Banco Mundial lança o projeto The Grand Corruption Cases Database

Banco Mundial lança o projeto The Grand Corruption Cases Database

Acaba de ser divulgado pelo Banco Mundial os resultados de uma nova pesquisa sobre os grandes casos recentes de corrupção em todo o mundo. O projeto “Banco de Dados sobre os Grandes Casos de Corrupção” (no original, “The Grand Corruption Cases Database”) é uma lista que reúne informações de casos em que foram comprovadas movimentações bancárias de pelo menos 1 milhão de dólares relacionados à corrupção e lavagem de dinheiro.

Infelizmente, o Brasil “comparece” na lista com quatro notórios personagens: Edemar Cid Ferreira (ex-proprietário do Banco Santos), Daniel Dantes (banqueiro, dono do Grupo Opportunity), Rodrigo Silveirinha (acusado de envio ilegal de dinheiro para a Suíça) e, claro, o polêmico Paulo Maluf, deputado federal e procurado pela Interpol, que aparece na lista do Banco Mundial duas vezes. Uma, ao ser acusado pelo procurador-geral de Nova York de movimentar 140 milhões de dólares de modo suspeito. Em outro processo, é acusado de desviar dinheiro de pagamentos fraudulentos para bancos em Nova York e no Reino Unido.

Em se tratando de Maluf, polêmica é a especialidade da casa. Seu último caso foi a foto tirada semana passada junto ao ex-presidente Lula e o candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Hadad. Grande parte da mídia se apressou em tratar o episódio como uma vitória da corrupção, como se a sociedade – até por um suposto traço cultural – não soubesse ou não pudesse distinguir o que é a corrupção. Pior, como se não pudesse fazer a distinção entre o privado e o público e não soubesse pesar os crimes cometidos numa ou noutra esfera.

Essas afirmações são apressadas e acabam por causar o efeito de desmobilizar a sociedade menos consciente, que fica com a impressão de que não há o que ser feito, e que no “Brasil as coisas são assim mesmo”. Cabe aqui o alerta: a generalização da corrupção só interessa aos próprios corruptos e sua aposta na desmobilização da cidadania e, por consequência, na impunidade.

Pois nos últimos três anos, pelo menos, temos mais e mais mostras cabais de que a sociedade está atenta e a cada dia aumenta a sua percepção sobre a importância do combate à corrupção, principalmente relacionada à coisa pública. Não só tivemos o marco da aprovação da Lei da Ficha Limpa, mas também temos tido recorrentes manifestações contra a corrupção.

E cabe à mídia fazer repercutir esses casos, bem como a nossa academia de parar de generalizar, numa “antropologia de botequim” ou numa “psicanálise selvagem”, ao afirmar que a transgressão é traço cultural de nosso caráter!

Este ano mesmo, em maio, tivemos um dos maiores feitos da cidadania recente, que foi a realização da primeira Consocial. E apenas alguns setores mais conscientes da mídia a cobriram com destaque. E em novembro deste ano, o Brasil vai sediar um outro grande evento internacional de combate à corrupção, o IACC (International Anti Corruption Conference).

Esperamos toda a mídia por lá!

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