A Petrobras e a imprensa

Não é de hoje que a Petrobras vem sendo o centro das atenções da imprensa e da cidadania. Infelizmente, não pelas fabulosas descobertas pré-sal ou pelo gigante do setor de petróleo e gás que se tornou, mas pela falta de transparência dos custos praticados, pelos nebulosos repasses milionários a ongs ligadas a membros do governo e pelo virtual aparelhamento de seus quadros. E, agora, também por seu desrespeito aos veículos da imprensa, com o lançamento de um polêmico blog dedicado responder o que a estatal chamou de tentativa dos meios de comunicação de “distorcer fatos e levar aos leitores informações incompletas”.

Já em nota de esclarecimento público, um anúncio pago veiculado dia primeiro de junho em jornais de grande circulação, a Petrobras incorria, conscientemente ou não, em um desentendimento bastante disseminado. Ao dizer que a população brasileira é representada “pelo governo acionista majoritário da empresa”, os conceitos de Estado e governos se fundem perigosamente num só. Na verdade, o acionista majoritário de uma empresa como a Petrobras, que deve ser mais pública que estatal, não são os governos de ocasião, e sim a União, representada pelas instituições de Estado. É a tentação totalitária de achar que governos são a própria sociedade e não apenas sua representação temporária.

Em outro ponto, nova confusão, desta vez sobre o conceito da verdadeira cidadania. A empresa alega ter investido 225 milhões em projetos de cidadania e responsabilidade social. Como temos alertado aqui em nossos comentários, via de regra confunde-se cidadania com meras ações de assistência social, culturais e até esportivas. Quando, na verdade, a plena cidadania envolve o controle social sobre mandatos, governos e, principalmente, sobre o que se faz com o dinheiro do Estado, que não é de governos, mas, sim, público, de todos. Justamente o que a Petrobras parece vir evitando nos últimos tempos.

A criação do blog “Fatos e Dados” para supostamente divulgar a íntegra das respostas enviadas aos jornalistas, e que estariam sendo manipuladas, não passa de uma tentativa de contra-informação de um gigante que acredita estar acima das leis e até do Estado. Na verdade, que está sendo “mais realista que o rei”, pois até o presidente Lula já afirmou que “a Petrobras não pode ser maior que o Brasil”.

Mais um que, na verdade, parece estar “se lixando” para a opinião pública. Aliás, a opinião de seus verdadeiros donos, os cidadãos brasileiros – através da União – e os seus acionistas, brasileiros ou não.

Aqui na Voz do Cidadão preparamos uma análise dos principais pontos da nota de esclarecimento público da Petrobras. Leiam e reflitam.

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