Artigo – “Conjuntura Brasileira em 2019”, por Mario Guerreiro

Não se pode falar de nenhuma conjuntura estritamente se atendo à mesma, porque suas causas nos remetem ao passado e seus possíveis efeitos ao futuro próximo. Diante disso, não iremos retroceder aos tempos de Adão, nem fazer especulações da vida humana em Marte, mas faremos breve observações sobre o passado recente e o futuro próximo.

Comecemos analisando a campanha para Presidente do atual País. De um lado, havia um candidato atípico em toda a História do Brasil: Jair Bolsonaro. Embora tivesse quase 30 anos como parlamentar e tivesse pertencido a vários partidos, não tinha encontrado uma legenda para concorrer.

Fosse nos EEUU, ele poderia ter se lançado como candidato avulso, como acredito que teria sido sua vontade, e como foi a de Ross Perrot, candidato avulso a Presidente americano. Infelizmente, no Brasil a legislação eleitoral permite até que um candidato eleito se desligue de seu partido e continue atuando no Congresso como avulso, mas não permite que ele lance sua candidatura, ainda que após uma legislatura, sem estar em um partido.

Os outros candidatos eram típicos: Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Álvaro Dias (Podemos). Com a exceção de Dias, Todos os três eram de esquerda, com a diferença de que Haddad, um candidato insosso, tinha sido um “poste” de Lula e continuava sendo. Marina, ex-Ministra de Lula, era uma dissidente do PT e uma “melancia” (verde por fora, mas vermelha por dentro) e Ciro Gomes, também ex-ministro de Lula, era o “garoto maluquinho” sem nenhum compromisso com a coerência e extremamente agressivo, coisa que lhe valeu o apelido de “Tiro Gomes”.

Estavam ainda correndo neste páreo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (Podemos), candidatos que se apresentavam como de centro-direita e como uma alternativa de oposição ao PT e aos outros candidatos de esquerda. Alckmin era Geraldo e não José Maria Alckmin. Se eram parentes, não sei, mas o novo Alckmin se parecia muito com o velho político mineiro, símbolo da famosa “mineirice”: “Não sou a favor nem contra, muito pelo contrário”.

Confesso que já votei em Alckmin e não se arrependi, porque ele era o candidato menos ruim como uma alternativa para Lula, mas fiquei profundamente decepcionado quando ele, em sua campanha, desenvolveu um discurso muito parecido com o discurso petista, chegando mesmo a beijar criancinhas e proclamar que jamais privatizaria a Petrobras. Para mim, esta foi a pá de cal. Mas mesmo assim, votei no candidato supervaselina somente porque a outra opção era Lula. E como costumo dizer: Se o outro candidato é Lula, voto até mesmo no Capeta!

E parece que a maioria dos eleitores, apesar de dar seu votos a Lula, pensou algo parecido com o que pensei. Alckmin, o “Picolé de Chuchu”, conseguiu realizar uma proeza inédita em eleições para Presidente do Brasil. Teve muito menos votos no segundo turno! Unbelievable!

Como sabemos, o segundo turno funciona como um plebiscito em que os eleitores se encontram diante de uma disjunção exclusiva, mas não exaustiva, dada a opção do voto nulo. O que pesa mais é o índice de rejeição, ou seja: Qual o candidato que você não votaria de jeito nenhum? Para a maioria dos eleitores, este candidato foi Alckmin, mas para mim foi Lula. Alckmin foi o Capeta.

Havia ainda o senador Álvaro Dias (Podemos) como candidato. Ele havia se destacado no Senado como um crítico competente e feroz do petismo. Além disso, não havia nada que o desabonasse, como seu nome na Lava Jato por exemplo. Por que não votar nele? Parece que não inspirou credibilidade nos eleitores, uma vez que a votação nele foi pífia, ficando atrás mesmo do garoto maluquinho de Sobral (CE).

Eu teria votado nele, se não fosse minha firme decisão de votar em Bolsonaro. Nos primeiros momentos, confesso que fiquei em dúvida. Mas quando ele anunciou que seu Ministro da Fazenda seria Paulo Guedes, conhecido Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, tão liberal como a maioria dos formados por aquela universidade, tomei minha decisão: votei em Bosonaro. E não me arrependi como em eleições passadas em que votei em Collor e em FHC, simplesmente por exclusão do pior: Lula.

Tive minhas dúvidas a respeito de Bolsonaro baseadas em sua atividade como Deputado Federal. Por um lado, a exemplo de Álvaro Dias, ele sempre foi um duro crítico de Lula e do PT. Mas por outro, mostrou-se alinhado com o pensamento militar. Não tenho nenhuma rejeição ao regime militar de 1964 a 1985, uma vez que a outra opção seria o anarco-sindicalismo de Jango. Continua válida a lógica do menos ruim!

Meu grande temor era a estatolatria do regime militar elevada a terceira potência pelo regime petista, ainda que com um matiz diferente. No seu alinhamento com o regime militar, Bolsonaro se mostrava como um nacionalista tão estatólatra quanto Enéas Carneiro. Mas ele foi mudando em sua campanha e se mostrando cada vez mais próximo do liberalismo econômico, coisa que não é incompatível com o conservadorismo, como já mostrei em um artigo para o Banco de Idéias, revista de orientação liberal.

Durante a campanha eleitoral tive grande apreensão, pois temia que meu candidato não conseguisse derrotar o “mecanismo, ou seja: a grande máquina de um Estado aparelhado pelo PT aliada ao establishment altamente corrupto.  Consultava as pesquisas eleitorais, mas não confiava mais nelas desde que uma candidata como Dilmandona tinha sido eleita.

Mas quando Bolsonaro disse que seu Ministro da Fazenda seria Paulo Guedes, todas minhas duvidas se dissiparam: ele estava alinhado com a economia aberta, coisa incompatível com o patrimonialismo e com a Estatolatria. E Bolsonaro foi para o segundo turno, juntamente com Haddad. Assim sendo, eu votaria nele por exclusão do poste de Lula, mas votei nele porque apresentava boas ideias: defendia ardorosamente a Lava Jato, o combate implacável à corrupção, era contra o toma lá, dá cá, enfim isso não era tudo, mas era necessário como ponto de partida.

Como era de se esperar, seus adversários, por diferentes motivos, se uniram contra ele. Uma ampla campanha de calúnias e difamação se alastrou pelo país. Apesar de ter maioria no Congresso, tinha contra ele uma oposição em uníssono. O Poder Judiciário, mais especificamente o STF não nutria a menor simpatia por ele, a grande mídia, ao contrário dos sites e blogs da Internet, em sua maioria, aliou-se à classe artística e intelectual contra Bolsonaro.

Contra tudo e contra todos, ele continuou no seu caminho e já fez algumas realizações importantes em seis meses de governo, apesar da grande mídia vociferar a ideia de que seu governo não fez nada e que Bolsonaro gosta mesmo é de pescar. A grande mídia só não esconde o que não pode esconder. Por exemplo: a primeira votação vitoriosa da reforma de Previdência e a preparação para a reforma tributária.

Devemos ter em mente que não é nada fácil ter contra si o STF, o Centrão, o PT e partidecos linhas auxiliares, isto para não falar nos quinta colunas infiltrados no seu próprio partido. E ainda tem mais: a grande mídia, aliada das esquerdas, não noticia nenhuma das realizações do governo Bolsonaro, mas fica espezinhando o Presidente com pequenas coisas da vida cotidiana totalmente carentes de relevância política.

Muitos não se dão conta de que Bolsonaro recebeu uma herança maldita de Dilmandoma, encontrou um país arrasado moral , social e economicamente.  O Estado tinha sido amplamente aparelhado pelo PT, de modo tal que Bolsonaro é boicotado dentro do governo por funcionários petistas, desde aspones e contínuos até caciques vermelhos.

O fato é que a conjuntura atual é uma guerra cultural, a mesma que os militares vencedores das guerrilhas – tipo de guerra para a qual foram bem treinados – perderam para os comunistas por não estarem preparados para combater. Guerrilhas e atentados terroristas podem e devem ser combatidos com fuzis, mas ideologias devem ser combatidas com ideologias contrárias, não por uma visão desejosa de isenção aliada a uma visão tecnocrática da ação política.

Venha o que vier, Bolsonaro continuará em seu caminho por um Brasil próspero e sem corrupção. Os cães ladram, mas a caravana passa. Acredito que se trata do início de uma nova era. Direita volver! Vamos adiante, capitão!

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