Fugimos da realidade, esta tem sido nossa sina, pela nossa insistente preferência pelo transbordamento ficcional de nossas emoções, pela expansão da cordialidade sem a qual nossos antepassados não teriam se lançado às grandes navegações, e se entregue ao pecado rasgado bem abaixo da linha do Equador.
Enfim, pela ruptura dos valores morais da ordem cristã, desprezados sobretudo pelas nossas “elites” tão soberbas quanto omissas e ignorantes.
Para que recuperemos a democracia perdida e retomemos o curso de uma prosperidade decantada, penso que se faz necessário o exame de algumas premissas em torno das quais um manifesto para despertar a cidadania entorpecida poderia ter algum sucesso.
Aliás, lhes dou aqui três exemplos. Fernão Lara Mesquita continua pregando quase sozinho sobre suas quatro propostas de reforma política para destorcer o Brasil e recolocá-lo outra vez sob o império da lei e da democracia: o voto distrital, o recall, a lei de iniciativa popular, o referendo e a avaliação do eleitor sobre a atuação dos magistrados. Thomas Korontai, nosso líder federalista, vai aos EUA explicar por que vivemos numa farsa de federação, equivalente, inclusive, à farsa da democracia “relativa”, como se refere o apedeuta.
Felipe Gimenez, nosso procurador ativista da contagem pública de votos, continua pregando no deserto sobre o que é a verdadeira democracia, quando o cidadão eleitor, além de votar, tem o direito de participar na contagem pública de seu voto. Três cidadãos atuantes que acompanho de perto. Mas poderia listar aqui dezenas que acompanho esporadicamente, pois todos são o que chamo de verdadeiros agentes de cidadania preocupados com a alienação política cada vez maior que os poderosos impõem aos cidadãos de bem.
Enfrentar a mesa diretora do Senado, ocupada por senadeiros omissos e pusilânimes, com um manifesto assinado aí, sim, por milhões de brasileiros e brasileiras, despertaria na certa o ânimo de mais de trinta senadores que dizem estar do lado dos cidadãos. Se não conseguimos milhões nas ruas fisicamente para empurrar o Congresso contra os infiltrados no STF pelo PT, precisamos de pelos menos uma centúria de guardiões da república (Livro III da República, de Platão) com coragem cívica suficiente para ocupar a mesa diretora do Senado até que seus membros tomem uma atitude efetiva contra os abusos do STF e da esquerda infiltrada nas instituições.
O que poderá ser feito através de um manifesto cujas cem primeiras assinaturas, a partir de um milhão coletadas nas redes sociais, se comprometerão a pôr em prática a ocupação pacífica. A convite, inclusive, desses trinta senadores ditos de oposição a este governo ilegítimo e demente.
https://revistaoeste.com/brasil/como-fazer-os-cidadaos-voltarem-as-ruas/
(*) Jorge Maranhão é conselheiro consultivo do Instituto Liberal, mestre em filosofia pela UFRJ, e dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão. É autor de “Destorcer o Brasil: de sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”, e acaba de lançar “Curupira, o enganador do mundo e os doze dragões da maldade”.
Email: [email protected]
]]>O que começávamos a construir de autoestima nacional no final do império se perdeu com o positivismo démodé da república
Em 2022, por conta do bicentenário da nossa independência política mas também de nossa dependência cultural barroquista, temos a oportunidade única de superar nossa encruzilhada civilizatória. Ou seguimos o rumo iluminista da direita, recentemente iniciado, em sua missão de temperar a paixão esquerdista, ou permanecemos no já conhecido caminho dos soi-disant “progressistas”, da soberba e da enganação geral, que já vivemos desde os idos coloniais até as últimas décadas de governos socialistas e socialdemocratas.
Sincronicamente, a humanidade tem sido dividida entre a razão lógica dos economistas posta em voga nos últimos dois séculos e a persuasão retórica dos políticos que nos enganam desde há dois milênios. E, assim como diacronicamente o mundo é dividido entre períodos clássicos iluministas e períodos retóricos de sofistas, o Brasil, que não viveu o iluminismo inaugural da Renascença, tem estado imerso nos labirintos barroquistas desde há quatro séculos.
E porque, desta feita, a tese de meu livro “Destorcer o Brasil” lançada em 2018, de que vivemos no Brasil uma transmutação da resiliente cultura barroquista sobre nossa incipiente experiência iluminista, deve ser retomada em 2022, desta feita sob o gênero mais abrangente da ficção, dirigida para fora do país e veiculada em inglês?
Porque, no ano de nosso bicentenário de independência política, mas de forma alguma de independência cultural, precisamos parar para refletir nossos verdadeiros progressos e nossos persistentes impasses civilizatórios, pautas obrigatórias da mídia internacional, sempre sedenta do original, ainda mais vindo dos trópicos. Quando original se refere não apenas ao extraordinário como também ao que é de origem. Porque marcamos passo numa economia que não passa de um quinto da economia de nossos contemporâneos Estados Unidos, nas últimas décadas, quando já fomos uma economia maior do que a norte-americana na fase imperial? O que nos trava, bloqueia e inibe o recurso do consenso da tradição política de verdadeiras elites?
Participo de vários grupos de discussão de notáveis cidadãos em suas áreas de atuação profissional, mas quando se trata de sua capacidade de estabelecer um mínimo consenso, a coisa degringola em discordâncias ornamentais infindas e querelas sebastianas. Com quatro séculos de hegemonia barroquista sabemos como nenhum outro povo como trocar a lógica de apreensão da realidade pelos golpes sentimentais da retórica barroca. Torcer, retorcer, contorcer e distorcer o real pelo imaginário, a verdade pelo sofisma, a democracia concreta como criação de um povo pela demagogia do governo global imaginário dos organismos multilaterais, identidade nacional por estatuto multicultural, identidade de sexo por identidade de gênero, defesa da vida por condições de vida, justiça por processo e ativismo social, cidadania por vilania, e, sobretudo, cultura por entretenimento.
Retóricas não apenas genuinamente brasileiras como de vários países do ocidente, alguns deles até mesmo insuspeitos pela suas ditas tradições iluministas.
Como nossas elites têm se comportado na república com complexo de vira-lata, como dizia o saudoso Nelson Rodrigues, o que começávamos a construir de autoestima nacional no final do império se perdeu com o positivismo démodé da república. Mas temos como resgatar uma urgente coragem cívica exatamente agora em que o debate público tem sido o mais franco de nossa história. Quando, enfim, podemos cotejar os argumentos conservadores e liberais contra os socialistas e socialdemocratas de que temos sido intoxicados e experimentado nas últimas décadas. Uma oportunidade que não podemos perder.
E me perguntam o que fazer de concreto. Enquanto não juntarmos uma verdadeira elite que condicione apoio, influência e votos a políticos à adesão de uma agenda mínima de reformas institucionais, não mudaremos a hegemonia de uma resiliente mentalidade barroquista sobre nossa incipiente experiência iluminista. Listo aqui dez pontos que podem ser outros desde que haja um mínimo de consenso.
Estes são dez pontos que julgo haver um grande consenso nacional por parte de uma verdadeira elite que se proponha a detalhá-los visando uma carta-compromisso por parte de todos os cargos da disputa eleitoral de 2022. Para que realmente venhamos a superar nossa cultura barroquista de transbordamento retórico, para uma cultura de razoabilidade e bom senso iluminista, de deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente desta, até agora, barroquista, boquirrota e farsante república.
Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: [email protected]
O que se cogita seria a intervenção pontual para a destituição de alguns membros do Supremo que flagrantemente afrontam a dignidade da cidadania brasileira
Por Jorge Maranhão06 de Setembro de 2021 às 16:40
| Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: [email protected]
As redes sociais têm clamado pela adoção do Artigo 142 da Constituição como se estivéssemos repetindo a intervenção militar de 64, quando a situação é totalmente diferente. Senão por inúmeras razões, pela essencial diferença entre o objeto da intervenção.
Em 64 tratou-se de uma intervenção no poder executivo visando a destituição do chefe de governo cuja vacância já havia sido declarada pelo próprio Congresso. Hoje, o que se cogita seria a intervenção pontual para a destituição de alguns membros do Supremo que flagrantemente afrontam a dignidade da cidadania brasileira e rasgam a Constituição que juraram defender. Destituição que caberia ao Senado, não fosse sua deliberada omissão por interesses os mais escusos.
Não reconhecer esta substancial diferença é erro de discernimento, discussão inútil, deblateração desrazoada, aspectos centrais de nossa cultura barroquista de enganação geral.
Como ocorre hoje em dia entre alguns juízes e eminentes cidadãos da área jurídica. Uma vez que não cabe a um verdadeiro juiz justificar seus juízos em face do debate político, mas simplesmente julgar. E nos autos! Não pode pretender julgar, por exemplo, entre o que considera forte e o fraco, seus credos ou posições políticas, mas apenas e exclusivamente julgar a conduta de um e de outro. E quando provocado, jamais de ofício.
Quando a maioria dos cidadãos se insurge contra sua Alta Corte, alguma coisa de muito errada deve estar ocorrendo com ela. Como por exemplo a sua intervenção descabida no processo político, exclusivo dos cidadãos eleitos e eleitores. É contra esta ilegítima intervenção da tirania judiciária que se justifica a intervenção soberana da cidadania.
Que tal pensar em sua atual composição, formada nas duas últimas décadas por governos esquerdistas que patrocinaram o maior escândalo de corrupção do planeta? Dos dez sinistros atuais do supremo, nove são da carreira da advocacia. O único juiz de carreira é oriundo da área do direito processual. Não penal ou constitucional que são a substância mesma do direito, pois os demais são direitos acessórios, não essenciais.
E aqui retorno à questão inicial de nossa dificuldade atávica com o discernimento entre essência e aparência, atributo inequívoco da prática política, jurídica e moral.
É indigno aceitar passivamente que um juiz possa fazer o que vier na sua cachola, mesmo que vivamos imersos na resiliente cultura barroquista onde prevalecem as falácias retóricas das hipérboles, paradoxos, ironias e metonímias! O que foi no passado um estilo de linguagem, o barroco das artes e das letras, hoje é pensamento e conduta! Não há como extirpar tamanho mal sem o direito à rebelião consagrado por John Locke desde o século XVII! Substância conceitual de que é feita a própria Constituição americana e a prática política, sobretudo do recall, não apenas de governantes e legisladores, mas também de juízes.
Recall como legítima intervenção da soberania dos cidadãos sobre tutela tirânica de governantes e juízes. Daí a urgência de destituir alguns membros do STF que estão aviltando o Artigo 5º da CF. Pois chegaram lá por vias políticas, sem o indispensável mérito, advogados públicos e privados, de instituições, corporações, partidos políticos, sindicatos e entidades de classe, como Gilmar, Toffoli, Fachin, Weber, Moraes, Lewandowski, Carmem Lúcia, Barroso, nenhum deles juízes de carreira. Senão, vejam-se os resultados de pesquisa recente sobre sua aprovação.
Pois vamos a cada qual e suas mais insensatas decisões:
Daí, minha crescente perplexidade pela quase ausência de efetivos juízes de carreira na atual composição da Corte, além de que:
Em suma: insistir em comparar o tosco Bolsonaro, equívoco de forma e estilo, com o pérfido Luladrão, equívoco de conteúdo e de caráter!
]]>Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que, lamentavelmente, não existe esta opção
Por Jorge Maranhão23 de Abril de 2021 às 15:07
| Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: [email protected]
A terceira via
Diante da crescente campanha de uma “terceira via”, depois que nossos supremos torceram e contorceram as leis para transformar um presidiário em presidenciável, se avizinha a maior farsa de nossa pestilenta política esquerdista: regressar à cultura barroquista de todo poder ao establishment das bancadas de corruptos políticos fisiológicos, aliados às privilegiaturas da alta burocracia e da burritziaesquerdopata de artistas, jornalistas e acadêmicos parasitas do Estado.
Será que acham que é mesmo viável tertius do naipe de humoristas, animadores de auditório, governadores investigados e operadores de retroescavadeiras? Acham mesmo que somos imbecis?
O pior é a enorme massa de manobra, que acredita piamente nos aparelhos ideológicos do barroquismo esquerdista nacional contra a chamada “extrema direita”. Pois simplesmente está equivocada quando acha que existe a tal da terceira via, que não existe só dois lados, mas algo além da verdade e da falsidade. Chama-se a isto “relativismo moral”, arma canalha do gramscismo torcendo e distorcendo a tradição barroca da farsa.
Aos amigos das redes sociais, que insistem na insana busca de uma terceira via, tento explicar no privado que lamentavelmente não existe esta opção na verdade, mas apenas na enganação da estratégia das tesouras da hegemonia de esquerdas, ditas carnívoras e veganas, se alternando no poder para tentar impedir a direita de chegar ao governo. E, se chegar, usar de todos os meios para impedi-la de governar.
Pois a cultura política dominante no país e a da obstrução de pauta!
Exatamente a intolerância das esquerdas em seus vários matizes tenta se passar por tolerante, ao falsear o debate dito democrático, desde que excluída a direita – a que chamam sempre de extrema e reacionária.
Toda a tradição dos valores morais judaico-cristãos, veio da crença, da fé, e não da razão cientificista. As fake news que tanto denunciam nada mais são do que uma retórica eufemística do velho boato, ou rumor da tradição política ocidental. Pois o problema não é o rumor, o boato ou a farsa, mas o uso político que se faz dos mesmos.
O problema é que a retórica barroquista, que pode ser de sentido extremamente moral no campo das letras (a moral da história das fábulas, contos de fadas, das farsas e burlas do teatro), não pode ser transposta para o campo da política e da justiça, sob pena de virar simplesmente engodo e trapaça.
A maior parte do que os profetas afirmaram desde o Velho Testamento jamais foi provada pelo cientificismo. No entanto, têm um sentido paradigmático para o legado moral do Ocidente. Se as esquerdas querem se travestir de modernas e progressistas e não reconhecem isto, é porque na verdade não têm consciência da maior virulência que se abateu na modernidade, que é legado barroco do esquerdismo.
A música barroca, por exemplo, não deixa de ser a catedral estética da beleza musical pelo fato de servir à reforma protestante. Pois pode servir também à contrarreforma católica! Se não tem este discernimento, é por que os ditos ponderados da esquerda light são na verdade os piores esquerdistas, que juram que não são, apenas porque não apresentam os sintomas explícitos.
Isentolândia
Nestes tempos de troca de generais isentões e de culhões, vale refrescar os que questionam o “golpe” de 64 que fez aniversário neste mês. Estão fartamente documentadas em fotos e filmes “as marchas da família por Deus e pela liberdade”. Negar isto ou questionar sobre percentuais de aprovação da população ao movimento militar não é absolutamente um debate honesto.
Por favor! Sobretudo aqueles que foram lobotomizados pela propaganda socialista da imprensa, universidades e artistas ativistas a partir da nefasta barganha da “lei da anistia” de 79, e a entrega do aparelho ideológico da sociedade à esquerda contra a desmobilização das guerrilhas revolucionárias. Vejam vídeo insuspeito da própria USP, que até hoje é um antro de esquerdistas.
Sobre o quadro do processo de subversão socialista: o que não avisaram aos russos foi a retorção barroquista da Justiça brasileira. O Brasil estava no auge da fase de implantação socialista do início da década de 2010, com a hegemonia petista aliada ao centrão, quando começaram as sucessivas megamanifestações contra o mensalão. O que resultou na operação Lava-Jato, e no desmonte da corrupção esquerdista com o petrolão.
O que falta neste quadro é exatamente o papel da justiça, de um novo judiciário, e a mudança de posição da quadrilha do Supremo diante da ameaça da Lava-toga. Este é o ponto de inflexão que acabou por extinguir a Lava-jato: a trincheira decisiva da quebra da hegemonia esquerdista e da consolidação, ou não, da união da centro-direita que ascendeu com Bolsonaro – o que eu chamo da retorção de nossa tradição cultural barroquista, de quatro séculos de corrupção dos valores morais.
Para os que insistem em chamar de golpe militar e ditadura o movimento de 64, fica a questão: ditadura como, se houve eleições indiretas e sucessivas para 5 presidentes militares? Ditadura teria havido se fosse apenas um ditador por período superior a um mandato presidencial, e sem congresso aberto que validasse – como no caso de Pinochet, Videla etc.
Democracia é um conceito discutidíssimo na história das ideias políticas desde Platão. Uma vez que, não raramente, descamba para demagogia e oclocracia. Liberdade dos grupos esquerdistas que tramavam revoluções, guerrilhas, atos e atentados terroristas realmente não houve, mas a repressão/distensão foi equivocadamente “negociada” em troca do aparelhamento esquerdista dos meios de reprodução ideológicos, como academia, imprensa e justiça.
Gerações inteiras a partir das décadas de 60 até 90 sofreram lavagem cerebral. Não reconhecer isto é falsear o debate desonestamente, e permanecer no obscuro e tortuoso túnel barroquista sem vislumbrar a razão iluminista que estávamos a perseguir desde o golpe da república.
República do blefe
Senadores blefam contra ministros do supremo de frango quanto à eventualidade de botar para tramitar os vários pedidos de impeachment protocolados na casa. Por sua vez, os sinistros do supremo tirano federal blefam contra suas excrescências quanto à pauta de julgamento de crimes senatoriais de corrupção e lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e outros mimosos tipos penais.
E se desenha o Oroboro barroquista da serpente abocanhando o próprio rabo, instituições que cuidam apenas de promover ações umas contra as outras e não cumprem mais sua missão constitucional em prol dos cidadãos que lhe pagam as mordomias. Como já se levantou e denunciou: mais de 2/3 da ação estatal cuida da própria ação estatal, e não dos interesses dos cidadãos. A república do blefe de se fazer passar exatamente pelo que se não é, ou do que se não é pelo que de fato é!
Jogos nas redes
Por que será que as pessoas postam tantas fotos de si nas redes sociais? Ou citações de outros, para disfarçar que não são de “auto-ajuda”? E continuam sozinhas na vã expectativa de um mísero like? Pois, nas redes, não se encontram amigos de fato. Apenas a farsa de amigos, a ironia, o paradoxo, os eufemismos e hipérboles: o barroquismo do jeu de mots, jeux d’images, jeux d’idées das artes e letras.
Das artimanhas da pobreza de espírito humana de transformar palavras em trocadilhos que, por sua vez, remetem à jogos de imagens ilusórias. Mas que, quando no campo do pensamento, se tornam ideias enganosas da realidade.
Como diria o grande T. S. Eliot, estamos diante de homens ocos, a enganarem-se uns aos outros nesta Terra desolada de ideias, valores e princípios. Uma modernidade que, na ânsia do novo pelo novo, inspira na verdade o Barroco que, em priscas eras, já foi rico quando se curvava ante divinas imagens. E hoje nada mais é do que o barroquismo da soberba esquerdista que quer que os homens se curvem diante de outros homens.
Educação da ‘psico-política’
A fábrica de antifas em massa da educação pública brasileira, depois de mais de 20 anos de governos esquerdistas, consiste na introdução na base curricular dos temas transversos da ideologia de gênero, do ambientalismo, do globalismo, do abortismo, do relativismo moral, do novo paganismo contra as religiões tradicionais, do imanentismo, da anti-arte, da transgressão da norma gramatical, do ativismo judicial, desarmamentismo, liberação das drogas etc. Em suma, pura militância cultural gramsciana!
Persisto na tese de que o esquerdismo é a última expressão da resiliência barroquista desde que Cervantes prenunciou Gramsci, quando denunciou a intoxicação de Don Quixote pelos romances de cavalaria – da mesma forma como fazem hoje nas escolas públicas os militantes esquerdistas, antifas travestidos de professores, com os temas transversos e tóxicos acima descritos.
Rock ’n’ roll
Um amigo me envia vídeos nostálgicos dos primórdios do rock’n’roll dos anos 50, antes da escalada das revoluções de costumes a partir dos anos 60, entre os quais o famoso “Rock around the world” com Elvis Presley, numa sugestiva coreografia de um bando de jovens revoltados numa prisão.
Lembro a ele que já nos anos 70/80, reagíamos contra os “anos rebeldes” com a onda de canções líricas de B. J. Thomas e até mesmo os maiores sucessos dos Beatles, como “Yesterday”, “Hey Jude”, “Imagine” e outros.
Participávamos da desconstrução dos valores da tradição ocidental judaico-cristã, sem nos darmos conta do tamanho do estrago da “contracultura”. Em “Rock’n’roll lullaby”, B.J. Thomas nos dá um comovente exemplo de como ainda “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, no incondicionado amor de uma mãe pelo seu filho. Reveja o clipe na internet e me contem depois.
Culture de merde
A que nível chegou a torção barroquista de nossa baixa cultura com a decisão esdrúxula do militante Faquinha, acompanhada depois pelo pleno de equívocos… Que decepção esta Carmem Lúcifer, lamentam os incontáveis memes! Viva o resiliente barroquismo da cultura brasileira!
Trocar o mérito de uma sentença pelo detalhe do processo, e conspurcá-lo com falsas provas. Trocar a pintura pela moldura. Trocar a essência pelo efeito. A substância pelo adereço. O mote pela glosa. O efêmero pelo duradouro. O fato pela versão. Torção, retorção, contorção, distorção. Trocar a realidade pela ficção! Culture de merde, comme on diraient les français, resistente a qualquer tentativa de Iluminismo, e já se vão mais de dois séculos atrasados no Brasil!
A ironia
A ironia é um dos mais frequentes recursos para miríades de memes satíricas que viralizam nas redes sociais. No entanto, seus autores talvez desconheçam de que se trata de uma das mais antigas e perversas figuras retóricas barroquistas, pois tomam o que é pelo que não é, e vice-versa, abandonando a alma humana à sua total perdição!
Se nas fábulas e contos de fadas infantis, como bem observou o grande crítico inglês Chesterton, ensejam a educação moral dos jovens, no aprendizado do discernimento e do juízo, nas relações jurídico-políticas da sociedade, são a expressão da própria desordem moral.
Enquanto não entendermos isto, sobretudo os formadores de opinião como os produtores de conteúdo das redes sociais, estaremos retardando nossa entrada na cultura iluminista do bom senso e da plena razoabilidade.
Basílica de Santa Maria della Salute
Nestes tempos de pandemônio, estamos todos saudosos de nossas viagens de férias. Angustiados mesmo se e quando poderemos retomá-las, sobretudo para os países do primeiro mundo e de alta cultura. E eis que alguém me envia fotos de suas férias passadas em Veneza.
Por trás da pose sorridente de turista feliz, está a Basilica de Santa Maria della Salute, que tem as maiores volutas barrocas entre todas as igrejas e catedrais da Renascença. Estas volutas, e não o alegado chiaroscuro, é que demonstram a maior característica do Barroco e marco da “grande confusão”, como diria Eric Voegelin, que se seguiu à modernidade.
Comecei a estudar este símbolo maior da retórica barroca e seu transbordamento por todas as áreas da expressão cultural ocidental no meu livro “Destorcer o Brasil”. Mas será que a face-amiga quer mesmo saber o que foi fazer em Veneza, para além de passear nas gôndolas?
Creia, amiga, que nunca achei nenhuma reflexão consistente, mesmo entre os conservadores da mais alta estirpe sobre a influência da cultura barroca no pensamento progressista. Por isso, escrevi este livro e estudo o fenômeno da resiliência barroquista em nosso imaginário ocidental. O que cheguei a pensar que se tratasse de fenômeno exclusivo da cultura latina, mas hoje vejo que penetrou também na modelar cultura da anglosfera.
CNM e o tratamento preventivo da covid
Diante da sensatez das declarações positivas do presidente do Conselho Federal de Medicina, temos de dar nomes aos bois e não generalizar a responsabilidade para toda a sociedade. Trata-se de típica artimanha retórica barroquista, herdada pelos esquerdopatas fratricidas da extrema imprensa que perderam gordas verbas de publicidade estatal, acadêmicos ociosos parasitas de universidades públicas, magistrados ativistas judiciais, alta burocracia da privilegiatura nacional, partidecos esquerdistas sem eleitores.
Buscam culpados no governo para se isentarem de qualquer responsabilidade cívica, culpam os outros antes de que possam vir a ser culpados. O fenômeno é antigo, vem da inquisição. Diante da inescapável condenação à fogueira, generalize a culpa, dilua a responsabilidade de suas escolhas para a comunidade, renegue valores da tradição, promova a farsa, finja arrependimento, mude de confissão. Resiliente barroquismo que nos retarda há dois séculos aceder ao Iluminismo!
Nelson Freitas
Respondendo ao vídeo viralizado nas redes do ator Nelson Freitas: – Nosso problema não é o povo nem as riquezas naturais que são abundantes! Mas, exatamente por este transbordamento natural, o desleixo para com os valores da tradição ocidental que nos legou uma orfandade cívica de verdadeiras elites.
Pois não existem elites desprovidas de alta cultura, sem ideal de nação, sequer de pátria; apenas saqueadoras de riquezas desde sempre. Incapazes de enxergar a luz do Iluminismo no fim do obscuro e retorcido túnel do barroquismo, onde empacamos desde o golpe da República.
Faz parte substancial e frequente da retórica barroquista a ironia que, se nas letras é notável, no debate público é imoral! O esquerdismo não tem apreço pelos valores morais da tradição, sobretudo pela vida. Basta ver o genocídio comunista russo, chinês e cubano.
E ainda têm a desfaçatez de chamar de genocida o atual presidente, numa descabida figura de hipérbole que só evidencia a falta de razoabilidade e honestidade argumentativa. Aliás, a hipérbole é outra arma retórica da farsa barroquista que, se nas letras é inigualável, transbordada para o debate público é simplesmente desprezível e estéril.
– O problema, Janaína, da Lava-jato sem a Lava-toga!
Todavia podemos acreditar que evoluímos muito desde 2013 para cá, com as grandes manifestações e a exposição da Lava-Jato. O que antes acontecia sem transparência, hoje é notório. O ponto de inflexão foi a ameaça que não se concretizou da Lava-Toga, onde reinou e reina a corrupção mais perversa.
Mas estamos caminhando. Precisamos de mais uma década da direita iluminista nos governos, e na chegada de uma maioria conservadora e liberal nos legislativos para tirar de nosso caminho a grande pedra que entrava o país, e para vislumbrarmos a luz da sensatez no final deste longo e tortuoso túnel barroquista de nossa história, Pois, como não avançamos na Lava-toga, eis que a Lava-toga avançou sobre a Lava-jato.
O comentarista Rodrigo Constantino reclama de falta de coragem moral, e pergunta até quando deixaremos o Supremo rasgar a Constituição.
Simples. Sabemos muito bem que, até quando não ocuparmos o Senado para exigir a tramitação dos pedidos de impeachment da quadrilha suprema, ao mesmo tempo em que devemos ocupar o Supremo para exigir a pauta de julgamento da quadrilha do senado. Com ou sem apoio das FFAA. Apenas com coragem moral, virtude iluminista.
Enquanto isto não ocorre, nosso SSTF, que não pode se meter em demanda política de hipótese alguma, sob pena de abuso de poder e desvio de função, infelicita toda uma nação. Quando deveria rejeitar tão simplesmente qualquer demanda de procedência e inspiração política para a real independência dos poderes e felicidade geral da nação.
Chega de barroquismos! Janaína Paschoal, que vive denunciando manobras processualísticas dos supremos desmandos, precisa ler minha tese e entender que o buraco é mais embaixo, a questão é cultural, da artimanha barroquista de trocar a pintura pela moldura, o mote pela glosa, a essência pelo acessório, o juízo, enfim, pelo processo.
E volta a circular o vídeo do general Mourão avisando que o exército não vai bater continência ao Lularápio. Foi dada a senha? Enquanto isso, nossos sinistros “executam” o plano de combate à covid. E o Brasil regride mais uma vez ao barroquismo anterior ao século 17, quando o estado tutelava a liberdade religiosa. Porque, de nada adianta as esquerdas serem minoritárias nos executivos e legislativos nacionais se, tendo aparelhado os judiciários, sobretudo as cortes superiores, acabam por impor sua vontade por sucessivos e indevidos recursos aos tribunais superiores. E este tem sido o nó que temos de desatar urgentemente, senão nada vai andar.
o nó do borogodó.
]]>O fato é que o Brasil já não aguenta este Supremo Tirano. Não a instituição, se preciso me explicar para não ser preso. Mas a sua composição atual
Por Jorge Maranhão19 de Março de 2021
Como todo militante esquerdista, Fachin acabará por destruir por dentro a instituição do STF, assim como já forneceu a centelha para os cidadãos tocarem fogo em seus sinistros no ato mais simbólico das manifestações deste último domingo. Vejam aqui o vídeo que registrou o ato.
Mas veja também dois outros vídeos importantíssimos para entender a urgência do impasse cultural em que o Brasil está metido: aqui a aula 432 do Curso Online de Filosofia do Olavo de Carvalho sobre a urgente intervenção nos desmandos de alguns ministros do STF e aqui a entrevista de Paulo Guedes dando um panorama completo sobre a verdadeira situação político-econômica nacional e seus prognósticos.
Se por conveniência ou interesses escusos de alguns de seus membros, o Senado ou MPF, que são as únicas instituições que podem enquadrar alguns tresloucados atos do Supremo Tirano Federal, não cumprem com seu dever, começa a ganhar força o alerta do General Mourão garantindo que as FFAA não voltarão a bater continência a Lula, por mais que se anulem suas condenações de corrupção e tentem viabilizá-lo como candidato à presidência. Vejam aqui o tamanho do impasse.
Mas o poder moderador das FFAA hesita e, se demorar muito, acabará por esvaziar sua credibilidade tão duramente resgatada e, o que é pior, cair no perigo de prevaricar por descumprimento de sua missão constitucional. Tudo por que o país passou a crer na lenda que não pode haver mais nada acima da autoridade dos sinistros supremos dentro da ordem democrática.
Esquecem-se que o primeiro parágrafo introdutório da Constituição invoca exatamente a proteção de Deus, este que ainda há de ser a mais alta autoridade acima dos sinistros ativistas metidos a supremos.
E aí, nos vem a questão urgente: onde estão as mais altas autoridades eclesiásticas brasileiras, para quem a lei divina está acima das leis dos homens, para vir a público exigir que, em virtude da conduta demoníaca de alguns dos supremos sinistros, no mínimo se retire a Santa Imagem do Cristo crucificado do sacrílego recinto do Supremo Tirano Federal, por absoluta profanação e heresia?
Como já dizia Erasmo de Roterdã, no belo apólogo “A Educação do Príncipe Cristão“, quase ao mesmo tempo em que os portugueses chegavam às nossas costas, no início do século XVI, “impõem-se ao governante os mandamentos da conduta cristã de amar o povo, não agir com soberba, não mentir ou enganar o próximo, não usar de seu poder para humilhar, ameaçar e tampouco restringir a liberdade de seu semelhante!“
Tenho certeza que para a grande maioria dos cidadãos brasileiros tais sinistros estão mais de parte com o demo do que com a democracia. Pois toda semana veem a público desafiar a paciência do nosso povo com uma gracinha nova. Soltam bandidos de organizações criminosas do tráfico e da política, mas prendem jornalistas e um deputado que não pode citar o AI-5 do regime militar, quando eles mesmos podem recorrer à lei de segurança nacional criada pelo mesmo regime.
Barroquistas insuperáveis com suas torções, retorções, contorções e distorções da realidade, chafurdando no lamaçal da retórica de transbordamento, ironias, paradoxos, contradições, hipérboles, eufemismos sem fim de sua linguagem canhestra e arrogante.
O fato é que o Brasil já não aguenta este Supremo Tirano. Não a instituição, se preciso me explicar para não ser preso. Mas a sua composição atual, feita a base de politicagem e não de meritocracia, sobretudo alguns de seus supremos sinistros ativistas político-partidários sob a toga preta de ministros.
Uns quatro com pedidos de impeachment já arquivados por iniciativa do Batoré, como Toffoli, Gilmar Mendes, Lewandovski e o próprio Fachin, e outro mais recente protocolado ainda nesta primeira semana de marco, tendo o Seu Alexandre de Morais como alvo, por iniciativa de quatro senadores e da Coalizão Convergência, que congrega mais de sessenta entidades da sociedade civil. Com a palavra, o Sr Rodrigo Pacheco.
Até pelo medo da pandemia e do terror de tranca ruas que espalham no povo governadores e prefeitos respaldados pelo mesmo Supremo Tirano, evidente que as megamanifestações ocorridas desde 2013 não se repetirão com milhões de cidadãos indo às ruas. Mas milhares já deram sinal de que pretendem ocupar espaços mais efetivos como as portas dos quarteis, numa clara alusão à urgente participação das Forças Armadas.
E também já se conclama a ocupação mais efetiva dos salões do Senado até que suas excelências se dignem a desafiar a chantagem dos meritíssimos sinistros e botem seus pedidos de impeachment para tramitar.
Garanto que não teriam a desfaçatez de retaliar. Pois o povo ameaçaria mudar a ocupação para as calçadas do próprio Supremo, o que daria margem para as FFAA intervirem para botar ordem na casa. O Supremo perderia alguns de seus anéis para não perder os dedos. E os senhores senadores resgatariam a respeitabilidade da opinião pública neste ano pré-eleitoral. Pois quem não deve, não teme.
Com a garantia das FFAA, em missão constitucional, e a inevitável tomada do noticiário, pelo menos parte da bancada dos 365 deputados sem-culhões de enfrentar a arbitrariedade do mandado de prisão de um de seus pares pelo Seu Alexandre de Moraes, ao arrepio da Constituição, acabaria se juntando aos bons para destravar as pautas mínimas de interesse da nação: reforma tributária, administrativa, eleitoral e federativa, prisão em segunda instância, voto impresso e auditável, fim de foro privilegiado e sobretudo uma nova lei para nomeação de supremos.
Bastariam estas para o país destravar a economia e restabelecer o fluxo de investimentos nacionais e internacionais, voltar a crescer, criar empregos e distribuir renda. E, evidentemente, como já fizemos no passado recente, quando cassamos de fato o mandato da Dilma, mesmo depois de mais um contorcionismo barroquista de exegese teratológica do Lewandovsky do artigo constitucional que manda cassar expressamente os direitos políticos de presidentes depostos.
O que evitaria a radicalização eleitoral, a divisão do país e a necessidade de termos de cassar nas ruas a elegibilidade do chefe da maior Orcrim da história pátria.
* Mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas”. Email: [email protected]
]]>Entre seguir no caminho do discernimento, último fim do iluminismo que marcou a Monarquia Constitucional brasileira, e permanecer no registro cultural dominante da farsa e do fingimento, último fim do barroquismo, escolhemos chafurdar nesse lodo!
Infeliz escolha entre as excludentes opções da razão e do bom senso iluministas, contra a paixão e insensatez barroquistas!
Passamos a confundir arte com ciência, ideologia com filosofia. Conservadorismo com reacionarismo. Progressismo com voluntarismo. Temperança com soberba!
Três décadas depois do golpe da República, sob a vil desculpa do nacionalismo, da busca pela identidade nacional, começamos a inventar e cultuar várias jabuticabas no âmbito da vida política, judicial e moral do país, como federalismo centrífugo, moeda sem lastro, milagres econômicos, democracia racial, cunhadismo e bacharelismo burocráticos, sincretismo religioso, teologia da libertação e antropofagia cultural, entre outros fenômenos.
Assim como nossas narrativas históricas e literárias começaram a se povoar de místicos religiosos, coronéis de engenhos, barões de café, heróis da jagunçagem, juízes de fora e de paz, altos burocratas servidores de si mesmos, engenheiros de obras feitas, médicos de mezinhas, curandeiros de espíritos, santos de pau-oco, moças meio-virgens, santos milagreiros, pescadores de almas, mulas sem cabeça, bois de piranha, vacas de brejo, e tantas e mais tantas fantasias e lusco-fuscos semânticos. Mas nada como a mítica figura do Curupira de pés invertidos, nossa legenda maior, a nos desviar nos caminhos da razão e do bom senso.
E nos lançamos, enfim, na Semana de Arte Moderna em 1922, que no ano que vem completa mais outro século de confusão entre arte e ciência, paixão e sensatez, conchavo e política. Pois as artes podem tudo, sobretudo transbordar de sua competência imaginária para a distorção da realidade. De torções, retorções, contorções e distorções da realidade.
Sobretudo o modernismo que, no Brasil, nunca foi tão barroquista exatamente por querer escamotear o seu solene desprezo pela nossa origem barroca, sua arrogante ignorância esquerdista porque progressista e de raiz romântica. Pois, se o modernismo europeu é o último grito de estertor romântico, o modernismo brasileiro é o chafurdar na pocilga retórica barroquista pesando a mão nas hipérboles, nas metáforas, nas ironias e, sobretudo, nos paradoxos, nossa mania visceral e nacional de ver o mundo.
Salvo algumas exceções de sempre que me veem de memória, e que vieram mais para sublimar nosso barroquismo do que propriamente para superá-lo, como os grandes Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Mario de Andrade, Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Mario Ferreira dos Santos, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Portinari, Burle Marx, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Glauber Rocha, e tantos outros, que nos fizeram acreditar na transcendência de nossa miserável condição barroquista, e resgataram a alta cultura promovida durante o Império.
Mais trinta anos depois do surto modernista, vivemos uma verdadeira renascença cultural com os movimentos da Bossanova, Cinema Novo, arquitetura e literatura Modernas, quando Brasília esqueceu-se de sua missão política e virou uma Versailles distante do povo, museu a céu aberto.
Mas, desde a década de sessenta, perdemos outra vez o rumo do iluminismo brasileiro. Por viés esquerdista, a doença senil do barroquismo retornou, e achamos que, depois da transição do regime militar para a democracia, viveríamos um outro apogeu cultural.
Ledo engano barroquista, mais uma senda equivocada indicada por Curupira para a perda da razão iluminista. Meio a trinta anos de governos socialdemocratas e socialistas, eis que chegamos a uma vexaminosa estagnação cultural – para não falar mesmo em baixa cultura marginal de massa e de barbárie, especialidade da demagogia esquerdista.
A alta cultura que nos inseria na cadeia da tradição clássica do Ocidente se reduziu a arte de rua, pichação, funk music, batidão e demais acrobacias.
Porque digo isto? Por que falta a mínima união, o mínimo consenso entre brilhantes conservadores e egocêntricos liberais, sobre a melhor estratégia de argumentação para enfrentar o dragão de mil faces do esquerdismo mundial, e os estragos que deixou no Brasil carente de resistência cultural em suas elites. Malgrado as evidências históricas do fracasso socialista, na distribuição de pobreza e na crueldade ímpar na condução dos governos de inúmeras nações, estamos sempre confundindo, pelas manhas e diatribes de Curupira, a democracia com demagogia, a vilania com cidadania, a justiça plena com a justiça social, a vida com condições de vida, a liberdade como libertinagem.
Porque atacar a esquerda com argumentos racionais singulares não adianta! É mero barroquismo. Somente no atacado, no seu fundamento ético, como provou o fracasso recente da retórica trumpista. Somente em suas raízes culturais barroquistas podemos quebrar a hipocrisia e denunciar que o rei está nu! Retórica feita de farsa, paradoxo, hipérbole e transbordamento das artes para o campo da política, da justiça e da moral! Não adianta argumentar com a razão e o bom senso, pois o esquerdismo irá sempre invocar a beleza das artes!
Paulo Guedes, por exemplo, embora a razão maior entre os ministros, não soube ganhar o dispositivo militar que, por sua vez, anda sempre às turras com a ala ideológica do primeiro governo eleito por uma aliança entre conservadores e liberais. Só formando uma nova mentalidade na oficialidade podemos equilibrar as forças de doutrinação esquerdista largamente disseminadas na academia, na justiça, na imprensa, na política e nas artes e espetáculos! O professor Olavo tem razão. Mas não adianta xingar. Temos de incluir a academia militar na argumentação conservadora-liberal! Levar a sério o programa de educação cívico-militar.
Os ativistas pró-vida, anti-desarmamentistas, pró-família, da ortodoxia católica de um Bernardo Kunster, Pe. Paulo Ricardo e Bene Barbosa, os comentaristas do bom senso, ímpares destruidores de mitos, como Percival Puggina, Leandro Ruschel, Rodrigo Constantino, Caio Coppola, Ana Paula Henkel, os juristas contra a corrupção e o ativismo judicial esquerdista como Modesto Carvalhosa, Evandro Pontes, Felipe Gimenez, Ives Gandra Martins, Janaína Pascoal, Ludmila Grillo, etc.
Sobretudo os jornalistas demolidores de farsas dos poucos veículos imparciais e canais noticiosos mais influentes, como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e Guilherme Fiúza, Claudio Lessa, Luis Ernesto Lacombe, José Luiz Datena, JR Guzzo, José Nêumane Pinto, Diego Casagrande, Diogo Mainardi, Felipe Moura Brasil, Silvio Grimaldo, Alan dos Santos, Leda Nagle, Karina Michelin, Fabiana Barbosa, Paula Marisa etc.
Os humoristas Danilo Gentili, os Hipócritas, Porta dos Fundos, Te Atualizei, Embrulha para Levar. Os canais conservadores de educação e cultura como Brasil Paralelo, Instituto Mises, Instituto Borborema, Instituto Burke, Rodrigo Gurgel, Senso Incomum, Mauro Ventura, e das editoras Vide, É Realizações, LVM, Resistência Cultural, Ecclesia e outras.
Todos unidos ainda serão poucos diante das mentalidades tomadas pela retórica esquerdista! Que joga em peso pelo #foraBolsonaro, mesmo quando quer aparentar bom senso, isenção e imparcialidade.
Veja a CNN que se diz “campeã de imparcialidade”! Evidente que não é uma #Globolixo que resolveu jogar no lixo décadas de jornalismo dito imparcial na sua campanha suicida pelo impeachment do presidente, o qual não perde uma chance em desmascará-la!
Basta ligar em qualquer telejornal, em qualquer hora do dia, e logo-logo constataremos sua rendição à retórica esquerdista. Noutro dia, e a título de mero exemplo, presenciei a âncora da CNN, Monaliza Perrone, disparar que o ministro Lewandovsky acabara de determinar que o ministro Pazuello seria “totalmente” investigado pela Polícia Federal, e ele seria “mais um dos generais investigados” no governo Bolsonaro. Fica no ar a dúvida se alguém pode ser parcialmente investigado, se na verdade é ou não é simplesmente investigado – o que deixa em aberto a parcialidade de crença da própria jornalista.
Fora o uso indiscriminado do advérbio de lugar “ali” a cada frase enunciada, como se pudesse ser “aqui” ou em qualquer outro lugar o relato, não importa do que está sendo relatado.
Aliás, esta mania de “ali” virou uma febre viral no jornalismo tupiniquim. Um verdadeiro cacoete narrativo. Repare você mesmo que, qualquer repórter ou mesmo cidadão das redes sociais, na função de narrar um acontecimento, relatar um evento qualquer, acaba lançando mão desta irritante bengala do “ali” no meio da fala. O que demonstra, como manda o bom modelo barroquista, a repetição ad nauseam e a sobrevalorização de advérbios e adjetivos sobre quaisquer substantivos, e até mesmo sobre as ações verbais.
Poderia dar mais outros infindáveis exemplos, mas nossos agentes de reprodução da cultura, repórteres da suposta realidade em cruzada mitológica contra os dragões das fake news, não demonstram sequer apreço pelo idioma, sequer dedicação à verdade dos fatos, ao menos pela reputação dos veículos de mídia através dos quais desfiam suas retrógadas retóricas.
Como disse, a Globolixo não tem mais jeito por que se trata de uma ação deliberada de campanha difamatória para além da parcialidade jornalística. Mas a CNN, soi disant “líder em imparcialidade”, precisava ter mais juízo e recorrer a alguém de fora para exercer a função de contrarregra e dar retorno aos seus jornalistas de seus atos falhos narrativos. Fica a sugestão.
Talvez pela ruindade sem limites dos políticos brasileiros, talvez por causa da falência geral de órgãos que vai degenerando cada vez mais a vida pública nacional, talvez porque os poderes Legislativo e Executivo raramente foram habitados por gente tão frouxa quanto hoje, tanto nas ideias como na conduta, ou talvez por tudo isso ao mesmo tempo, o fato é o seguinte: os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que não há mais ninguém no governo da República, e que cabe a eles mandar no Brasil. Comparando uns com os outros, dá provavelmente na mesma. Mas, com certeza, um país está com problemas sérios de funcionamento quando começa a ser governado “por default”, como se diz hoje. Na falta de outra coisa, entra automaticamente em ação um mecanismo que passa a operar o aparelho por sua própria conta, e sem nenhuma consulta ao usuário.
A dificuldade, no caso, é que o STF está operando mal. Como poderia ser diferente? Os onze ministros não apenas governam o Brasil sem serem eleitos, mas sem terem nenhuma das responsabilidades que vêm junto com a tarefa de governar – e, obviamente, com risco zero de responder pelas consequências das decisões que tomam. Não pode dar certo. Na prática, isso significa que eles mandam em tudo mas não se obrigam a pagar por nada – a começar pelo pagamento propriamente dito das despesas que criam ou ajudam a criar. O STF dá ordens, apenas isso, e só dá ordens sobre o que lhe interessa – o Brasil que se vire para cumprir. É onde estamos.
Não há nenhuma lei que esse novo governo se sinta obrigado a obedecer; quem obedece, em sua visão das coisas, são sempre os outros. Como durante o AI-5, quando o regime deu a si próprio o direito de não submeter à Justiça nenhuma das suas decisões, o STF de hoje não responde a ninguém. Ainda outro dia, e mais uma vez, o ministro Alexandre Moraes prendeu um jornalista no inquérito abertamente ilegal que conduz sem nenhum controle há mais de um ano, como se o STF fosse uma delegacia de polícia da ditadura. O ministro Lewandovski decide o que você tem de fazer, e o que não pode fazer, em todas e quaisquer questões relativas à vacina; deu à sua palavra o status de verdade cientifica.
O ministro Fachin proibiu a polícia de sobrevoar com helicópteros as favelas do Rio de Janeiro, e decidiu que a revista íntima às visitas feitas a presidiários é “inconstitucional” – os visitantes estão liberados para levar drogas aos presos, por exemplo, e não podem ser condenados por isso. O ministro Marco Aurélio solta criminosos condenados a 25 anos. O Supremo decide sobre a nomeação do diretor da Polícia Federal, a eleição das mesas do Congresso e as fases da Lua.
O publico é obrigado, além disso tudo, a ouvir lições de filosofia, de moral e de ciência política dos onze ministros – e ouvir o tempo todo. Todos eles estão convencidos de que têm o direito de pensar por você, e escolher o que é melhor para cada cidadão brasileiro – independente da opinião pessoal que o próprio cidadão possa ter. O último palpite sobre o bem comum foi dado pelo ministro Barroso, um dos que mais se encanta com a própria voz. Segundo ele, “o País” precisa do voto obrigatório; não se deve deixar as pessoas livres para exercerem o direito de votar, pois a seu ver isso leva ao “radicalismo”. E por aí vamos.
Juízes, em qualquer país decente, têm a obrigação de ser imparciais, sobretudo se estão no topo do Poder Judiciário. No Brasil é exatamente o oposto: O STF se transformou num partido político, com militantes, facções internas e todo o resto – um partido que não recebe um único voto. Dá nisso que se vê.
O Estado de S. Paulo3 de janeiro de 2021E-MAIL: [email protected] ✽ JORNALISTA
Passou “desapercebida” pela nossa facciosa mídia barroquista a nota de repúdio do Movimento Federalista contra a manutenção em cárcere do jornalista Osvaldo Eustáquio,
“Vítima de arbitrariedade da atual composição do Supremo Tribunal Federal, e da ilegalidade de sua prisão promovida por agentes do próprio Estado Brasileiro, notadamente o Poder Judiciário, pelas razões que seguem:
Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de cunho político de cidadãos, bem como, prisão por opinião.
Inexiste no ordenamento jurídico brasileiro prisão de pessoas sem o devido processo legal e sem o direito ao contraditório, fatos que se verificam no caso do Jornalista Osvaldo Eustáquio;
A soma dos fatos dos itens anteriores caracteriza ato ditatorial incompatível com a República. No caso em tela, é claramente compreensível pelo mais simples dos cidadãos que o Supremo Tribunal Federal, bem como parcela expressiva do Poder Judiciário brasileiro, que deveriam ser a garantia dos preceitos constitucionais, tornaram-se insurgentes contra a Carta Magna do Povo Brasileiro, ao estabelecer um verdadeiro “Estado Nacional Paralelo”, uma espécie de “República Unitária do STF”, ao, gradativamente, escreverem uma nova e própria constituição, baseada no terror, na arbitrariedade, subvertendo as normas legais vigentes e destruindo o Estado de Direito.
A omissão continuada dos outros poderes da Nação em relação à essa escalada autoritária conduzirá o País à completa insegurança jurídica e institucional, que, em conjunto com as medidas restritivas decorrentes, uma pandemia, de todo suspeita, e a ameaça da obrigatoriedade de aplicação de vacinas com efeitos incertos, poderá resultar em graves conflitos civis internos, quiçá uma guerra civil de enormes proporções.
Por tais razões, exigimos:
Que o poder Executivo e o Legislativo Federal, intervenham imediatamente no STF, no sentido de sustar, enquanto ainda há tempo hábil, a deterioração da instituição judiciária.
Que o Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, lembre-se do seu juramento como militar e como Chefe da Nação, com a mão direita sobre a nossa Constituição, quando no momento de sua posse jurou defender o Povo Brasileiro e a Pátria, e para tanto, com vistas a restaurar a Ordem legal e institucional, o respeito ao ordenamento jurídico e à democracia, adote imediatamente as medidas constitucionais protetivas da Nação e da República acionando as Forças Armadas do Brasil, instituição fundamental da Nação e pertencente ao Povo Brasileiro, por meio do Artigo 142 da própria Constituição Federal.
Brasília, DF 22 de dezembro de 2020
(Ato praticado sob o Direito Constitucional de Livre Expressão – Art. 5º e incisos correspondentes).
Movimento Federalista.
Há dois anos que circula nas redes sociais uma preciosa análise de nossa miséria política feita por um de nossos maiores juristas, Dr. Ives Gandra Martins, sobre a usurpação de competências levada a cabo diuturnamente pelo nosso Supremo em desfavor dos demais poderes, notadamente o Poder Executivo, eleito majoritariamente pelos cidadãos brasileiros. O vídeo pode ser conferido aqui e o leitor pode tirar suas próprias conclusões com o bom senso que se exige.
Bom senso e prudência de que carecem as torcionistas exegeses de nossa Lei Maior e resumem de maneira clara e objetiva o que o país precisa para superar, não apenas um ano de involuntárias dificuldades em escala mundial, mas décadas de más escolhas e consequências fatais geradas por certos ministros, com a cumplicidade do pleno de nossa Suprema Corte, e que tem condenado o país a um grande impasse civilizatório.
Em breves palavras nosso grande jurista explana o verdadeiro sentido do Artigo 142 que titula as FFAA como o poder moderador no caso de desordem institucional, exatamente para restabelecer a ordem constitucional que versa sobre a harmonia e independência dos poderes. Pois são as FFAA que têm como comandante o chefe do Estado brasileiro, para além de sua função de chefe de governo.
Nunca é demais termos consciência de que elegemos duas funções na mesma pessoa do Presidente da República, como manda a Constituição. Tanto o chefe de governo quanto o chefe de Estado, mas parece que só o primeiro está cumprindo o mandato.
Por conta disso, começo a me convencer de que trinta anos de hegemonia socialista e socialdemocrata no Brasil condicionaram turmas e turmas de militares de patente superior, não apenas a se omitir do dever de intervenção cívica na degradação de nossas instituições jurídicas e políticas, mas a serem cúmplices mesmo dos desmandos e abusos de seus malfadados representantes, de resto, os de nível mais baixo da história do país!
Pois foram trinta anos da mais sórdida campanha de demonização institucional levada a cabo pelas mesmas forças de esquerda que dominaram os aparelhos ideológicos do Estado, a imprensa falada e escrita e os estamentos burocráticos da academia e da justiça. Sim, pois quem tem realmente mandado no país tem sido a alta burocracia estatal esquerdista, civil e militar, exatamente para lhe eternizar a odiosa privilegiatura de um Estado cativo de seus interesses corporativos e não servidor do cidadão que lhe sustenta.
No entanto chega a ser um prodígio hoje em dia as FFAA serem reconhecidas pela opinião pública como uma das instituições de maior credibilidade nacional. O que, aliás, nossos historiadores ainda nos devem esclarecer: que “entendimento” teria havido entre a inteligência esquerdista e militar de outrora no sentido de trocar o prosseguimento da guerrilha comunista pela sua ocupação “pacifica” dos aparelhos ideológicos do Estado?
Na sua última entrevista nas redes sociais, a raposa felpuda de Bob Jefferson afirma que as FFAA não tomarão a iniciativa de intervenção no nosso degenerado Supremo. Mas, se insistirem em legislar como puxadinho de partidecos esquerdistas em minoria perdedora de votações nas casas legislativas, e o Senado de rabo preso não cumprir sua função de julgar os pedidos de impeachments de alguns de nossos sinistros, a iniciativa de enxotá-los de suas enlameadas togas terá de partir dos movimentos sociais, cabendo as FFAA apartar o impasse institucional e botar ordem na casa.
Pois o país não aguenta mais a sabotagem da autoridade do Poder Executivo pelo Judiciário, que custa a todos ficar à mercê de executivos mini ditadores municipais, promovendo a ruína da economia, a irresponsabilidade maníaca dos chefes de bancadas parlamentares que boicotam as reformas condenando a crescimento pífio toda uma nação.
Pois, os votos de prosperidade de um ano vindouro para toda a nação brasileira, passa necessariamente pelos votos de consciência cívica de cada uma das lideranças nacionais, sobretudo das FFAA, sobre o seu indelegável dever de agir contra a alta e sibilina delinquência e dos abusos de poderes do Legislativo e Judiciário nacionais.
Jorge Maranhão, mestre em filosofia pela UFRJ, dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão e é autor de “Destorcer o Brasil. De sua cultura de torções, contorções e distorções barroquistas“. Email: [email protected]
]]>As outras perguntas possíveis são igualmente elementares. O que a população brasileira teria a ganhar na prática com a permanência, até o momento ilegal, de Alcolumbre e de Maia nos seus empregos atuais? Nada, outra vez. Qual a grande emergência nacional que poderia recomendar uma mudança na Constituição para legalizar os desejos desses dois cidadãos? Nenhuma. Enfim: qual seria o motivo de interesse público, mesmo teórico, para justificar essa “reeleição”? Nenhum. Conclusão: a história toda deveria ser encaminhada para o arquivo morto, e não sair mais de lá. Só que não: os presidentes atuais do Senado e Câmara continuam sendo tratados pela mídia, pelo mundo político e pelas elites como dois imensos estadistas empenhados no melhor desfecho de uma grave questão nacional. Não há questão nacional nenhuma. Há apenas uma tentativa de atender a interesses individuais.
Nenhum dos dois, pelo que está escrito na lei, tem o direito de continuar no cargo. Alcolumbre, pelo menos, teve a sinceridade de admitir que está interessado no que é melhor para ele. Maia tem feito de conta que é apenas um patriota à espera de decisões superiores; tudo o que deseja é “cumprir a lei”, na condição de defensor número um do “estado de direito” que atribui a si mesmo. Assim sendo, o presidente do Senado pediu que o STF tomasse essa extraordinária decisão que frequentou as manchetes nos últimos dias: declarar que um artigo da Constituição é inconstitucional. O artigo em causa proíbe a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso, nas condições em que estão os mandatos de ambos.
Mesmo deixando de lado a questão central – a absoluta falta de sentido da reeleição –, deveria estar claro, de qualquer forma, que uma mudança na Constituição só poderia ser feita por emenda constitucional, e só os 513 deputados federais e 81 senadores têm o direito de aprovar emendas constitucionais. Mas não é desse jeito que as coisas funcionam no Brasil de hoje. O Poder Legislativo aceita, com perfeita passividade, a sua submissão ao Poder Judiciário; em consequência, faz o que o STF manda.
Os atuais presidentes do Senado e da Câmara, quando se esquece a conversa fiada, estão em busca de uma coisa só: a manutenção dos poderes, dos privilégios e da vida de sultão à custa de dinheiro público que a Constituição Cidadã lhes garante – vantagens turbinadas pelas constantes “releituras” da lei que os membros do Congresso vivem fazendo em seu próprio favor. O STF, naturalmente, não vai decretar a reeleição dos dois – ou pelo menos não se sugeriu essa saída até agora. Mas é um atestado do naufrágio do Congresso brasileiro que seus comandantes peçam que a lei seja violada – e entreguem o futuro do Poder Legislativo a onze cidadãos que nunca tiveram um voto na vida.
*JORNALISTA
E antes que algum de nossos supremos togados resolva me processar por ataque à “honra institucional” do Supremo Jeitinho, vou logo adiantando que minha livre expressão de opinião é garantida na Constituição que eles dizem defender e lhes é integralmente negativa.
Lamento, mas se dirige às pessoas de seus atuais ministros, mais conhecidos como ‘sinistros’ no território livre das redes sociais, e ocupantes temporários do Egrégio Pretório, e não contra a instituição em si que, de resto, estou para saber se pode mesmo merecer os atributos de alguma forma de honorabilidade, salvo por via de barrocas metonímias, figuras retóricas de duvidoso gosto e cabimento.
Pois o que define o capítulo V do Código Penal são os crimes contra a honra da pessoa tout court e, não por metonímico puxadinho, para entes inanimados e abstratos como quer o barroquista vício de transbordamento hiperbólico da retórica coletivista.
Pois coletivistas e socialistas, sejam carnívoros petistas ou vegetarianos peessedebistas, são a maioria dos supremos togados, indicados por escusos interesses politiqueiros de nossos últimos governantes esquerdopatas, passando longe de quaisquer resquícios de reputação ilibada ou notório saber jurídico.
Nomearam apenas os compadres de confiança. E aí, deu no que deu. A atual composição de nosso Supremo de Frango tem sido a mais desmoralizada da história em miríades de posts das redes sociais. Não fosse também o plenário de composição o mais medíocre da história da instituição, desde o Império.
Vide, a título de mero exemplo, a composição dos ministros da Casa de Suplicação, antecessora do atual Supremo, no período imperial de nossa história – para não falar do Senado Federal ou do Conselho de Ministros, com estadistas do porte de um José Bonifácio de Andrada e Silva, cientista-membro das academias de ciências da Alemanha, Inglaterra e Áustria.
Ou Joaquim Nabuco, fundador da Academia Brasileira de Letras, correspondente na Inglaterra e embaixador dos Estados Unidos. Ou mesmo José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, economista introdutor do pensamento de Adam Smith no Brasil e, como jurista, primeiro tradutor da obra de Edmund Burke para o português.
Um dos mais evidentes sinais da decadência cultural que trinta anos de ocupação de poder nos legou às hostes governantes esquerdistas brasileiras é a tentativa de explicação do atual encarregado das eleições municipais sobre ataques cibernéticos, justificando mais um inquérito aberto pela Policia Federal – uma vez que a explicação para a lambança da totalização centralizada e travada das eleições municipais deste ano não convenceu ninguém, provocando apenas memes de chacotas das mais risíveis nas redes sociais.
Uma das mais sagazes explica a diferença entre a fraude eleitoral americana e a fraude eleitoral brasileira. A primeira, termina na Suprema Corte americana, enquanto a daqui do Brasil começa na Suprema Corte. Assinado, o cidadão curitibano Roberto Legey, conhecido ativista com milhares de seguidores nas redes sociais.
O que nos leva ao senso comum de que o grande problema do Brasil é que as soluções para os problemas criados pela obesa alta burocracia estatal são sempre parte do problema, e jamais uma solução. Ou, como no dito popular, pior a emenda que o soneto.
E o circo deve continuar mais animado ainda para este segundo turno no que tange a acirrada disputa, sobretudo nas capitais do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pernambuco.
A esquerda prometendo mundos e fundos na maior cara de pau, apostando na memória curta do eleitorado e na falta de cobrança de promessas ocas no decorrer dos mandatos por uma criminosa parcialidade da grande mídia profissional, e dos deformadores de opinião da academia infiltrada de ativistas progressistas.
Segundo a economista Zeina Latif, no Estadão, as promessas de Guilherme Boulos, por exemplo, são inexequíveis. O jovem demagogo, tido como o novo Lula da atual geração, reproduz o discurso da velha esquerda que não acredita em restrição orçamentária e acha que tudo se resolve com mais recursos caídos dos céus.
A lista de promessas de campanha é inexequível, pela escassez dos orçamentos públicos e, acima de tudo, por contemplar medidas tecnicamente equivocadas. Para cobrar a dívida ativa, em boa medida irrecuperável neste país de crises frequentes, Boulos promete contratar mais procuradores.
Para reduzir a população de rua, propõe usar a rede hoteleira e contratar mais agentes de assistência social. Para a segurança pública, mais policiais. Para a saúde, mais médicos. E por aí vai. Soluções de aparelhamento da máquina pública, jamais inovadoras.
UQuando a direita não cumpre com seu dever de explicitar a verdade dos números, a esquerda vence com a farsa retórica barroquista! Ou aprendemos esta amarga lição da história das democracias, ou continuaremos a marchar um passo à frente e dois outros atrás.
]]>