Uma semana para entender o Brasil

Deixando um gostinho de “quero mais”, domingo passado foi encerrada a magnífica Semana Armorial. Composta de exposições cenográficas, de artes plásticas, oficinas de pintura e poesia, aulas-espetáculos, cinema, documentário, lançamentos de livros e concertos musicais, a Semana foi organizada em homenagem a um de nossos maiores escritores vivos, o paraibano Ariano Suassuna.

Foi bom ver tão bem representada essa busca de Ariano por nossas raízes culturais, principalmente na pouco compreendida micro-série da TV Globo “A Pedra do Reino”. Pois ainda que alguns tenham feito muxoxo, dizendo não ter entendido muito bem sua narrativa entrecortada, o importante é que se levou adiante o projeto, presenteando os cidadãos com essa obra única.

Ao lado de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Darcy Ribeiro, Ariano Suassuna é um dos grandes intérpretes da brasilidade, cuja obra e pensamento são fundamentais para conhecermos nossas origens e compreendermos nossa identidade cultural, primeiro passo para transformar nossa cultura de impunidade e ilegalidade numa verdadeira cultura de cidadania. Pois não sabe o que quer quem não sabe o que é. Como não sabemos se queremos mesmo uma república ou um patriarcado.

Afinal de contas, neste momento crucial de nossa história, onde estamos empacados na encruzilhada sem saber que caminho tomar, sem saber o que queremos continuar na mediocridade dos maus costumes políticos dos traidores de nossa representação política, ou se queremos construir uma nova e revigorada república forte e democrática, justa e transparente, é fundamental se entregar a nossa própria identidade, a conhecer e sentir na carne os espíritos de que somos feitos, as crenças de que somos herdeiros, os costumes a que nos rendemos.

Pois dentre os vários produtos culturais dessa oportuna Semana Armorial, vale a pena ler o roteiro explicativo do ABC de Ariano Suassuna de Bráulio Tavares, escritor, roteirista da própria minissérie, pesquisador e biógrafo de Ariano. Neste pequeno e precioso livro vamos entender os pontos-chave da narrativa fantástica d’A Pedra do Reino. O quanto ela tem a ver com a própria vida do romancista na sua profunda identificação com o personagem principal Quaderna. E de sua própria orfandade, poderemos tirar o entendimento de nossa própria orfandade coletiva, enquanto povo desprovido de liderança respeitável, de exemplaridade e de caminhos a seguir, fora o Deus de cada um, a pitada de fé de cada qual, e os falsos profetas de sempre.

Vocês podem conhecer um pouco mais do livro ABC de Ariano Suassuna, numa completa resenha que está à disposição em nosso portal. Para conhecer e refletir sobre or rumos da nossa urgente luta pela cidadania. E lembrar um pouco mais do legado desta Semana Armorial, que terminou apenas anteontem mas que já deixa uma saudade grande.

Participem!

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