O exemplo do Caso Madoff

Esta semana tivemos o desfecho na Justiça americana do caso de Bernard Madoff, o megainvestidor que causou um prejuízo de 65 bilhões em fundos de investimentos no mundo inteiro.

Vale a pena citarmos o caso Madoff pelo que ele teve de mais exemplar para a cidadania. A sentença final não apenas condenou o réu a 150 anos de prisão, mas – o mais importante – bloqueou todos os seus bens, incluindo os que eram utilizados por sua esposa. Esse patrimônio pessoal será usado para ressarcir parte das perdas dos cidadãos lesados.

Mais uma vez, nos países em que a cidadania está mais desenvolvida – e os códigos penais “funcionam” de fato – tem-se a consciência de que não basta a punição para quem infringiu a lei; é preciso restituir o dinheiro desviado.

Embora seja um caso na área privada, serve de exemplo para o que vemos atualmente em nossa política, em qualquer esfera. A cada ano, temos casos e mais casos de políticos condenados que apenas perdem seus mandatos – ou mesmo simplesmente renunciam para não perder os direitos políticos – e que nunca têm cobrados o dinheiro desviado ou o prejuízo causado aos cofres públicos e aos cidadãos.

Agora mesmo, cabe à cidadania alertar para o que acontece no Senado Federal. Movimentos como o “Fora Sarney”, que comentamos terça-passada, se concentram na renúncia do presidente da Casa. Mas não temos notícia de um só movimento ou manifestação que – além da renúncia – cobre a restituição de todo o dinheiro público embolsado irregularmente por funcionários fantasmas e outros tantos atos secretos irregulares.

Sim, é relevante a renúncia de quem não tem mais condições morais, éticas e políticas de conduzir uma casa da importância de um Senado Federal da República. Mas o dinheiro envolvido é meu, é seu, é de todos nós.

Segundo levantamento do site Congresso em Foco, existem hoje mais de 150 parlamentares envolvidos com a Justiça. Em muitos casos a questão envolve desvio de recursos públicos. Publicamos aqui no portal da Voz do Cidadão a lista completa desses parlamentares, para que possamos conhecer suas acusações e refletir.

A saída de Sarney, caso aconteça, pode até ser uma vitória numa batalha. Mas está longe de significar que a guerra está ganha.

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