Mario Vargas Llosa, cidadão do mundo

Mario Vargas Llosa, cidadão do mundo

Hoje vamos falar no conceito clássico de “cidadão do mundo”, cada vez mais atual num mundo em que as distâncias estão cada vez menores e a vida, mais rápida. A origem do termo está ligada à política. “Cidadão do mundo” é aquele que vê as relações entre indivíduos ou grupos de indivíduos acima dos conceitos geopolíticos tradicionais, sem as amarras de fronteiras e apoiadas numa democracia global. Uma expressão disso seria o moderno conceito de “cidadania planetária”, embora este seja mais ligado aos temas ambientais e econômicos.

Agora vamos prestar nossa homenagem a um dos mais importantes cidadãos do mundo na esfera da cultura e da cidadania, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, que acaba de receber o Prêmio Nobel de Literatura.

Vale a pena conhecer o seu discurso de aceitação do Prêmio, que já circula na internet, onde o escritor nos narra a origem de sua biografia literária num país periférico e ainda com tantas injustiças e desigualdades a enfrentar. Um país onde a alta cultura de maneira geral sequer chegou às elites dirigentes, quanto mais a cultura de cidadania, que está bem longe de chegar às massas semi-alfabetizadas.

Vargas Llosa agradece a todos os países que o receberam quando não tinha segurança em permanecer no Peru fazendo oposição a governos autoritários. Como cidadão do mundo, viveu na Europa, na França, Inglaterra, Alemanha e Espanha, que lhe concedeu a segunda nacionalidade. E também nos Estados Unidos, na República Dominicana e até mesmo no Brasil. Sente-se “em casa” em qualquer país desde que vigorasse um regime democrático e pluralista. O que define com precisão o que é ser um cidadão do mundo.

É impressionante a profissão de fé que o grande novelista faz em sua fala no poder transformador da ficção diante da própria realidade. Quando descarna da literatura e da leitura o maior valor da plena cidadania que é a liberdade. Acima dos abusos do poder, das ideologias ou mesmo das religiões. E lembra que a literatura é a primeira vítima dos regimes totalitários que tentam subjugar os cidadãos.

Como ele afirmou em seu discurso: igual a escrever, ler é protestar contra as insuficiências da vida.

Vale muito a pena ler e ver.

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