AMB lidera debate sobre a interferência do Executivo no Judiciário

Num país onde o Judiciário é lento porque a União é ré da maioria dos processos, o Legislativo usurpa o poder do Judiciário e o Executivo não executa, mas legisla por medidas provisórias – e brinca de “dono” dos outros dois -, vemos crescer o debate em torno da independência dos poderes, em especial do Judiciário.

Uma das principais polêmicas envolvendo o poder tem sido a das regras para nomeações de magistrados para os tribunais superiores. Pelas regras atuais, é o próprio Presidente da República quem nomeia todos os integrantes das instâncias superiores. Para muitos magistrados, isto acaba sendo uma indesejável intervenção de um poder no outro. O próprio presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, a AMB, Mozart Valadares, acredita que “hoje, o sistema concentra muito poder no Executivo e abre espaço para que se questione a independência e a imparcialidade dos tribunais, o que é ruim para a imagem do Judiciário”.

E é justamente para tornar esse debate o mais aberto possível que a própria AMB está neste momento promovendo em Brasília o seminário “A participação do Executivo na composição dos Tribunais”, com a participação de juristas, parlamentares, especialistas e ministros de tribunais superiores. O evento foi aberto ontem e hoje temos três painéis: “Acesso aos Tribunais Superiores”, “Acesso aos Tribunais Regionais Federais” (que está acontecendo neste exato instante), e, por último “Acesso às cortes brasileiras por meio do Quinto Constitucional”, que começa daqui a pouco, a partir das quatro e meia da tarde.

Para se ter uma idéia da importância com que as associações e membros do Judiciário estão encarando a questão, neste evento da AMB estarão presentes as entidades mais atuantes do setor, como a Associação dos Juízes Federais-Ajufe, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público-Conamp, e a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, além de diversas entidades regionais da magistratura.

No que se refere à cidadania esta é uma das questões mais importantes em relação ao Judiciário. Como a nossa própria Constituição determina, os três poderes devem ser autônomos e independentes mas o que vemos hoje são práticas e regras arcaicas, como a da quase vitaliciedade de um ministro de tribunal superior no cargo. Pelo modelo atual, os ministros somente deixam o cargo ao completarem 70 anos. Se fossem eleitos para mandatos menores – seja de seis anos ou onze, como alguns propõem – teríamos uma renovação continuada de idéias e conceitos, o que somente traria benefícios para toda a sociedade.

O próprio Judiciário tem feito grandes avanços nesse sentido, como desenvolvendo novos procedimentos para agilização de processos e campanhas de incentivo, como o prêmio Innovare que homenageia os juízes que mais contribuem para a melhoria dos serviços prestados.

Pois o debate está lançado e é de interesse muito especial para todos os cidadãos. Quem estiver em Brasília, ainda dá tempo de acompanhar o terceiro painel do evento da AMB, que está acontecendo no Auditório Minas Gerais do Kubitschek Plaza Hotel, na Asa Norte.

Deixe um Comentário

Você precisa fazer login para publicar um comentário.