Skol

Recebemos de um grupo de amantes da
música clássica um manifesto
originalmente feito por Leonardo Ferreira
Nascimento, de Sorocaba, São
Paulo, contra a campanha da ilha quadrada
da Cervejaria Skol. O argumento do comercial
de TV, tido como anticultural, pretende
analisar o comportamento das pessoas
nessa ilha, que tomam apenas cerveja
quadrada. O resultado obtido é
que as pessoas passam a ouvir música
clássica, enquanto na ilha redonda
toca muito rock’n’roll.
Os abaixo-assinantes do manifesto exigem
a retirada do comercial do ar uma vez
que sugere que a música clássica
é quadrada, careta, coisa de
idiota.

O governo gasta milhões de reais
anualmente para manter conservatórios
de música e pagar salários
de regentes e instrumentistas de orquestras,
tudo para melhorar a cultura no Brasil,
levar a música clássica
a todos os cantos e aproximar o povo
do que há de melhor no mundo
musical. Enquanto isso, um grupo publicitário
ignorante e preconceituoso cria uma
propaganda de cerveja no horário
nobre da televisão, denegrindo
explicitamente a música clássica.
Mesmo que você não costume
ouvir música clássica,
pense pelo lado da cultura brasileira.
Nosso povo, que já é tão
carente de acesso e conhecimento dos
cânones da cultura clássica
da humanidade, torna-se presa fácil
de toda sorte de lixo cultural das lacraias
e dos belos da vida…

Pense nos rios de dinheiro que o governo
gasta para incentivar, difundir e levar
a cultura clássica ao povo quando,
infelizmente, esse tipo de propaganda
só faz com que todo esse esforço
desça redondo pelo ralo. Encaminhamos
imediatamente o manifesto para o mural
aqui do nosso site com cópia
para o site da Skol e uma seleta lista
que incluía nomes de jornalistas,
músicos, maestros, empresários
patrocinadores e produtores culturais,
autoridades do setor cultural e amantes
da boa música de maneira geral.
Dias depois, repercutido o manifesto
em algumas notas de colunas sociais,
recebemos uma resposta da Skol dizendo
que não tivera a intenção
de denegrir a música clássica,
mas apenas mostrar que considerava quadrado
dançar minueto na praia.

Como se fôssemos idiotas que achassem
corriqueira esta manifestação
cultural no Brasil. E adiantava ainda
que já estava mesmo previsto
o fim da exibição do comercial
na primeira quinzena de janeiro. Mas
o que importa nesse episódio,
caros cidadãos ouvintes, não
é saber se o comercial anticultural
foi ou não foi efetivamente retirado
do ar em função de nosso
manifesto, mas, sim, a lição
de esperança da cidadania plenamente
consciente quanto à força
da opinião pública organizada,
pressionando pelos direitos civis coletivos
à cultura, como preconizado no
quarto de nossos 10 Mandamentos: lutar
contra toda sorte de violência
e manifestação de preconceito
contra os direitos culturais e de identidade
étnica do povo brasileiro.

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