Cidadania corporativa e o combate ao “greenwashing”

Hoje vamos falar de um tema ainda pouco conhecido no Brasil, mas de fundamental importância para empresas que se auto-intitulam “cidadãs” e seguidoras dos modernos preceitos da responsabilidade social. Estamos falando de “greenwashing”, termo em inglês equivalente a “maquiagem verde” e que está sendo cada vez mais usado para descrever empresas que tentam convencer seus consumidores de que seus produtos são ambientalmente sustentáveis, mesmo quando não são.

A expressão “greenwashing” foi criada em 1986 pelo ambientalista americano Jay Westerveld, para descrever algumas iniciativas falsamente “verdes” do setor de hotelaria de Nova York. Desde então, a expressão vem sendo cada vez mais usada para a fiscalização desse tipo de propaganda enganosa.

E a mais nova iniciativa sobre o “greenwashing” vem do Brasil. Ontem, o Conar, o Conselho de Autorregulamentação Publicitária, divulgou novas regras a serem incorporadas ao Código Brasileiro do setor. De agora em diante, a publicidade com apelo ambiental só poderá veicular informações verdadeiras e que os respectivos benefícios ambientais salientados sejam comprováveis. Além disso, os impactos ambientais positivos dos produtos e serviços devem ser significativos e considerar todo seu ciclo de vida, ou seja, desde a fase da extração da matéria-prima e produção, passando pela de uso e, finalmente, a de descarte

Segundo Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu para o Consumo Sustentável, “o consumidor consciente adota critérios de sustentabilidade na hora de escolher produtos e serviços e também tende a privilegiar empresas responsáveis social e ambientalmente. Essa decisão do Conar é essencial para ajudar a dar mais transparência e veracidade às informações usadas pelos consumidores em suas decisões de compra” .

As empresas que quiserem apregoar seus “dotes verdes” agora devem prestar mais atenção nas mensagem que passam aos consumidores. Até porque a maioria está bem cética sobre as reais intenções das iniciativas de responsabilidade social da empresa. Segundo a mais recente pesquisa Akatu/Ethos sobre responsabilidade social – e que já comentamos aqui neste espaço – nada menos que três de cada quatro brasileiros desconfiam das informações prestadas pelas empresas.

Vale ficar de olho contra as ações de falsa cidadania corporativa. E vale também denunciar ou fazer reclamação junto ao Conar, no www.conar.org.br. A entidade garante o sigilo do denunciante.

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.