Mercador de Veneza – o Estado e a livre iniciativa

Está em cartaz nos cinemas a primeira adaptação para cinema da famosa comédia de William Shakespeare, “O Mercador de Veneza”.

A história se passa na cidade de Veneza, no século XVI, o jovem Bassanio pede ao rico Antonio o empréstimo de três mil ducados. Embora rico, todo seu dinheiro está comprometido em empreendimentos no exterior. Assim Antonio recorre ao judeu Shylock, que a tempos esperava uma oportunidade para se vingar. O agiota impõe então uma condição absurda: se o empréstimo não for pago em três meses, Antonio dará um pedaço de sua própria carne a Shylock. A notícia de que seus navios naufragaram deixa Antonio em uma situação complicada, com o caso sendo levado à corte para que se defina se a condição será mesmo executada.

Há quem diga que se trata de uma comédia no limite da tragédia deste que foi o maior dramaturgo de língua inglesa, ou uma das maiores tragicomédias de William Shakespeare. Nesta versão atual para cinema, Al Pacino, interpretando o judeu Shylock, rouba a cena do próprio Jeremy Iron, que faz o papel do mercador D. Antonio.

É interessante saber também que foi desta peça de Shakespeare que o paraibano Ariano Suassuna tirou idéias para escrever “O Auto da Compadecida”, que foi adaptado para o cinema por Guel Arraes.

Pois bem, quatro séculos se passaram da estréia da peça de Shakespeare e, para além da contenda entre o cristão D. Antonio e o judeu Shylock, voltamos a discutir basicamente as mesmas questões colocadas de maneira tão arguta pelo bardo inglês: os limites das leis do Estado diante dos direitos da livre cidadania. O respeito e a garantia dos contratos, os direitos humanos das minorias étnicas e dos estrangeiros, o papel da justiça, o anti-semitismo, o limite dos juros e os valores da liberdade, da eqüidade e da iniciativa diante das paixões humanas como a vingança, a usura, o amor, a sabedoria e o poder.

Mas sobretudo o discurso de Shylock sobre a função da justiça e suas contradições tem inspirado os maiores autores da moderna filosofia do direito, o que torna este drama de Shakespeare singularmente importante do ponto de vista da cidadania.

Aqui em nossa Agenda da Cidadania, vocês encontram mais detalhes sobre o filme, com fotos e a ficha técnica, além de links para sites especializados. Aproveitem para conhecer o filme, que está em suas últimas semanas de exibição.

E participem!

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