke foi o político britânico mais sensato ao ouvir as reivindicações de Benjamin Franklin, como representante diplomático das Treze Colônias.

 Como todos os Founding Fathers, em princípio, Franklin não desejava a independência dos Estados Unidos. Queria permanecer como colônia do Império Britânico, pedia apenas maior autonomia das Treze Colônias, a revogação de impostos injustos e outras coisas da mesma natureza.

Se, mais tarde, no Segundo Congresso Continental – assim se chamava a assembleia dos representantes das colônias americanas – ele aderiu à guerra de independência, foi somente após tentar três vezes uma conciliação com a Inglaterra e não conseguir.

Embora não apoiasse abertamente a independência dos Estados Unidos, Burke não só ouviu com atenção as reivindicações de Franklin, como também enviou para a Casa dos Comuns um projeto que elevava as Treze Colônias ao status de Vice-Reino, tendo representantes americanos no Parlamento britânico,  coisa que teria provavelmente sido aceita pelos americanos,

O trágico episódio da Revolução Francesa não são ensejou o crescimento do conservadorismo, como também foi motivo de duas reações contrárias à Revolução, que resultaram em dois tipos de conservadorismo.

Montesquieu, Voltaire, Condorcet e outros pensadores nunca foram contra a monarquia em si mesma, mas sim contra a monarquia absolutista francesa de Luís XV e Luís XVI. Nunca pensaram em fazer uma revolução para depor o monarca, mas sim em reformas, tais como a que revogasse uma monarquia absolutista e instaurasse uma monarquia constitucional, como tinha feito a Inglaterra um século antes da Revolução Francesa com a promulgação da Bill of Rights em 1689.

Burke, por sua vez, pensava o mesmo que os supramencionados iluministas franceses e, por isso mesmo, colocou-se contra a Revolução, mas a favor de uma reforma do trono francês no sentido de uma monarquia constitucional.

No entanto, após a Revolução, pensadores como Joseph De Maistre (1753-1821) queriam uma restauração do trono absolutista. Ele, De Bonald e outros eram conservadores retrógrados, pois queriam o retorno de uma forma monárquica absolutista destruída pela Revolução Francesa.

Mas Burke era conservador do status quo vigente há um século na Inglaterra e vigente até hoje. Neste sentido, Burke rejeitava a Revolução Francesa assim como rejeitava também a restauração proposta por De Maistre e De Bonald. E caso estivesse vivo, certamente rejeitaria a revolução da Comuna de Paris de 1871 e sua netinha o golpe bolchevista que sucedeu a Revolução Russa (1917).

Ambos os conservadorismos, o inglês e o francês, tinham um ponto em comum: a conservação do status quo, com a diferença de que o primeiro queria conservar um  status quo de um estado de direito democrático – o parlamentarismo britânico – mas o segundo queria conservar um status quo tirânico – o absolutismo do ancien régime.

Creio que o conservadorismo francês é que foi o responsável por essa caricatura do conservador como alguém retrógrado, antiquado, avesso às mudanças de costumes e políticas.

E embora o conservadorismo de Burke tenha se disseminado por monarquias constitucionais posteriores – a da Holanda, da Bélgica, dos países escandinavos – à exceção da Finlândia, que é uma república parlamentarista – ambos os conservadorismos continuaram tendo seus adeptos ao longo da História.

Em Portugal, por exemplo, após o fim da Revolução dos Cravos (e Espinhos), de 1974, havia dois partidos monarquistas: um monárquico-constitucional e outro monárquico-absolutista, e isto, pasmem!, em  pleno século XX! Só pode ser um dos ecos da maligna influência francesa,                                   

Mas o conservadorismo, embora tenha nascido na monarquia constitucional britânica, não é uma concepção atrelada à monarquia constitucional, pois nada impede que ele exista numa forma republicana, como de fato existe, não como um partido, como o Conservative Party (Tory) do Reino Unido, mas como uma facção política bastante influente, como por exemplo o Tea Party americano.

[A palavra “party” é ambígua, pois tanto pode significar “partido” como pode significar “festa”, mas no caso do Tea Party, trata-se da Festa do Chá em alusão a um episódio marcante ocorrido em Boston, pouco antes da Revolução Americana e que influenciou os revolucionários da guerra de independência].

Além da preferência pelas reformas e pelo gradualismo, em vez de mudanças bruscas e radicais como são as revoluções, o conservadorismo se caracteriza grande apreço pela experiência histórica e pelas tradições de um povo, pela cautela e moderação na atividade política. Pode-se dizer que Sir Winston Churchill foi a encarnação do conservadorismo britânico.

É mais uma postura ética diante da política do que uma filosofia política, mas carece de uma posição própria em relação à Economia Política, o que leva alguns conservadores a adotar o liberalismo, como são os casos de Churchill e da grande líder pós-guerra do Partido Conservador (Tory): Margaret Thatcher – The Iron Lady, como costumava chamá-la Leônid Brejnev, o Primeiro-Ministro da extinta URSS.

Além disso, o conservadorismo considera algo impensável a dissociação de ética e política ocorrida na História graças a influência de Maquiavel. Até a publicação de O Príncipe em 1532, o pensamento dominante na civilização ocidental era a visão aristotélica, segundo a qual a política era uma extensão da ética no domínio público.

Não só o caso de Thatcher, mas também do atual Primeiro-Ministro Boris Johnson (Tory), que governa o Reino Unido numa coligação com o Partido Liberal.

Coisa surpreendente é que encontramos a melhor caracterização do conservadorismo num indivíduo não voltado para a vida e/ou a teoria política: “Senhor, dai-me forças para modificar o que deve ser modificado, aceitar o que não pode ser modificado, e saber reconhecer a diferença entre ambos” (São Francisco de Assis).

 Não é preciso ser católico, nem mesmo cristão, nem mesmo religioso, para reconhecer a grande sensatez dessas palavras.

  • Mario Guerreiro, doutor em filosofia pela UFRJ
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Artigo – Sobre o Populismo, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-sobre-o-populismo-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-sobre-o-populismo-por-mario-guerreiro/#respond Thu, 29 Oct 2020 22:52:50 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39891                     Que o populismo seja algo atribuído a líderes políticos, disto não há a menor dúvida. Mas como se caracteriza uma liderança populista? Líderes bastante diferentes já foram rotulados de “populistas”. Por exemplo: demagogos gregos, Hitler, Vargas, Perón, Mussolini, Stalin, Chávez, Lula.

Disto se conclui que (1) o termo tem sido usado abusivamente ou (2) trata-se de algo bastante elástico, que independe da ideologia professada pelo líder. Dizer que há um populismo de direita ou de esquerda, pode ser até razoável, mas não resolve nada, a menos que definamos o que devemos entender precisamente por “populismo”.

Antes de tentar equacionar essa questão, resta ainda outra: devemos entender que populista é o mesmo que demagogo? Caso seja, populismo seria o mesmo que demagogia.

Como ponto de partida, tomemos o que, em Filosofia, costumamos chamar de definições de dicionário. Segundo a Wikipedia, populismo= df.  práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente contrapondo um conjunto este grupo a uma “elite”. Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então. Poucos atores políticos descrevem a si mesmos como “populistas”, e no discurso político o termo geralmente é aplicado a outros pejorativamente.

Em primeiro lugar, a Wikipedia assinala um traço já assinalado por nós: “Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então. Em segundo, a Wikipedia fornece uma noção vaga, ainda que não inadequada e/ou errônea: práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente contrapondo um conjunto este grupo a uma “elite”.

É bastante comum, em uma liderança populista, a contraposição de “populismo” e “elitismo”, considerando este último termo algo ruim devendo ser combatido, embora nem sempre o populismo seja explicitamente considerado bom. Creio que a maioria dos líderes populistas não gostem de ser assim chamados, mas outros há que não se importam, desde que seja aceita a definição positiva dada por eles ao termo como “populista”= df. “aquele que ama o povo e tem horror das elites inimigas do povo”

Leonel Brizola, lembro-me bem, disse algo mais ou menos assim: “Algumas pessoas acham que populismo é uma coisa ruim, mas eu não penso assim. Populista é  aquele que está preocupado com o povo, que se importa com o povo”. Cito de memória e não posso garantir que o ex-Governador do Rio Grande do Sul e, posteriormente, do Rio de Janeiro tenha proferido exatamente essas palavras, mas estou certo de que são a expressão correta de seu pensamento.

Apenas uma advertência: no jargão brizolista, assim como no jargão esquerdista, a palavra “povo” não quer dizer “todos os indivíduos de todas as classes sociais de uma nação”, mas sim a classe pobre, popularmente: “o povão”.

Um exemplo de uso semelhante pode ser encontrado no filme o Dr. Jhivago, baseado no romance do mesmo nome, de Bóris Pasternak (Prêmio Nobel). O Dr. Jhivago é um médico de alta classe média russa quando ocorre a Revolução de 1917. Ele é imediatamente recrutado pelo Exército Vermelho do general Trotsky. Ele passa meses cuidando dos feridos em batalhas, mas quando tem uma folga, ele volta para sua casa em Moscou.

Percebe que sua casa foi requisitada pela Revolução Comunista e tem várias famílias morando nela. Embora não possa estar satisfeito, porque não era comunista, não emite uma só palavra de insatisfação ou crítica à Revolução, mas uma sargentona do Partido vai logo lhe dizendo: “Agora tudo mudou. A Rússia agora é o país dos trabalhadores !”

Ao que Jhivago observa: “Mas eu também sou um trabalhador, sempre trabalhei como médico” (só não disse que tinha trabalhado de graça para a Revolução). No contexto acima, “os trabalhadores” são apenas a classe proletária, da qual acham-se excluídos profissionais de classe média como médicos, advogados, engenheiros, etc. Pra todos os efeitos, “os trabalhadores”  são “o povo”.

Vejamos agora a definição de dicionário de “demagogo” da Wikipedia. Demagogo=df.”é um termo de origem grega que significa “arte ou poder de conduzir o povo”. É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Considero esta definição de dicionário bastante fiel ao uso da palavra e de acordo com um conceito da Ciência Política. Só devemos entender que o verbo grego agogein, relacionado com “gogo” tem, neste contexto, uma conotação pejorativa, que é bem expressa por “manipular”.

Isto se torna bastante claro na sequência da definição: É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Desse modo, o demagogo é um falso moedeiro, alguém que faz promessas que não pode cumprir e/ou pode mas não tem a mínima intenção de cumprir. E suas promessas visam a uma finalidade única: apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas.

Parece que chegamos a uma compreensão razoável dos termos “populista” e/ou “demagogo”, mas resta ainda examinar duas expressões com as quais esses termos estão intimamente relacionados: “culto da personalidade” e “carisma”.

Pela primeira expressão, entendemos o endeusamento da figura do líder, em parte promovido pela propaganda e em parte promovido pelos seus liderados. Uma raposa política das mais felpudas certa vez disse – cito de memória e não poso garantir que tenham sido estas suas próprias palavras, mas garanto que é a expressão correta de seu pensamento – “Ninguém pode se dizer líder, líder é quem os outros dizem que é”. Correto! De que adiantaria alguém autoproclamar-se líder, mas os outros não reconhecerem?!

Do mesmo modo, que seria de um profeta se ele fizesse profecias, estas sempre se realizassem, mas ninguém lhe desse crédito? Seria como Cassandra, que recebeu uma terrível maldição do deus dos oráculos, Apolo. Cassandra ergueu sua voz e vaticinou: “Se vocês, troianos, abrirem as portas de Tróia e acolherem este grande cavalo de madeira, será o fim de Tróia!” E ninguém acreditou nela!

Decorre daí que a liderança é um fenômeno somente compreensível dentro da interação de líder e liderados. Assim como o fenômeno da representação política decorre da relação entre representantes e representados.

Ora, sendo o populismo/demagogia uma forma espúria de liderança, ele também é um caso de interação, de interação entre quem está enganando seus liderados e seus liderados que se deixam enganar. Caindo na popular: que seria do malandro, se não existisse o otário? Ou do masoquista, se não existisse o sádico?

Carisma era um termo da linguagem religiosa transformado num termo da linguagem da ciência política por Max Weber, para caracterizar um tipo de liderança autêntica ou demagógica, veiculadora desta ou daquele ideologia, possuidora do inexplicável poder de gerar forte influência sobre os outros, que são tomados por uma espécie de fascínio, tornando-se capazes de fazer “tudo aquilo que seu mestre mandar”.

Se o leitor pensou em Adolf Hitler, acertou na mosca, mas se o leitor pensou em Mahatma Gandhi, acertou também.  Mas como pode o carisma ser atribuído tanto a um tirano sanguinário como a um grande líder pacifista?

Só seremos capazes de desfazer essa incongruência, se considerarmos que “carisma” é uma expressão axiologicamente neutra, como queria Weber, ou seja: é em si mesma desprovida de valor e só adquirirá valor dependendo dos fins atrelados a ela. Simplificando: assim como a astúcia e o conhecimento, o carisma não é bom nem mau, tudo dependendo do fim para o qual está voltada a ação de um líder carismático.

Se Gandhi empregou seu carisma para uma finalidade pacífica e libertadora, Hitler empregou o seu para uma atividade belicosa e escravizante.

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Artigo – “Canetada com Mont Blanc contra Bolsonaro”, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-canetada-com-mont-blanc-contra-bolsonaro-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-canetada-com-mont-blanc-contra-bolsonaro-por-mario-guerreiro/#respond Thu, 07 May 2020 16:37:15 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39832 Nos meios jurídicos, costuma ser dito a seguinte frase: “Constitucional é o que o STF diz que é”. Sem dúvida, a Constituição garante essa prerrogativa ao Supremo: Dizer se é constitucional ou não o que é enviado a ele.

Contudo, embora não pareça, a frase acima padece de uma ambiguidade. Numa acepção, o que ela quer dizer não passa de uma trivialidade, algo mais ou menos assim: “A decisão sobre a constitucionalidade é prerrogativa do STF”

Mas noutra acepção, quer também dizer: “Não há nenhum fundamento para a Constitucionalidade ou não. Se o STF decide que não temos o direito constitucional de ir e vir, em um processo de uma tiazinha do Whatzapp contra o Governador do Rio de Janeiro ou de São Paulo cuja polícia a algemou e prendeu por estar saindo à rua em desobediência à quarentena, então pouco importa que o referido direito esteja na Constituição, uma vez que constitucional é o que o STF diz que é, não importando o que diz a Constituição.

Salta aos olhos a insinuação maldosa embutida na supramencionada ambiguidade. Algo mais ou menos assim: pouco importa a letra da Carta Magna brasileira, tudo é uma questão de vontade do Ministro do STF, tudo depende de seu bom ou mau humor, se seu calo está doendo ou não, etc.

Há mesmo muita gente que pensa assim considerando um Ministro de nossa Suprema Corte como um soberano absolutista d’antanho que,  além de acumular os Três Poderes, decidia conforme lhe desse na telha e sem ter que dar satisfação a ninguém, a não ser Deus, e isto  quando o soberano em questão acreditava nEle…

Ora, isto é algo que tem um caráter histórico. Pertence a um vetusto passado, antes da separação dos Três Poderes, de um Poder Judiciário independente, de um Poder Legislativo independente e de um Executivo independente. Cada qual tendo atribuições peculiares e todos regulamentados pelas leis.

Por falar nisso, segundo a Constituição Pátria, é uma atribuição do Chefe do Poder Executivo nomear e exonerar seus Ministros  e todos aqueles que estejam sob seus comandos como, por exemplo, o Ministro da Justiça e o Chefe da Polícia Federal adstrita ao Ministério da Justiça.

Suponhamos, porém, que um Presidente da República exonere um Chefe da Polícia Federal e nomeie outro. Suponhamos que o nomeado é sobrinho do Presidente. Se ele fizesse isso, alguém poderia provocar o STF imputando ao Presidente o cometimento de nepotismo. Como todo mundo sabe “nepotismo” é proveniente do latim nepotes. i.e. sobrinho.

O que não é o caso de Fernando Collor de Melo, que nomeou seu primo Marco Aurélio de Melo. Não é o caso de Luiz Inácio da Silva, que nomeou Antonio Dias Toffoli, uma vez que ele não tinha nenhum grau de parentesco com ele, que era apenas advogado do PT, cargo que teve de abrir mão quando da sua nomeação para o STF…

Foi aí então que Jair Messias Bolsonaro nomeou o chefe da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) para chefe da Polícia Federal. Alguém, cujo nome desconheço, pediu ao STF uma liminar cancelando a nomeação sob a alegação de que o nomeado era amigo do Presidente e além disso havia um desvio de finalidade: intervir em investigações da Polícia Federal.

Quanto à primeira alegação, não haveria nenhum problema se o Presidente, num gesto magnânimo, nomeasse um inimigo para um cargo de confiança, mas não um amigo. Não é um caso de nepotismo, mas sim de nomeação política. Como todo mundo sabe, as nomeações do Presidente não podem ser de caráter político.

Por exemplo: nomear para Ministro da Fazenda um médico sanitarista somente porque é uma figura proeminente de seu partido. Para este cargo, tem que ser um economista de notórios méritos, assim como, para Ministro da Saúde, não pode ser um advogado. Não se deve fazer como Vargas que nomeou um pediatra para o STF.

Quanto à segunda, há desvio de finalidade explícito quando uma “Presidenta” nomeia para ministro um ex-Presidente, que estava para ser julgado em segunda instância. Ora, até um mané sabe que a finalidade real era impedir que o réu fosse julgado por desembargadores. Como portador de foro especial, ele só poderia ser julgado pelo STF, e isto nas calendas gregas.

A mencionada liminar caiu em mãos do Ministro Alexandre de Morais e este decidiu favoravelmente a ela. Não importa que o próprio Alexandre de Morais tivesse sido nomeado por seu amigo e aliado político Michel Temer.

O grande constitucionalista Yves Gandra Martins declarou que percorreu a Constituição de cabo a rabo, mas não conseguiu encontrar um único artigo que pudesse embasar a decisão de Alexandre de Morais, de conceder a supramencionada liminar.

A única explicação plausível é que Yves Gandra não encontrou o que estava procurando, por causa de sua avançada idade com seus olhos cansados ou então que Alexandre de Morais tomou sua decisão porque assim quis, sem levar em consideração a Magna Carta brasileira.

Algo parecido com o caso de Jânio Quadros quando indagado pela razão de sua renúncia teria dito: “Fi-lo, porque qui-lo!” Ora, nosso gramático e dramático homem da vassoura, jamais teria cometido esse crime contra o excelso vernáculo. Poderia ter dito, isto sim, “Fi-lo. Porque o quis”.

De minha parte, recuso-me a acreditar que um notável membro do STF, ex-professor de Direito Constitucional da USP, ex-membro do egrégio Ministério Público de São Paulo, um dos Guardiões da Constituição tenha decidido contra a mesma. Não acredito!!!

Será que constitucional e inconstitucional é o que o STF ou uma decisão monocrática de um de seus membros diz que é? Em que sentido desta expressão ambígua? Você decide.

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Artigo – “À Sombra do Corona”, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-a-sombra-do-corona-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-a-sombra-do-corona-por-mario-guerreiro/#respond Wed, 25 Mar 2020 20:51:59 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39807 Estou escrevendo em 22/3/2020. O Brasil está sofrendo com a curva ascensional do Corona Vírus (ou Covid 19). Rezemos para que não seja uma escalada exponencial como a do Corrupto Vírus.

O Corona é como uma revolução. Sabemos quando ele começa mas nunca sabemos quando acabará. Mas não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.

Sabemos que ele veio da China, mas não é politicamente correto chamá-lo de Virus Chinês: China Virus, como costuma dizer Trump. Isso é preconceito racial, como dizem os canhotos.

 Pior ainda é insinuar que foi produzido intencionalmente por Ming Ling, para abalar as economias do Ocidente. Mas por mera coincidência, toda vez que o PIB chinês está em queda acontece uma epidemia na China. E se espalha pelo Ocidente.

Sabemos que epidemias são como impérios: têm ascensão, auge e decadência. Como diz o vetusto provérbio chinês: Se você chega no pico da montanha e dá um passo à frente, você está descendo. Se você chega ao fundo de um vale e dá um passo à frente, você está subindo.

Seja como for, o terrorismo epidemiológico é um fato lamentável, basta você ligar a TV e não ser um papalvo. 

Isso pode gerar um efeito muito ruim para a atividade econômica. Se alguém resolve espalhar um boato de que determinado banco está falindo, ainda que ele esteja economicamente muito bem das finanças, seus  clientes retirarão seu dinheiro dele, e então ele poderá entrar em falência.

Neste domínio, tudo o que importa são as expectativas das pessoas, não os fatos. Mas não me entenda mal: no caso do Corona, o que importa são os fatos, não o poder do pensamento positivo ou negativo.

Porém uma coisa é certa: se o Corona tiver sido intencionalmente disseminado pelos dirigentes do Partido Comunista Chinês, nada poderia ser melhor: como o vírus começou na China e depois se espalhou pelo Ocidente, mais cedo ou mais tarde, ele estará em declínio na China e, ao mesmo tempo, chegando ao auge no Ocidente.

 Isto significa que quando as economias nacionais do Ocidente estiverem passando seus piores momentos de crise, a da  China estará em ascensão, tenha a China produzido intencionalmente o Corona ou não.

De onde se infere que se esses comunistas chineses não são uns  canalhas, eles têm mais sorte do que o primo de Donald, não o Trump, mas sim o Gastão do pato Donald.

E tem mais: se o(a) jovem amigo(a) contrair o Corona, apesar de lavar as mãos cuidadosamente com álcool gel 15 vezes por dia, apesar de só tirar a máscara para comer e escovar os dentes, apesar de só ter saído 2 vezes de casa para comprar comida… não se desespere. Faça como recomendava a Perfeita Martaxa Suplício em Si: Relaxe e goze!

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Artigo – “Cinco Mudanças Radicais na História do Brasil: Primeira Parte”, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-cinco-mudancas-radicais-na-historia-do-brasil-primeira-parte-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-cinco-mudancas-radicais-na-historia-do-brasil-primeira-parte-por-mario-guerreiro/#respond Tue, 08 Oct 2019 17:39:21 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39599 A primeira mudança radical foi a substituição da forma e do regime de governo. De uma monarquia constitucional a uma ditadura republicana. O Segundo Império tinha a forma monárquica e o regime parlamentarista, com o imperador exercendo o poder moderador e o primeiro-ministro um membro do partido majoritário governando o país, como costuma ser atualmente em países parlamentaristas com uma forma monárquica, por exemplo: Reino Unido, Holanda, Bélgica, Japão, etc, ou com uma forma republicana, por exemplo: França, Alemanha, Itália, Portugal, etc.

A diferença é que numa forma republicana com regime parlamentarista o lugar do rei ou imperador é ocupado pelo presidente da república. Assim foi no Brasil, só que, contrariamente aos demais regimes com forma republicana e regime parlamentarista, a quartelada que depôs D. Pedro II, colocou um presidente governando sem um parlamento.

Em outras palavras ,o golpe criou uma forma republicana com um regime absolutista, ditatorial. Assim foi com o marechal Deodoro da Fonseca e com o marechal Floriano Peixoto, que massacrou a revolta da Ilha do Desterro, que passou a se chamar Florianópolis, ou seja Cidade de Floriano. Triste herança!

O regime adotado pelos militares era o recomendado pelo filósofo Auguste Comte e por ele mesmo denominado ditadura republicana, para todos os propósitos e fins, o mesmo que um absolutismo monárquico. Comte exerceu fortíssima inluência sobre os militares do segundo império e continuou  tendo forte influência muito tempo depois, como veremos.

Sua ideia básica era que a humanidade já estava no último de seus estágios: o estágio positivo após passar pelos estágios teológico e religioso. E o último estágio tinha que ser governada pela ciência e tecnologia. Daí, a classe política devia ser substituída pela classe dos técnicos. Saía a monarquia constitucional e entrava a ditadura republicana (esta expressão é do próprio Comte), um regime com o domínio dos tecnocratas.

A despolitização promovida pela ditadura republicana manu militari durou os dois governos de Deodoro e Floriano até o advento da assim chamada Velha República, uma sucessão de governos republicanos presidencialistas que acabou com a Segunda Mudança Radical: o Estado Novo de Vargas.

O Estado Novo era uma ditadura republicana como tinha sido os regimes militares. O fantasma de Comte continuava assombrando o Brasil, mas com algumas diferenças. O Congresso Nacional não foi fechado e havia eleições, a não ser para governadores, que eram interventores indicados pelo próprio Vargas. Os militares não estavam no poder, mas apoiavam Vargas.

O Estado Novo acabou quando Vargas foi deposto e foram abertas eleições para governadores e Presidente.  Vargas voltou de sua estância em Bagé (RS), foi candidato e foi lavado ao poder novamente, mas agora pelo voto. Não se pode dizer que seu governo foi um regime ditatorial, pois havia eleições para vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores e governadores. No entanto cabe dizer que foi um governo autoritário.

Seu governo não foi como o anterior marcado por uma implacável polícia política, o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) e por perseguições dos adversários, mas sim por grande corrupção, muito maior do que a da Velha República, porém muito menor do que a dos governos petistas, esta última a maior do mundo, sem exagero.

Tenho razões para crer que Vargas pessoalmente era um político nacionalista e honesto. Não roubou nada, mas deixou que roubassem quase tudo. Como ele mesmo dizia: “Metade dos que me cercam não são capazes de nada, os da outra metade são capazes tudo”.

Tanto Vargas como Perón foram fortemente influenciados por Mussolini, tinham sua maior base de apoio em sindicatos dirigidos por pelegos. Vargas se inspirou na Carta del Lavoro de Mussolini para criar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), juntamente com mais uma Justiça Federal, a Justiça do Trabalho. O salário mínimo nacional, esta coisa medonha, não foi criada por ele, mas sim pelo deputado federal (PTB-RJ) Aaron Steinbruch. O que há de errado nisto? O salário mínimo nacional é muito pequeno para São Paulo e muito grande para o Maranhão.

Como sabemos, Vargas não concluiu seu segundo mandato, suicidou-se no Palácio do Catete em 24 de agosto (mês das bruxas) de 1954. Uma notinha pessoal: nesta data eu era uma criança de 10 anos e fui acordado de manhã por minha mãe desesperada: “Meu filho, meu filho, o Presidente se matou”. Jamais me esqueceria deste momento!

Naquela época, eu sabia soltar pipa e jogar bola de gude, mas não entendia chongas de política. Apesar disto, fiquei perplexo pelo que vi e ouvi no dia anterior: à porta da minha escola, minha mãe e as mães de meus colegas diziam cobras e lagartos de Vargas, e Carlos de Lacerda (UDN-RJ) tinha feito críticas terríveis, mas corretas, a Vargas na TV uns dias antes do suicídio.

What a dif’rence a day makes, twenty four little hours. Como entender essa mudança da forte reprovação de Vargas ao sentimento de piedade por sua morte. O Brasil em massa derramando copiosas lágrimas!!! Há um dito popular que explica tal incongruência: “No Brasil, morreu vira santo”. Já pensou as enormes romarias a Garanhuns (PE) quando Nine Fingers, o Al Capone caboclo,  deixar este mundo… Good heavens!

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Artigo – “Conjuntura Brasileira em 2019”, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-conjuntura-brasileira-em-2019-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-conjuntura-brasileira-em-2019-por-mario-guerreiro/#respond Thu, 01 Aug 2019 20:15:52 +0000 https://www.avozdocidadao.com.br/?p=39251 Não se pode falar de nenhuma conjuntura estritamente se atendo à mesma, porque suas causas nos remetem ao passado e seus possíveis efeitos ao futuro próximo. Diante disso, não iremos retroceder aos tempos de Adão, nem fazer especulações da vida humana em Marte, mas faremos breve observações sobre o passado recente e o futuro próximo.

Comecemos analisando a campanha para Presidente do atual País. De um lado, havia um candidato atípico em toda a História do Brasil: Jair Bolsonaro. Embora tivesse quase 30 anos como parlamentar e tivesse pertencido a vários partidos, não tinha encontrado uma legenda para concorrer.

Fosse nos EEUU, ele poderia ter se lançado como candidato avulso, como acredito que teria sido sua vontade, e como foi a de Ross Perrot, candidato avulso a Presidente americano. Infelizmente, no Brasil a legislação eleitoral permite até que um candidato eleito se desligue de seu partido e continue atuando no Congresso como avulso, mas não permite que ele lance sua candidatura, ainda que após uma legislatura, sem estar em um partido.

Os outros candidatos eram típicos: Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Álvaro Dias (Podemos). Com a exceção de Dias, Todos os três eram de esquerda, com a diferença de que Haddad, um candidato insosso, tinha sido um “poste” de Lula e continuava sendo. Marina, ex-Ministra de Lula, era uma dissidente do PT e uma “melancia” (verde por fora, mas vermelha por dentro) e Ciro Gomes, também ex-ministro de Lula, era o “garoto maluquinho” sem nenhum compromisso com a coerência e extremamente agressivo, coisa que lhe valeu o apelido de “Tiro Gomes”.

Estavam ainda correndo neste páreo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (Podemos), candidatos que se apresentavam como de centro-direita e como uma alternativa de oposição ao PT e aos outros candidatos de esquerda. Alckmin era Geraldo e não José Maria Alckmin. Se eram parentes, não sei, mas o novo Alckmin se parecia muito com o velho político mineiro, símbolo da famosa “mineirice”: “Não sou a favor nem contra, muito pelo contrário”.

Confesso que já votei em Alckmin e não se arrependi, porque ele era o candidato menos ruim como uma alternativa para Lula, mas fiquei profundamente decepcionado quando ele, em sua campanha, desenvolveu um discurso muito parecido com o discurso petista, chegando mesmo a beijar criancinhas e proclamar que jamais privatizaria a Petrobras. Para mim, esta foi a pá de cal. Mas mesmo assim, votei no candidato supervaselina somente porque a outra opção era Lula. E como costumo dizer: Se o outro candidato é Lula, voto até mesmo no Capeta!

E parece que a maioria dos eleitores, apesar de dar seu votos a Lula, pensou algo parecido com o que pensei. Alckmin, o “Picolé de Chuchu”, conseguiu realizar uma proeza inédita em eleições para Presidente do Brasil. Teve muito menos votos no segundo turno! Unbelievable!

Como sabemos, o segundo turno funciona como um plebiscito em que os eleitores se encontram diante de uma disjunção exclusiva, mas não exaustiva, dada a opção do voto nulo. O que pesa mais é o índice de rejeição, ou seja: Qual o candidato que você não votaria de jeito nenhum? Para a maioria dos eleitores, este candidato foi Alckmin, mas para mim foi Lula. Alckmin foi o Capeta.

Havia ainda o senador Álvaro Dias (Podemos) como candidato. Ele havia se destacado no Senado como um crítico competente e feroz do petismo. Além disso, não havia nada que o desabonasse, como seu nome na Lava Jato por exemplo. Por que não votar nele? Parece que não inspirou credibilidade nos eleitores, uma vez que a votação nele foi pífia, ficando atrás mesmo do garoto maluquinho de Sobral (CE).

Eu teria votado nele, se não fosse minha firme decisão de votar em Bolsonaro. Nos primeiros momentos, confesso que fiquei em dúvida. Mas quando ele anunciou que seu Ministro da Fazenda seria Paulo Guedes, conhecido Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, tão liberal como a maioria dos formados por aquela universidade, tomei minha decisão: votei em Bosonaro. E não me arrependi como em eleições passadas em que votei em Collor e em FHC, simplesmente por exclusão do pior: Lula.

Tive minhas dúvidas a respeito de Bolsonaro baseadas em sua atividade como Deputado Federal. Por um lado, a exemplo de Álvaro Dias, ele sempre foi um duro crítico de Lula e do PT. Mas por outro, mostrou-se alinhado com o pensamento militar. Não tenho nenhuma rejeição ao regime militar de 1964 a 1985, uma vez que a outra opção seria o anarco-sindicalismo de Jango. Continua válida a lógica do menos ruim!

Meu grande temor era a estatolatria do regime militar elevada a terceira potência pelo regime petista, ainda que com um matiz diferente. No seu alinhamento com o regime militar, Bolsonaro se mostrava como um nacionalista tão estatólatra quanto Enéas Carneiro. Mas ele foi mudando em sua campanha e se mostrando cada vez mais próximo do liberalismo econômico, coisa que não é incompatível com o conservadorismo, como já mostrei em um artigo para o Banco de Idéias, revista de orientação liberal.

Durante a campanha eleitoral tive grande apreensão, pois temia que meu candidato não conseguisse derrotar o “mecanismo, ou seja: a grande máquina de um Estado aparelhado pelo PT aliada ao establishment altamente corrupto.  Consultava as pesquisas eleitorais, mas não confiava mais nelas desde que uma candidata como Dilmandona tinha sido eleita.

Mas quando Bolsonaro disse que seu Ministro da Fazenda seria Paulo Guedes, todas minhas duvidas se dissiparam: ele estava alinhado com a economia aberta, coisa incompatível com o patrimonialismo e com a Estatolatria. E Bolsonaro foi para o segundo turno, juntamente com Haddad. Assim sendo, eu votaria nele por exclusão do poste de Lula, mas votei nele porque apresentava boas ideias: defendia ardorosamente a Lava Jato, o combate implacável à corrupção, era contra o toma lá, dá cá, enfim isso não era tudo, mas era necessário como ponto de partida.

Como era de se esperar, seus adversários, por diferentes motivos, se uniram contra ele. Uma ampla campanha de calúnias e difamação se alastrou pelo país. Apesar de ter maioria no Congresso, tinha contra ele uma oposição em uníssono. O Poder Judiciário, mais especificamente o STF não nutria a menor simpatia por ele, a grande mídia, ao contrário dos sites e blogs da Internet, em sua maioria, aliou-se à classe artística e intelectual contra Bolsonaro.

Contra tudo e contra todos, ele continuou no seu caminho e já fez algumas realizações importantes em seis meses de governo, apesar da grande mídia vociferar a ideia de que seu governo não fez nada e que Bolsonaro gosta mesmo é de pescar. A grande mídia só não esconde o que não pode esconder. Por exemplo: a primeira votação vitoriosa da reforma de Previdência e a preparação para a reforma tributária.

Devemos ter em mente que não é nada fácil ter contra si o STF, o Centrão, o PT e partidecos linhas auxiliares, isto para não falar nos quinta colunas infiltrados no seu próprio partido. E ainda tem mais: a grande mídia, aliada das esquerdas, não noticia nenhuma das realizações do governo Bolsonaro, mas fica espezinhando o Presidente com pequenas coisas da vida cotidiana totalmente carentes de relevância política.

Muitos não se dão conta de que Bolsonaro recebeu uma herança maldita de Dilmandoma, encontrou um país arrasado moral , social e economicamente.  O Estado tinha sido amplamente aparelhado pelo PT, de modo tal que Bolsonaro é boicotado dentro do governo por funcionários petistas, desde aspones e contínuos até caciques vermelhos.

O fato é que a conjuntura atual é uma guerra cultural, a mesma que os militares vencedores das guerrilhas – tipo de guerra para a qual foram bem treinados – perderam para os comunistas por não estarem preparados para combater. Guerrilhas e atentados terroristas podem e devem ser combatidos com fuzis, mas ideologias devem ser combatidas com ideologias contrárias, não por uma visão desejosa de isenção aliada a uma visão tecnocrática da ação política.

Venha o que vier, Bolsonaro continuará em seu caminho por um Brasil próspero e sem corrupção. Os cães ladram, mas a caravana passa. Acredito que se trata do início de uma nova era. Direita volver! Vamos adiante, capitão!

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Artigo – Cenário Eleitoral no Início de Agosto de 2018, por Mario Guerreiro https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-cenario-eleitoral-no-inicio-de-agosto-de-2018-por-mario-guerreiro/ https://www.avozdocidadao.com.br/artigo-cenario-eleitoral-no-inicio-de-agosto-de-2018-por-mario-guerreiro/#respond Tue, 14 Aug 2018 11:18:12 +0000 http://www.avozdocidadao.com.br//?p=29136 Muitos são os escohlidos, mas poucos os presidenciáveis de fato. Por isto mesmo, vamos nos ater aos que têm maiores ou menores chances e ignorar as zebras da corrida presidencial.

Nomeadamente: Jair Bolsonaro (PSC), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos).

Bolsonaro lidera as pesquisas em que o presidiário Luladrão está ausente, o que nos parece mais realista, uma vez que condenado em segunda instância não pode se candidar em virtude da Lei da Ficha Limpa.

Não creio na revogação dessa lei, nem creio que o STF conceda habeas corpus a Luladrão tornado-o livre e candidatável, uma vez que o TSE pode aceitar sua inscrição, para decidir posteriormente, sem data marcada, se ela será impugnada ou não.

Coisa essa que é  um absurdo jurídico, mas que conta com ao menos um antecedente: o caso de Tiririca.

Tratava-se de um analfabeto cuja inscrição tinha sido aceita, foi eleito deputado federal por S.Paulo com 1.400.000 votos, arrastou no mínimo cinco deputados pelo voto de legenda, essa excrescência politica.

Mas o que fez essa egrégia Corte de Justiça? Submeteu Tiririca a um teste fajuto em que ele demonstrou 40% de capacidade de leitura e comprensão de um texto e, com isso, declarou que ele era alfabetizado, embora tivesse sido reprovado em qualquer escola digna desse nome.

Nas pesquisas sem o nome de Luladrão, Bolsonaro segue com boa margem de liderança. Em segundo lugar, aparecem Ciro Gomes e Marina Silva.  E com uma grande diferença aparecem Geraldo Alckmin e Álvaro Dias.

Ciro Gomes é um candidato com longa carreira política, tendo sido deputado, senador e governador do Ceará, além de ministro do governo do PT. Seu discurso é uma mistura intragável de poucas ideias boas, muitas incongruências e bravatas.

De acordo com um canal da Internet, o próprio site do PDT de Ciro traz a mensagem de que ele, Ciro, é financiado pelo Partido Comunista Chinês.

Creio que se trata de uma fake news, pois como sabemos, o financiamento de qualquer entidade estrangeira é crime eleitoral. E não acreditamos que um partido comunicasse para um grande público a confissão de um crime. Isto seria por a cabeça na guilhotina dos seus inimigos.

Pavio curto e destemperado, Ciro tem tentado fazer coligações do seu atual partido, o PDT do finado Brizola e seu flhote Garotinho, hoje inelegível. No entanto, tem fracassado em seu intento. Pode-se dizer que não teve sucesso em  unir as esquerdas em torno de seu nome. Encontra-se isolado e é um cavalo morto.

Ciro Gomes personifica aquela frase do poeta maldito, Augusto dos Anjos: “A mão que faga é a mesma que apedreja”. E o principal afagado e apedrejado é Luladrão, que acabou rejeitando o afagador e apedrejador. De onde se conclui que o maior amigo de Ciro é Ciro. E o maior inimigo também.

Quanto a Álvaro Dias… Bem, seu partido é o Podemos, o mesmo nome do recente  partido esquerdista espanhol numa clara inspiração de Obama. Lembram-se do slogan de campanha do primeiro governo do canditado democrata, i.e do Partido Democratra americano? Change! Yes,we can!

Isso mesmo: “Mudança! Sim, podemos!” De fato, é sempre possível mudar. Não raramente, para pior. Isto foi o que o esquerdizante Obama fez, e hoje Trump está consertando gradativamente. Não vou me alongar num elogio a Trump, basta consultar os dados macroeconômicos!

Tal qual Ciro, Álvaro Dias é detentor de longa e vitoriosa carreira política. Ex-governador do Paraná, deputado federal e senador por seu Estado. Tal como a senadora Ana Amélia (PP-RS), tem se mostrado um dos mais combativos inimigos da corrupção e das esquerdices parlamentares.

Ouvi dizer, mas não posso garantir que não seja uma fake news, que Álvaro foi a favor do desarmamento da população que costumava comprar legalmente armas para se defender. Bandido só as comprava e ainda as compra para praticar assaltos. Não as compra legalmente em lojas, mas sim como receptação de contrabando e raspando o número de série.

Não sei se você sabe, mas essa é uma ideia desarmamentista posta em prática por Lenin, Hitler, Fidel Castro, Hugorila Chávez, etc. e agrada bastante às velhinhas beatas preocupadas com a crescente violência. Custo a crer que o senador Álvaro Dias tenha defendido essa espúria manobra esquerdista!

Resta a ver o caso da Copa do Mundo, quer dizer: o  de Marina, a que só aparece de 4 em 4 anos. A Marina de hoje em nada se parece com a de ontem. Foi do PT durante muitos anos em que se mostrou uma ecochata, tanto que acabou se desentendendo com Luladrão.

Quando Luladrão propôs o projeto de transposição do Rio S.Francisco, Marina fez um monte de objeções relativas aos impactos ambientais. Em alguns pontos, ela até tinha boas razões, mas Luladrão só tinha olhos para os dividendos políticos daquela obra faraônica hoje entregue às baratas.

Num dado momento, Luladrão não aguentou mais a falação interminável de sua ministra e, com a sutileza que lhe é peculiar: “Companheira Marina, esse negócio de ecologia é que nem exame da próstata: se tem que enfiar um dedo no cu, então enfia logo!”

Moça recatada e de bons modos, Marina, a que queria ser freira e acabou evangélica, silenciou-se diante da eloquênciado Cícero de Garanhuns.  Mas trocou de letra: deixou o PT (Perda Total) e entrou para o PV (Prazo de Validade). Era vermelha, mas se tornou uma melancia (verde por fora).

Posteriomente, Marina largou o PV e criou a Rede para pegar mais peixes. Daí para diante, mudou completamente seu discurso. É provável que sob a influência de seu conselheiro, Eduardo Giannetti – Doutor em Economia por Oxford e defensor do liberalismo clássico – Marina até parece ter se tornado uma discípula das ideias autenticamente liberalizantes. M’engana qu’eu gosto!

Quem diria! Greta Garbo acabou no Irajá! Marina já está falando em privatizações, menos a da imprivatizável Petrobras. Esta até Bolsonaro, ao contrário de seu conselheiro Paulo Guedes, hesita em privatizar. Não creio que ele aasim faça só para não afugentar os cultuadores do credo Petrobras, patrimônio brasileiro.

Mas o fato é que Bolsonaro já repetiu o desgastado chavão: “A Petrobas é uma empresa estratégica”. Em termos militares, a tomada da capital também era estratégica e só deixou de ser em 1812 com a expulsão de Napoleão da Rússia.  Segundo Maggie Thatcher: “Nada mais estratégico do que comida”. Mas isto não é razão para a criação da Feijãobras.

Só não entendo por que Atlantic, Esso, Texaco, etc. nunca foram estatizadas pelos americanos! Será que eles não entendem bulufas de estratégia?! Como dizem nossos petroleiros e braspetrolizantes: “O petróleo é nosso”. E estão certos em defender com unhas e dentes o que é seu!

Deixamos para o final dois candidatos: Alckmin e Bolsonaro. Em parte porque consideramos que eles irão para o segundo turno. Até pouco tempo, Alckmin tinha uma pontuação muito fraca nas pesquisas, abaixo mesmo de Marina e de Ciro.

Mas, como dizia o finado Ulysses no País das Maravilhas – lançado candidato a Presidente para perder, do mesmo modo que hoje o MDB lançou Henrique Meirelles – “A política é como as núvens: está sempre mudando de forma e posição”.

Dois fatos políticos recentes mudarão a forma e a posição das núvens: A heteróclita coligação de partidos comandada pelo PSDB, que recebeu o enganoso nome de Centrão, como se fosse uma posição equidistante da “extrema direita” representada por Bolsonaro e da “exrema esquerda” repreentada por Ciro. O segundo fato é Alckmin ter escolhido como vice a senadora Ana Amélia (PP-RS).

Quanto ao primeiro fato, com essa grande coligação Alckmin conseguiu realizar o sonho dourado de Ciro: um bloco capaz de unir as esquerdas e engabelar os que temem a “extrema direita”, i.e: os defensores dos regimes militares,  e o “xenófobo”, “racista”, “fascista”e “homofóbico” Bolsonaro.

Será mera coindidência Bolsonaro ter recebido da grande média os mesmos carinhosos epítetos que recebeu o Orange Man, i.e. Donald Trump?!

Será mera coincidência ambos serem esculhambados e zoados pelos mesmos setores da sociedade, a saber: políticos com rabo preso na Lava Jato, a maioria da classe artística, das universidades, das esquerdas ignaras e da grande mídia ou Fake Media, como costuma dizer Trump?!

Como político defasado, Alckmin – famoso “Picolé de Chuchu” –  ainda acha que tempo na TV vale tanto quanto verba de campanha. Isto era mesmo assim antes da eleiçao de Donald Trump. Mas com a eleição de Trump, coisa que o antiquado José Serra (PMDB-SP) considerava impossível e não admitia nem a título de hipótese, as núvens mudaram de forma e de posição.

Ambas as coisas, extremamente desejadas por políticos defasados, têm de fato alguma importância, mas o que é muito mais importante é a atuação de um candidato e seis seguidores nas redes sociais da Internet e as contribuições espontâneas de seus eleitores.

Trump ganhou a eleição nos Colégios Eleitorais dos Estados da Federação. De seu bolso bilionário colocou 10 milhões de dólares, uma bagatela para o magaempresário que ele é. Mas como contribuição de seus eleitores recebeu 2 bilhões de dólares, uma gritante diferença!

O PSL (Partido Social Liberal), o de Bosonaro, é um partido sem capilaridade, só para usar uma das palavras preferidas pelos políticos. Talvez um dos que conta com menos dinheiro.

So tem coligação com outro partido minúsculo: o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), o partido do vice de Bolsonaro:  general Mourão, e por isto mesmo, tem apenas 8 segundos no programa eleitoral da TV. E daí? Isso é tempo suficiente para o candidato dizer: “Meu nome é Bolsonaro!” e  deixar no ar o nome de seu blog ou canal na Internet.

Lembro que o tempo na TV é algo sui generis, por exemplo: um comercial dura em média 30 segundos e quando vai muito além disso entedia e aborrece o espectador. Com 6 minutos na TV, o Picolé de Chuchu acabará derretendo.

Quem faz sua campanha boca a boca,  promovendo encontros e/ou afixando posters e faixas são eleitores de Bolsonaro, que nem precisa pedir que o façam. Eles o  fazem de sua livre e espontânea vontade!

Quem promove mais Bolsoraro é o próprio Bolsonaro com seu discurso franco e sincero, coisa que gera grande credibilidade em eleitores cansados da desonestidade e da velha baba de quiabo da maioria dos políticos.

Com sua grande coligação e com a surpreendente escolha de Ana Amélia para vice, Akckmin irá para segundo turno com Bolsonaro. Temos de levar em consideração que Ciro Gomes é o maior inimigo de Ciro Gomes. Ele é como o finado Darcy Ribeiro que quanto mais metia sua cara na TV, mais descia nas pesquisas.

Mas que dizer de Marina Silva? A Copa do Mundo só aparece de 4 em 4 anos e, nos últimos anos, a Seleção Brasileira tem jogado como nunca  e perdido como sempre.

Marina tem a seu favor o  fato de ter apoiado o impeachment de Dilmandona, o que evidencia que ela pertence a uma minoria: a esquerda honesta, a mesma de Hélio Bicudo e de Miguel Reale Jr., dois dos encaminhadores  do pedido de impeachment.

Mas ainda não ouvi Marina alçar sua voz fininha para criticar Luladrão, elogiar Sérgio Moro e a Lava Jato. Talvez, ela não faça tais coisas para não melindrar a maioria de seus eleitores composta de penitentes ex-petistas honestos, inocentes úteis e ecochatos admiradores de Al Bore e do ecoterrorismo do efeito estopa.

Quanto a Bolsonaro, ele é tido por seus adversários como bitolado e pouco inteligente, embora tenha percebido algo que seus adversários ainda não se deram conta: a importância das campanhas na Internet, o discurso franco e direto com os eleitores e  ouvidos atentos para as reais reivindicações do cidadão comum, não para as supostas reivindicações propaladas por políticos defasados e interesseiros.

Além disso, Bolsonaro soube ir ao encontro dos verdadeiros anseios do povo: moralidade, segurança e educação. Ele não é um orador brilhante, nem faz promessas impagáveis.

Mas faz duras e contundentes críticas tanto ao establishment quanto à grande mídia esquerdista e globalista, quer dizer: a favor da nova ordem mundial. Na realidade, ele é o único candidato realmente de oposição, juntamente com a maoria do povo brasileiro, que é conservadora, apesar da mídia e da esquerda “progressista” propagarem o contrário.

Mas Alckmin e o PSDB não tem sido oposição ao PT? Formalmente sim, substantivamente não! Trata-se de faces opostas da mesma moeda. É a esquerda vegetariana (PSDB) contrapondo-se à esquerda carnívora (PT), e tudo fica em casa sob o comando da esquerda.

Confesso que em 2006 votei em Alckmin. Não porque o considerasse o melhor candidato, mas sim o menos ruim. Se o Capeta tivesse disputado a eleição com Luladrão, eu votaria no Capeta sem a menor hesitação!

FHC tinha feito algumas privatizações,não porque fosse simpático à agenda liberal -coisa que ele detesta – porém porque seu governo precisava urgentemente de caixa. Luladrão e o PT acusaram FHC de “neoliberal” e fizeram campanha contra Alckmin pespegando nele o rótulo de “privatizante”, i.e. adepto da “privataria”.

E, para a grande decepção de muitos de seus eleitores, que fez o Picolé de Chuchu? Vestiu a camisa da Petrobras, saiu beijando criancinhas e jurando solenemente que não privatizaria a Petrossauro, quer dizer: a Petrobras, na terminologia do saudoso embaixador J.O. de Meira Penna.

Mas o que fez recentemente o insosso Picolé ? Fez uma coligação de vários partidos sob o comando do PSDB. Na realidade, um balaio de gatos que foi chamado de “Centrão”. Creio que o nome se deveu a uma analogia espúria com o grande bloco de constituintes que se formou no Congresso, de modo a barrar as piores coisas de uma esquerda delirante.

Na realidade, a coisa devia se chamar Esquerdão e sua finalidade imediata barganhar votos desses partidos e aumentar o tempo no programa eleitoral e, em decorrência disto,  se opor fortemente ao único candidato da direita conservadora: Jair Bolsonaro.

Além disso, Alckmin escolheu como vice a senadora Ana Amélia (PP-RS),uma  parlamentar bastante conecida por sua forte atuação no Senado contra a corrupção e o petismo. Não há dúvida que este apoio da senadora gaúcha renderá muitos votos, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Tendo aceitado o convite de Alckmin, muita gente também ficou decepcionada com a senadora, uma vez que era esperado que ela apoiasse alguém com perfil  aguerrido de direita mais semelhante ao seu.

Se havia coisa que seu perfil não se encaixava era com o de um insosso Picolé de Chuchu, um paulista que mais parece politico do velho  PSD mineiro do “nem a favor nem contra,  muito pelo contrário”. Geraldo Alckmin pode não ser parente consanguíneo de José Maria Alkcmin, mas o parentesco ideológico salta aos olhos de quem conheceu um e conhece outro.

No entanto, logo após a aceitação de Ana Amélia, as redes sociais – as maiores infuenciadoras surgidas na Era da Informática após o reinado da TV – mostraram a verdadeira face de Ana Amélia, coisa que a mainstream media (grande mídia) jamais revelaria.

Entre outras informações, que não são fake news, mas sim bad news, foi postado um vídeo em que Ana Amélia aparece apoiando a frivola e insípida candidata Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) à Prefeitura de Porto Alegre! Barbaridade, tchê!

Passamos a compreender bem quem se mostrava no Congresso e quem é de fato a senhora Ana Amelia Lemos. De esquerda carnívora à esquerda vegetariana, há realmente uma diferença, mas apenas de grau!

Passamos a considerar perfeitamente natural o que antes parecia um acasalamento de jacaré com cobra d’água e é agora um sincero e fraterno contubérnio.

Não estamos certos de quantos votos o Picolé de Chuchu arrebanhará nos verdes pagos do Sul, mas estamos certos de que Ana Amélia deu um tiro de 45 no próprio pé: trocou o certo, sua reeleição ao Senado, pelo duvidoso, sua eleição como vice do Picolé de Chuchu.

De qualquer maneira, é bastante provável que a candidatura de Alckmin seja alavancada e que ele chegue ao segundo turno junto com Bolsonaro. Quem vencerá a contenda?

Levando em consideração a força eleitoral das redes sociais, que hoje superam a da TV – por exemplo: a maior influenciadora das redes é Joyce Hasselmann com mais de 700.000 seguidores -, levando em consideração que a maioria dos eleitores está extremamente insatisfeita e revoltada contra mais de 20 anos de governos de esquerda se revezando, ora PSDB, ora PT, o mais provável é que vença Bolsonaro.

Mas estamos apenas no início da campanha política e estamos circunscritos à conjuntura dos inícios de Agosto. Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte, que espero que seja uma ponte para uma ponte da esperança, não mais da mesma gororoba.

 

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