Já temos vencedor no segundo turno: a cidadania

Já temos vencedor no segundo turno: a cidadania

Até perto do final do primeiro turno, vínhamos observando um fenômeno relativamente raro em eleições brasileiras, a pouca participação dos chamados formadores de opinião, tornando a disputa uma das mais mornas que já se teve notícia.

Mas finalmente os formadores de opinião entraram em campo. Logo antes do primeiro turno, um grupo de intelectuais lançou o chamado “manifesto em defesa da democracia e da liberdade de imprensa e de expressão”, em evento em frente à Escola de Direito da USP. O ato foi uma resposta a declarações do presidente Lula em que acusou a imprensa de agir como partido político e dizer que a população não precisa mais de formadores de opinião. Um dia depois, aconteceu uma manifestação “Em defesa da democracia e contra o golpismo midiático”, também em São Paulo, no Sindicado dos Jornalistas.

Arriscamos até a dizer que talvez essa movimentação toda tenha sido um dos motores da expressiva votação na candidata verde Marina Silva. Sem um posicionamento mais definido de celebridades, artistas e intelectuais, a votação numa “terceira via” foi a maneira que uma parcela da sociedade encontrou para expressar sua insatisfação com os dois principais candidatos. E um recado eloquente de que não a sociedade não aceitaria a imposição de uma eleição “plebiscitária”.

Pois o recado foi bem entendido pelos cidadãos mais conscientes – chamados de “formadores de opinião” – que apóiam cada um dos dois lados. E ontem mesmo um grupo de famosos, artistas, juristas, escritores e pensadores manifestou publicamente seu apoio a um dos candidatos em evento no Rio de Janeiro.

E não importa o resultado agora no segundo turno, diante deste fato que por si mesmo representa a soberania da cidadania. Está aberto o espaço para questão de ordem de uma verdadeira política de Estado, como a reforma política, só para citar um exemplo.

Nada mais animador para a cidadania, na medida em que são justamente esses formadores de opinião que “oxigenam” o debate político, trazendo para todos os extratos da sociedade novas perspectivas, diferentes visões de mundo e informações mais abalizadas. Em suma, eles mobilizam os cidadãos para uma reflexão maior sobre o processo político e, acima de tudo, sobre a responsabilidade política que temos de participar e incentivar outros a fazer o mesmo.

Desde já, a democracia e a cidadania são as grandes vencedoras destas eleições

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