Site Rio Body Count expõe a guerra urbana no Estado do Rio de Janeiro

Agora em julho teremos um evento de importância nacional e que atrairá a atenção de toda a mídia internacional: os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro. No período de 13 a 29 de julho o Rio de Janeiro será um cartão de visitas do Brasil, um grande outdoor de nossa tradicional hospitalidade e alegria, mas também de nossa política, economia e outros quesitos. Pois vamos hoje comentar hoje uma iniciativa que completou em fevereiro um mês de existência e que veio para denunciar o estado de guerra que os moradores do Estado vivem. A idéia foi tão boa que recomendamos vivamente a outros grupos de cidadãos que sigam o exemplo e tentem implantá-la em outros grandes centros, como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.

Estamos falando do site Rio Body Count, dedicado a fazer uma contabilidade em paralelo aos organismos oficiais de segurança sobre a quantidade de cidadãos e cidadãs mortos na verdadeira guerra urbana em que se transformou o Estado do Rio. Através de reportagens nos veículos de comunicação, rastreadas diariamente, é colocado no ar o resultado de mortos e feridos em trocas de tiros, balas perdidas, assaltos, tentativas de homicídio e execuções.

A inspiração para a criação do site é até preocupante. Ela veio do site Iraq Body Count, dedicado a contar as baixas entre civis na guerra que está devastando o país do oriente médio. Criado após a invasão do país pelos Estados Unidos, o Iraq Body Count vem contabilizando baixas desde janeiro de 2003 (data do início das operações de guerra) e até hoje contou 58.862 mortes civis em todo o país. A idéia do site surgiu a partir da declaração do general americano Tommy Franks de que o exército americano não fazia contagem de corpos (“We don´t do body counts”, em inglês). Esta foi sua resposta ao ser perguntado sobre as mortes de civis inocentes nas manobras no Iraque.

Na versão do Rio, fizemos um acompanhamento do Rio Body Count entre o dia 12 de fevereiro e hoje, dia 15 de março; pouco mais de um mês. Foram nada menos que 246 mortos e 178 feridos (especificamente vítimas de violência) em todo o Estado. No mesmo período, no Iraque foram 2.760 mortos. Considerando-se que aqui não vivemos oficialmente em estado de guerra, quase 10% do total de mortos no Iraque é muita coisa. Detalhe: pela progressão que detectamos, esse percentual vem aumentando nas últimas semanas.

Do ponto de vista da cidadania, é absolutamente necessário que nos manifestemos, que façamos pressão sobre autoridades e políticos, que busquemos exercer o controle social sobre os orçamentos públicos, principalmente os gastos com segurança, justiça, saúde e educação. Pois, enquanto magistrados do Supremo e parlamentares no Congresso hesitam em tomar posições sobre o tema segurança pública, os cidadãos em todo o Brasil acabam compelidos a tomar a justiça pelas próprias mãos, seja contratado segurança particular, seja formando ou apoiando milícias. Sobre isso, leiam o polêmico artigo de Renato Janine Ribeiro no jornal folha de São Paulo, onde o autor expõe sua tristeza pela morte do menino João Hélio, e admite que chegou a pensar em sentença de morte brutal para os autores do crime.

Para quem quiser conhecer mais, temos aqui no portal da Voz do Cidadão um link direto para o site do Rio Body Count, que é o www.riobodycount.com.br. O do Iraque é o www.iraqbodycount.org (em inglês). Temos também um link para a íntegra do artigo de Renato Janine Ribeiro.

Acessem e participem deste debate!

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