Discurso de posse de Obama defende cidadania e transparência

Para além da mensagem conclamando americanos para encararem o desafio de reconstruir um país abalado por 8 anos de uma administração desastrosa, o discurso de posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, merece nosso comentário por seu conteúdo de valorização da cidadania e da transparência e resgate do respeito no trato com a coisa pública.

Em algumas passagens, o novo presidente procura acentuar a importância do controle social sobre os gestores públicos, fazendo um mea culpa em nome de todos os cidadãos americanos: “Nossa economia está enfraquecida em consequência da ambição e da irresponsabilidade da parte de alguns, mas também por nossa falha coletiva ao fazer as escolhas necessárias para nos preparar para uma nova era. ” Lá, como aqui, déficit público significa na verdade déficit de cidadania.

Até o adequado equilíbrio entre deveres e direitos dos cidadãos – fundamental para a plena cidadania – não foi esquecido, como neste trecho: “O que é pedido a nós agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento por parte de todo americano, de que temos deveres para com nós mesmos, nossa nação e o mundo, deveres que não aceitamos rancorosamente, mas que, pelo contrário, abraçamos com alegria, firmes na certeza de que não há nada tão satisfatório para o espírito e que defina tanto nosso caráter do que dar tudo de nós mesmos numa tarefa difícil. Esse é o preço e a promessa da cidadania.” Ou seja, responsabilidade social sem responsabilidade política não passa de demagogia.

Cabe aqui estender um pouco o comentário de Roberto DaMatta em recente artigo nos jornais. DaMatta observa que, nos Estados Unidos, é usado o termo “inauguration” (inauguração) e não “posse”, como usamos aqui. É interessante o uso da palavra “inauguração” para um cargo público. A palavra vem de “áugure” que eram os sacerdotes que forneciam os presságios que asseguravam o crescimento de um empreendimento. Um voto de confiança para alguém que reconhecidamente tem uma habilidade importante para a coletividade. Ao contrário, em nossa cultura, o ocupante de uma função política – que, por definição é temporária – “toma posse” deste cargo, como se a partir daí ele tivesse um título de propriedade definitiva sobre ele.

Para quem quiser conhecer a íntegra do discurso de “inauguração” de Barack Obama, acesse o nosso www.avozdocidadao.com.br. Fizemos inclusive algumas marcações, em trechos que consideramos importantes para o estudo da cultura de cidadania num país onde o debate sobre o tema é público. Para quem quiser assistir, temos um link também para o vídeo do discurso (em inglês). Conheçam e repassem para sua lista de contatos!

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