Norman Mailer: exemplo do engajamento de intelectuais no fortalecimento da sociedade civil

Sábado passado, dia 10, faleceu em Nova York, um dos maiores intérpretes da cultura americana dos anos 60 para cá. Norman Mailer, jornalista e escritor polêmico, foi decisivo na construção da consciência política da sociedade civil norte-americana na segunda metade do século XX, através de reportagens, biografias, ensaios e romances sempre polêmicos.

Nascido em 1923, Norman Mailer conquistou fama internacional já a partir de 1948, com 25 anos, quando seu livro de estréia Os Nus e os Mortos, baseado em suas próprias experiências vividas na Segunda Guerra Mundial, foi um best seller bastante elogiado pela crítica. O Prêmio Pulitzer de jornalismo foi para Mailer duas vezes: em 1968 com Os Exércitos da Noite e em 1979 com A Canção do Carrasco sobre um condenado à morte, Gary Gillmore.

Foram os ensaios sobre seu país que fizeram de Mailer uma figura relevante na sociedade americana. Em 1955, fundou o jornal alternativo The Village Voice, que acabou sendo um dos difusores da revolução contracultural dos anos seguintes. Mailer sempre foi um intelectual engajado e um intérprete original das convulsões e mudanças da vida americana. Sua “não-ficção criativa”, também conhecida como Novo Jornalismo, chamou atenção para temas e personagens fundamentais para os Estados Unidos da época, como os hippies, os ativistas, os intelectuais e artistas engajados, a esquerda liberal e seu antagonismo com o “complexo militar-industrial” da estatocracia americana.

Em 1973, mais polêmica e um grande sucesso de vendas, com o lançamento de uma biografia de Marilyn Monroe onde Mailer acusava o FBI e a CIA de causaram a morte da atriz por condenarem seu suposto romance com o senador Robert Kennedy.

Norman Mailer chamou para si – como poucos – a responsabilidade que um intelectual tem de discutir, compreender e debater a cultura de seu país. Principalmente na sua face política, que vai determinar o quanto uma sociedade está madura para a plena cidadania, para o exercício do controle social sobre governos e mandatos e para o estabelecimento de um novo pacto para a construção de um país mais justo e digno.

Aos 84 anos, morreu um autor que ajudou a cultura americana e encarar suas contradições e fraquezas. Um exemplo de cidadania para todo o mundo.

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